10 curiosidades sobre os misteriosos farricocos da Procissão do Fogaréu

Tem gente que tem medo, tem gente que sonha em ser um

Kenji Takahashi
Por Kenji Takahashi
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1 | Soldados

Eles participam do Fogaréu, que acontece na Cidade de Goiás, interpretando os soldados romanos que prenderam Jesus na noite da Santa Ceia. No final da Idade Média e início da Moderna, o farricoco possuía um caráter de penitência e estigmatização. Sua presença nas procissões estava relacionada à expiação pública de faltas cometidas e ser farricoco era ser portador de um estigma;

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Foto: Curta Mais/Marcos Aleotti.

2 | Identidade Secreta

Faz parte da tradição manter o sigilo sobre a identidade dos participantes, até mesmo pelo fato de terem os rostos cobertos pelas máscaras o tempo todo! Não importa o calor; o importante é seguir a tradição do anonimato, conforme é feito também por penitentes públicos de países da Europa. O ato de penitência deve ser mantido em sigilo e nunca se vangloriar dele, como demonstração de humildade e resguardo;

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Foto: Curta Mais/Marcos Aleotti.

3 | Invenção

Tudo começou em 1785, com a iniciativa de um padre espanhol na Cidade de Goiás e voltou a acontecer em 1965, pela Organização Vilaboense de Artes e Tradições (Ovat);

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Foto: Curta Mais/Marcos Aleotti.

4 | 3 toques

Os farricocos estão prontos para seguir três diferentes ritmos de caminhada durante a procissão, que aumentam o ritmo conforme seguem o trajeto de pedras, sempre embalados pela música da fanfarra;

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Foto: Curta Mais/Marcos Aleotti.

5 | Quantos são?

O número é o mesmo desde sempre: 40 farricocos saem em caminhada a meia-noite da quarta-feira da Semana Santa;

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Foto: Curta Mais/Marcos Aleotti.

6 | Ku Klux Kan?

Eles até lembram os integrantes da Ku Klux Kan, mas não têm nada a ver com eles. Ainda bem! Os seus chapéus servem como uma alusão aos galhos das árvores, que crescem apontando para o céu. Outro sentido para os chapéus em forma de cone é a evocação de uma aproximação do penitente ao céu;

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Foto: Curta Mais/Marcos Aleotti.

7 | Trajeto

Eles saem da Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, seguem para a Igreja Nossa Senhora do Rosário, encenando aí a Última Ceia e continuam até a Igreja São Francisco de Paula. É no ponto final do trajeto que acontece uma celebração religiosa em que uma imagem de Jesus Cristo é hasteada;

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Foto: Curta Mais/Marcos Aleotti.

8 | “Farricofobia”

Pode parecer loucura, mas tem gente que não gosta nada dos Farricocos, especialmente as crianças. Só quem já ouviu dos pais que vão ser levados embora pelos farricocos sabem o que é medo!

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Foto: Curta Mais/Marcos Aleotti.

9 | Descalços, coloridos, encapuzados

Eles sempre andam descalços, mesmo sobre o chão de pedras da Cidade de Goiás. Isso faz parte do ato de penitência realizado pelos Farricocos. Já as roupas coloridas são tradição e nunca passam em branco! A seguir, um breve traçado histórico que vai lhe explicar direitinho o quão antiga e tradicional é a vestimenta dos farricocos.
“Na Idade Moderna (séculos 15 a 18), em algumas partes de Portugal e Espanha, o farricoco estava associado à penitência, a uma punição imposta àqueles que não seguissem as determinações da Igreja. Nas procissões que iam pelas estradas de pedras, à luz dos archotes, os cavaleiros das irmandades iam vestidos de roupas de seda, com espadas de prata e alamares, cheios de pompa e luxo na busca do Cristo, com o objetivo de aprisioná-lo. Junto deles iam os “desviantes”, vestidos com roupas de lá grosseira, como os pescadores, e com um capuz com chapéu em forma de cone, que devia ser usado pelos “condenados”, correndo descalços para acompanhar os cavalos. Era uma forma de os penitentes expiarem seus pecados sem ter que revelar publicamente sua identidade.
Com o passar do tempo, na Espanha, os farricocos passaram a ser responsáveis por manter a ordem, afastando as pessoas do caminho, ora anunciando a procissão com o uso de matracas, ora fustigando com um comprido relho os que impediam sua marcha.”
Texto retirado da nossa matéria fotográfica sobre a procissão de Fogaréu.

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Foto: Curta Mais/Marcos Aleotti.

10 | Eu quero ser um farricoco!

Se você quer ser um deles, prepare-se para um mar de emoções! Os relatos de quem já foi um farricoco são vários e dentre eles se destacam a sensação de calor (já era esperado, né?), de receio (todo cuidado é pouco para não queimar as vestimentas dos colegas), de emoção (especialmente para quem participa pela primeira vez) e nervosismo (nada de errar o trajeto ou esquecer a encenação).
Segundo organização do evento, para ser um farricoco é preciso ter em média 1,70 de altura e adicionar o seu nome à lista de espera para as próximas edições do evento, por meio do email [email protected]. Boa sorte!

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Foto: Curta Mais/Marcos Aleotti.

Imagens retiradas da nossa matéria fotográfica sobre a procissão de Fogaréu.