Autismo: um mergulho em um universo infinito e particular

Não dá para limitar esse transtorno a um maior isolamento social

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Os sinais aparecem nos primeiros anos de vida. Estão no atraso da fala, nos comportamentos repetitivos, no desvio do olhar. O chamado Transtorno do Espectro Autista atinge 1% da população global, segundo a Organização Mundial de Saúde, e o número de diagnósticos está crescendo. O último relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos mostrou um aumento de 15% no número de crianças autistas. Em 2016, uma a cada 68 crianças tinham o transtorno. Hoje, esse número caiu para a alarmante marca de uma a cada 59.

Na média funcionalidade, o paciente tem dificuldade de se comunicar e repete comportamentos. Já na alta funcionalidade, esses mesmos prejuízos são mais leves, e os portadores conseguem estudar, trabalhar e constituir uma família com menos empecilhos. Há ainda uma categoria denominada savant. Ela é marcada por déficits psicológicos, só que com uma memória fora do comum, além de talentos específicos.

Que fique claro: os autistas apresentam o desenvolvimento físico normal. Mas eles têm grande dificuldade para firmar relações sociais ou afetivas e dão mostras de viver em um mundo isolado.

O pequeno Marcelo tinha apenas um um ano e meio quando a funcionária pública Roberta Vasconcellos recebeu o diagnóstico do filho. A família viveu o momento difícil sem se recolher. Pesquisou sobre o assunto, procurou um tratamento multidisciplinar e partiu para a ação. “A gente já contou para a família inteira, já chegou na escola falando. Esse compartilhar com todo mundo foi muito bom para mim porque, aos poucos, eu fui conseguindo ressignificar o que seria isso na nossa vida”, revela em entrevista a TV Brasil.

Marcelo e a mãe, Roberta VasconcellosImagem: TV Brasil

Temple Grandin, cientista, Ph.D. em zootecnia dá aula na Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, visita fazendas, presta consultoria ao governo, faz palestras e escreve livros — o mais famoso, a autobiografia Uma Menina Estranha, que já virou filme. Quase não sobra tempo para essa mulher de 68 anos, que revolucionou a forma de tratar animais de abate a fim de diminuir o sofrimento deles, lembrar que é autista. “O autismo é parte do que sou, mas não deixo que ele me defina”, afirma Temple em sua nova obra, O Cérebro Autista — Pensando Através do Espectro (Ed. Record).

Imagem relacionadaCientista Temple Grandin

Assim como Temple Grandin, algumas personalidades geniais possivelmente foram exemplos de casos de portadores do TEA, entre elas podemos citar: Isaac Newton, Vincent Van Gogh e Bill Gates. Pessoas excepcionais que tinham talento, visão e conhecimento. Autismo não é o fim de tudo; para eles, foi só o começo.

Não é fácil imaginar como outras pessoas veem ou sentem o mundo. É ainda mais complicado imaginar como uma pessoa com autismo vê o mundo, como ela percebe o mundo, como sente as coisas, o que ela pensa quando as coisas ao seu redor acontecem. Autistas são pessoas especiais com noções do mundo sentidas na pele, no toque, no som e na fala. O isolamento social é comum por conta disso. Eles sentem o universo e possuem um infinito particular que leigos jamais conseguirão chegar. 

O ponto chave para compreensão do autismo é o entendimento da heterogeneidade da doença. É necessário perceber que cada indivíduo possui características únicas, e assim possibilitar que eles sejam incluídos e acolhidos na sociedade de modo a proporcionar-lhes maior desenvolvimento e qualidade de vida.

Com informações da Agência Brasil e do canal Deficiente Ciente