Conheça por dentro a Catedral Metropolitana de Goiânia, uma verdadeira obra de arte da arquitetura eclética em Goiás

A construção tem influência de alguns estilos europeus da arte sacra moderna, como o neorromântico, neobasilical, neogótico

Redação Curta Mais
Por Redação Curta Mais
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Um misto de fé, história e a arte da arquitetura moderno-eclético. A Catedral Metropolitana de Goiânia é uma igreja marcada pela beleza e imagens desenhadas delicadamente nas paredes e janelas. Com influência de alguns estilos europeus da arte sacra moderna, como o neorromântico, neobasilical, neogótico. Alguns chegam a entrever nas alterações que sofreu a planta original, o desejo de colocar na obra alguma coisa do estilo art déco, usado nos prédios da Praça Cívica, como marca de Goiânia, embora o estilo não tenha exercido nenhuma influência na arte sacra. Há quem associe a torre da Catedral a características das primeiras construções da capital.

No início das obras, o arcebispo queria localizar a igreja bem na ponta da quadra, voltada para a Rua 20. Ele desejava que os lotes que davam para a Rua 19 não fossem atingidos pela construção. Mas o então governador Coimbra Bueno, que era perito no assunto, convenceu-o a localizar a igreja no centro da quadra, tornando-a a mais destacada das construções vizinhas. A obra ficou alguns anos só nos alicerces e, em 1949, durante o paroquiato do padre José Quintiliano, teve início o levantamento das paredes.

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Criação da paróquia

O Decreto da criação da Paróquia de Nossa Senhora Auxiliadora de Goiânia, foi expedido pela Cúria Arquidiocesana de Santa’Ana de Goiás, em 22 de dezembro de 1937, sendo nomeados respectivamente vigário e coadjutor os Revmos. Cônego Abel Ribeiro (primeiro vigário) e padre Francisco de Sales Peclat, cujas provisões se datam de 22 de dezembro de 1937.

A Matriz, a primeira de Goiânia, que também é o primeiro templo religioso da nova capital do estado, recebeu cerimônia da bênção no dia 24 de dezembro de 1937 e teve novenário e missa presidida pelo padre Peclat. A Comissão Organizadora dos festejos foi presidida pela Exma. Sra. Gersina Borges Teixeira. Seus primeiros dirigentes foram o cônego Abel Ribeiro e o padre Peclat.

O terreno onde hoje se encontra a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Auxiliadora era uma área de terras que pertencia às fazendas do Sr. Andrelino de Morais, membro da tradicional família goiana, Rodrigues de Morais. No início da década de 1930, quando a Comissão de Estudos para a localização da futura capital do estado de Goiás optou pela região da Campininha, no município de Campinas, imediatamente o Governo Estadual providenciou a desapropriação da área na qual seria construída a nova cidade. Esses terrenos pertenciam, principalmente, às fazendas Botafogo, Macambira e Vaca Brava. Parte delas, cerca de dois alqueires, o Sr. Andrelino doou à Igreja Católica, destinados às obras religiosas.

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Em 1947, a empresa Coimbra Bueno e Cia LTDA apresentou a planta geral de urbanização de Goiânia. Nessa planta são destacados os pontos de convergência de cada Setor, entre eles, a Praça da Catedral, no Setor Sul. O terreno doado à Igreja era extenso e incluía as duas quadras adjacentes à Praça do Cruzeiro, onde hoje está a Paróquia São José e o Colégio Maria Auxiliadora, no Setor Sul. Além de todo o espaço ocupado pelos prédios da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), incluindo a Praça Universitária. O local escolhido pelo então arcebispo de Goiás, Dom Emanuel Gomes de Oliveira, para ser edificada a Igreja Matriz da primeira paróquia de Goiânia, que mais tarde seria a sua Catedral, foi a quadra residencial que fica entre as ruas 10, 14, 19, 20, no Centro. Antes de decidir por essa área, cogitou-se a construção da Igreja Paroquial na quadra 81, da Avenida Tocantins, entre as ruas 3 e 29, projeto que foi abandonado.

No dia 18 de maio de 1947 o arcebispo de Goiás escolheu e nomeou os membros da comissão que assumiriam a tarefa de obter os recursos financeiros para a construção da Catedral. Além do arcebispo Dom Emanuel, participou dessa reunião também o seu auxiliar, Dom Abel Ribeiro Camelo. A comissão foi nomeada de Pro ErigendaEcclesia. Como presidente foi escolhida a a Sra. Ambrosina, esposa do então governador de Goiás, Jerônimo Coimbra Bueno, e vice-presidente, a Sra. América do Sul Roriz.

A planta da Catedral foi escolhida pelo próprio arcebispo. O projeto é de autoria do arquiteto salesiano padre Consolini. A princípio, seria a Matriz da Paróquia São João Bosco, dos Padres Salesianos, em São João del-Rei (MG).

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Inauguração 

Em 1955, com a morte do arcebispo Dom Emanuel, Dom Abel foi eleito vigário capitular. Ele se dedicou ao projeto de reformulação da estrutura física da Província Eclesiástica, com a criação da Arquidiocese de Goiânia. Ele deveria agir rapidamente para que o primeiro arcebispo da Arquidiocese de Goiânia pudesse encontrar, na sua chegada, pelo menos uma Catedral provisória estruturada, embora inacabada. De 1950 a 1955, passaram pela paróquia o cônego Carlos Planger, o padre Jesuflor, o padre Alípio Martinez, o cônego Antonio Ribeiro de Oliveira, que ficou pouco tempo porque foi sagrado bispo em 1961, e o padre João do Carmelo Xavier.

Com os esforços da Comissão das Obras da Catedral, no dia 10 de maio de 1956, Dom Abel procedeu à bênção e à inauguração da Catedral, com a presença de autoridades, associações religiosas e muitos fiéis.

No dia 8 de dezembro de 1966, o então núncio apostólico no Brasil, o cardeal Dom Sebastião Baggio, sagrou a Catedral. Foram 19 anos, dos alicerces à sagração. A partir desse rito litúrgico, a Igreja Nossa Senhora Auxiliadora constituiu-se Catedral definitiva da Arquidiocese.

A Catedral conta com seis conjuntos de vitrais sobre os mais diversos temas dos evangelhos: Bodas de Caná, Multiplicação dos pães, Ressurreição de Lázaro, Transfiguração, Discípulos de Emaús, Anunciação do Anjo, Nascimento de Cristo, entre outros. As obras são do arquiteto especialista em arte-sacra, Wilson Jorge. O projeto teve início em 2001, na gestão do então pároco, mons. Luiz Gonzaga Lôbo e só foi concluído em julho de 2014, na administração do padre Carlos Gomes.

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Curiosidades

1. No Coro da Catedral há um Órgão de Tubos, o único do estado de Goiás. O instrumento consiste em um instrumento musical de ar que é acionado pelos seus teclados. O som é gerado pelo ar que precisa ficar mantido sob pressão dentro de um ou vários reservatórios para então ir, somente aos poucos, sendo liberado, fluindo em direção aos tubos, os quais soarão.

2. No alto da torre da Catedral de Goiânia, há um conjunto de quatro sinos que foram fundidos em Orleáns, na França, pelas mãos do fundidor Dominique Bollee. Neles está inscrito: “Fui concebida na França para unir minha voz às dos sinos das torres do Brasil inteiro. Ano 2007”.

3. No recinto da parte oeste do piso da igreja, onde fica a Cátedra Episcopal, encontram-se as sepulturas do Dom Emanuel Gomes de Oliveira, arcebispo de Goiás; a de Dom Fernando Gomes dos Santos, primeiro arcebispo de Goiânia; e de Dom Antonio Ribeiro de Oliveira, segundo arcebispo desta Arquidiocese.

Endereço: Praça Dom Emanuel, S/N – St. Central, Goiânia – GO, 74030-140
Telefone: (62) 3223-4581

Foto: Marcos Aleotti / Curta Mais

Fonte: Livro Notas Históricas/Mons. Nelson Rafael Fleury (Série Memória Religiosa, Ed. PUC Goiás)