Diretor de O Mecanismo responde a crítica de Dilma: se soubesse ler, não estaríamos com esse problema

Dilma disse que a série é dissimulada e mentirosa mas não esperava essa resposta de José Padilha

Júlia Marreto
Por Júlia Marreto
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Lançada na última sexta-feira (23), a série O Mecanismo, inspirada na operação Lava Jato, está dando o que falar, gerando discussão fazendo até com que a ex-presidente Dilma Roussef se pronuncie.

Em nota divulgada no último domingo (25), Dilma afirma que José Padilha, o cabeça por trás da série, é um “criador de notícias falsas”.

Dizendo que: a propósito de contar a história da Lava Jato, numa série ‘baseada em fatos reais’, o cineasta José Padilha incorre na distorção da realidade e na propagação de mentiras de toda sorte para atacar, a ela e ao ex-presidente Lula.

A série tem como intérprete de seu protagonista o ator Selton Mello. Para “mascarar” alguns personagens reais, a produção optou por expressões como Polícia Federativa, Ministério Federal Público, PetroBrasil, Ricardo ‘Brecht’, entre outras. Segundo a produtora Malu Miranda, isso acontece porque, diferente das produções norte-americanas, no Brasil, tratam-se de “marcas registradas”. Outros exemplos: Higino, o ex-presidente Lula e Janete seria Dilma.

Além disso, no início de casa episódio é exibido um alerta de que se tratam de uma obra de ficção baseada em fatos reais.

Uma das principais reclamações da ex-presidente foi a frase “estancar a sangria” [expressão usada para falar sobre barrar as investigações da Lava Jato] ter sido colocada na boa de Higino, sendo que na vida real essa fraase foi dita pelo senador Romero Jucá [MDB-RR].

Em resposta, Padilha disse à Folha de S. Paulo, que Jucá não é dono dessa expressão, então os roteiristas estão livres para usá-la.

E que O Mecanismo é uma obra-comentário. Na abertura de cada capítulo está escrito que os fatos estão dramatizados, se a Dilma soubesse ler, não estaríamos com esse problema.

O cineasta também afirma que a série representa um problema sistêmico de corrupção, não exclusivo do PT, mas de outros partidos e setores.

Esse é um debate boboca, mas que revela algo: se a principal reclamação é o uso desta expressão, pode-se imaginar que o público petista está achando difícil negar todo o resto. Nada a dizer quanto aos roubos e desvios de verba públicas praticadas por Higino e Tames com os empreiteiros…? Hummm… Interessante, disse em entrevista ao Observatório do Cinema.