Documentário retrata retorno de jovens para regiões praticamente despovoadas de Goiás

Regiões pouco conhecidas: Paulistas e Soledade estão na região sul do estado

Kenji Takahashi
Por Kenji Takahashi
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Duas regiões localizados ao sul do estado de Goiás, Paulistas e Soledade, são temas de um documentário que retrata como essas duas áreas têm perdido cada vez mais moradores jovens que se mudam para as capitais em busca de novas perspectivas. O filme chamado “Paulistas”, acompanha o retorno de antigos moradores que retornam para as respectivas regiões durante o período de férias e as suas reações.
Tais regiões sofrem com uma diminuição progressiva de suas populações, especialmente a partir da década de 1990, devido ao intenso êxodo rural provocado pela expansão da monocultura agrícola e a exploração de recursos hídricos.

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Segundo o diretor Daniel Nolasco, a pessoa mais jovem que mora em tais regiões tem 45 anos. Tudo isso porque os mais jovens migram para grandes cidades em busca de melhores oportunidades de trabalho e educação.
Vale lembrar que Nolasco nasceu e viveu na região de Paulistas, tendo saído nos anos 2000 para cursar história e depois cinema na universidade. Em um de seus retornos para a região, surgiu a ideia para realizar o filme, principalmente diante do choque ao perceber cidades cada vez mais vazias e com casas abandonadas.

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Segundo o diretor, a ideia inicial era retratar a vida dos jovens no campo, mas então, após pesquisa, percebeu-se que não havia jovens em tais áreas. Logo, o foco do documentário mudou e passou a retratar como estes migrantes se sentem ao retornar para suas terras natais.
O retorno desses jovens para Paulistas muda, mesmo que por um curto período de tempo, a realidade de tais lugares, trazendo maior movimento a áreas usualmente pouco movimentadas.

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A construção, em 2010, da barragem da hidrelétrica Serra do Facão, que acabou represando o rio, também contribuiu muito para a mudança de pessoas para Catalão. Tal hidrelétrica afetou não somente a migração de pessoas, como toda flora e fauna da região.

Nolasco registrou em seu filme o cotidiano, a paisagem e as pessoas do lugar pouco conhecido por outros goianos, sem querer dar respostas prontas, mas antes expor questões e deixar pessoas refletirem sobre elas – como a relação entre diferentes gerações: as que se mudam e que resolvem permanecer, resistindo ao tempo e às mudanças do mundo.

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Fotos: Divulgação/Cenas do documentário “Paulistas”.