Frigoríficos vendiam carne vencida e frango com papelão, afirma PF

Em uma das gravações os sócios deixam claro o aval para práticas ilícitas dentro das normas de vigilância sanitária alimentícia

Ingrid Reis
Por Ingrid Reis
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Com revista Exame

As frigorificas JBS e BRF consideradas duas das cinco maiores exportadoras do país são alvo da Operação Carne Fraca. De acordo com a investigação, as companhias usavam em suas operações carnes podres com ácido ascórbico para disfarçar o gosto, frango com papelão, pedaços de cabeça e carnes estragadas como recheio de salsichas e linguiças, além de reembalar produtos vencidos. Executivos das duas companhias e fiscais do Ministério da Agricultura foram presos. A 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba (PR) expediu 38 mandados de prisão (27 preventivas e 11 temporárias), 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão locais supostamente ligados ao grupo criminoso.

Ainda de acordo com a investigação, pelo menos um dos frigoríficos usava carne podre em seus produtos a mando da médica veterinária Joyce Igarashi Camilo. Ela é responsável pelo frigorífico gaúcho Peccin, que também está sendo investigado. Em 2014, ela afirmou que o frigorífico “também comprava notas fiscais falsas de produtos com SIF (Serviço de Inspeção Federal) para justificar as compras de carne podre, e utilizava ácido ascórbico para maquiar as carnes estragadas”.

Normélio Peccin Filho e Idair Antônio Piccin, sócios do frigorífico, têm algumas de suas declarações mencionadas na decisão. Em uma das gravações os sócios deixam claro o aval para práticas ilícitas dentro das normas de vigilância sanitária alimentícia.

Em uma delas, autoriza o uso de presunto podre “sem cheiro” para a produção alimentícia. Em outra, Idair manda uma funcionária comprar 2.000 quilos de carne de cabeça, para a fabricação de linguiça.