Gari com deficiência visual é aprovado no vestibular da UFG

Rogério utilizava apostilas de braile para estudar e recebia ajuda da filha, de 17 anos

Bianca Stephania Siarom
Por Bianca Stephania Siarom
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O ano de 2019 começou com conquistas para o gari da Companhia de Urbanização de Goiânia, Rogério Gomes da Silva, 37 anos. Deficiente visual, Rogério foi aprovado no vestibular para o curso de bacharel em História da Universidade Federal de Goiás (UFG).

O jovem descobriu o glaucoma – alteração do nervo óptico que leva a um dano irreversível das fibras nervosas e, consequentemente, perda da visão – aos 13 anos de idade e há três anos perdeu 100% da visão. Porém, essa limitação não o impediu de ir atrás do seu objetivo.

O futuro historiador concluiu o ensino médio em 2016, após inúmeras dificuldades e desde então vem se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio. Nos últimos meses, com a ajuda e apoio das filhas e da esposa aliou a rotina de trabalho com estudos e conseguiu ser aprovado no tão sonhado curso de História. Os estudos eram realizados por meio de algumas apostilas em braille e leituras feitas pela filha de 17 anos.

O servidor está lotado no Viveiro Redenção, no setor Pedro Ludovico, e compõe a equipe que faz corte ou coloca terra nas embalagens recicláveis usadas na produção de novas mudas. Rogério foi aprovado no concurso público da Companhia no ano 2006. Na época ele tinha cerca de 10% da visão o que permitiu a desempenhar outras funções no Viviero. Na avaliação dos colegas de trabalho, ele é um servidor comprometido, perfeccionista e muito determinado. Para o presidente da Companhia, Aristóteles de Paula, o esforço do Rogério comprova que quando há força de vontade, não há limitações. “Estamos felizes com a aprovação do nosso servidor. Isso demonstra que não há limites para quem tem um sonho”.

A matrícula na Universidade foi feita nesta segunda-feira,4, e em março ele inicia as aulas. Rogério ainda não sabe como será, mas a expectativa é grande. “Desde muito novo venho ultrapassando barreiras e isso foi fruto do meu esforço. Vendo as dificuldades do dia-a-dia, a única solução é estudar”, afirmou.

Hacksa Oliveira | Fotos: Luciano Magalhães