Governo entrega tablets para capacitação profissional de alunos Kalunga

Equipamentos foram entregues pela Seduce na comunidade da Fazenda Riachão, em Monte Alegre de Goiás

Yasmim Fleury
Por Yasmim Fleury
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A jovem Quitiane Fernandes de Souza, 22 anos, aluna do Colégio Estadual Kalunga II, foi a primeira estudante a receber um dos 200 tablets adquiridos pelo Governo de Goiás,  por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce) para levar ensino técnico profissional aos estudantes kalunga das comunidades de Monte Alegre de Goiás, Cavalcante e Iaciara.

O equipamento foi entregue a ela pela secretária Raquel Teixeira, que representou o governador Marconi Perillo nesta sexta-feira, 17/3, durante lançamento do programa Qualificampo na Fazenda Riachão, no município de Monte Alegre de Goiás. Coordenado pela equipe do Núcleo de Organização e Atendimento Educacional (Nuoaed) da Seduce, o programa foi criado com a proposta de levar capacitação profissional a todos os alunos da rede pública estadual que moram na zona rural por meio da modalidade EaD (ensino a distância).

O curso disponibilizado aos estudantes kalunga foi o de técnico em Meio Ambiente, que tem duração de dois anos e carga horária de 1.200 horas e contará com encontros presenciais quinzenais no pólo de apoio instalado no C. E. Kalunga II. Além da unidade educacional e suas duas extensões mantidas na região, também receberão os tablets alunos kalunga dos municípios de Cavalcante e Iaciara.

Estudante do 3º ano do Ensino Médio, Quitiane mora em uma comunidade há seis quilômetros da escola onde estuda. Feliz por receber o tablet novo, ela acredita que o presente vai estimular ainda mais seu interesse pelos estudos, já que não possui notebook nem computador de mesa em casa, e só costuma acessar a internet pelo smartphone.

 

Oportunidade

No lançamento do programa, a secretária Raquel Teixeira destacou que o curso técnico em Meio Ambiente foi pensado, a pedido do governador Marconi Perillo, levando em conta o arranjo produtivo local e é uma iniciativa que está inserida na proposta do novo Ensino Médio do Ministério da Educação (MEC).

Ela destacou ainda a importância da tecnologia na democratização do acesso ao conhecimento. “Dentro deste pequeno equipamento, vocês vão encontrar uma chance maravilhosa que vai contribuir para abrir as portas do mercado de trabalho. Nós estamos dando a vocês o apoio didático e pedagógico e uma oportunidade, mas é o esforço próprio de cada um que vai fazer a diferença nesse curso”.

 Antes de fazer a entrega dos tablets aos jovens kalunga, a secretária fez uma visita a dona Procópia dos Santos Rosa, 84 anos, que reside na Fazenda Riachão e é uma quilombola muito conhecida e respeitada. Na conversa com a vovó kalunga, Raquel lembrou que, em 1999, quando ocupava também o cargo de secretária de Educação de Goiás, foi preciso muito esforço para convencer o Ministério da Educação (MEC) de que o transporte escolar naquela região só era possível com a compra de burros. “Foi uma etapa muito difícil de convencimento porque era um pedido totalmente inusitado”.

“E como deputada federal, eu me lembro que a senhora fez muito por nós ao lutar pela criação do Bolsa Escola, que depois virou Salário Escola e até hoje ajuda muitas famílias aqui da região”, acrescentou a merendeira Teodora Fernandes de Castro Moreira, que trabalha em uma das extensões criadas pela Seduce para garantir o acesso das crianças e jovens kalunga à educação pública.

Chefe do Nuoaed, João Batista Peres Júnior explica que para atender as comunidades kalunga, que tem dificuldade de acesso à internet, a Seduce elaborou uma forma de atendimento diferenciado em EaD. “Os alunos terão acesso ao material offline, ou seja, os módulos do curso serão atualizados a cada 15 dias durante as aulas presenciais no pólo”. Ele explica ainda que outros dois cursos já estão em andamento pelo Qualificampo, que são o de Infraestrutura Escolar e de Lazer, que possuem pólos de apoio em Goiânia, São Miguel do Araguaia, Minaçu, Porangatu, Novo Gama e Uruaçu.

Além da secretária Raquel Teixeira e de João Batista Peres Júnior e sua equipe, diversos alunos e professores kalunga, o lançamento do Qualificampo contou também com as presenças do assessor especial para Inclusão Social Produtiva e Diversidade na Educação Profissional do MEC, Franklin Nascimento, e da coordenadora da Educação no Campo, Indígena e Quilombola da Seduce, Valéria Cavalcante da Silva Souza.

 

Fazenda Riachão

Para chegar à comunidade kalunga da Fazenda Riachão é necessário deixar a rodovia asfaltada que passa por Monte Alegre de Goiás e se embrenhar em uma estrada de terra que, no princípio, não dá o mínimo sinal de que a viagem será longa e cansativa.

São apenas 82 km a serem percorridos, mas o sobe e desce imposto pelos vales e montanhas, além dos muitos buracos e pedras pontiagudas, fazem a ‘aventura’ durar quase duas horas. O ponto positivo é o lindo cenário, onde do nada surgem casinhas de adobe cobertas de folhagens secas, cachoeiras que saltam do alto das montanhas e diversos cursos de água. Por causa das barreiras naturais do caminho, o percurso até o Colégio Estadual Kalunga II só consegue ser vencido por veículos com tração nas quatro rodas ou pelas caminhonetes Marruás, que a Seduce adquiriu em setembro do ano passado para transportar merenda escolar, material didático e as equipes pedagógicas que dão suporte às comunidades quilombolas da região de Monte Alegre de Goiás e Cavalcante.

 

Benefícios

A entrega dos três veículos Marruás e o primeiro encontro de formação de professores quilombolas, realizado em Campos Belos no mês de setembro de 2016, integram uma série de ações desenvolvidas atualmente pelo Governo de Goias, por meio da Seduce, que tem levado diversos benefícios aos estudantes da zona rural do estado, e que compreende as populações quilombolas, indígenas e os demais que residem fora das áreas urbanas.

Na última semana deste mês, a secretária anunciou a realização do segundo encontro de formação de professores, que também será realizado em Campos Belos de Goiás. Com essa iniciativa, a Seduce atende um dos pedidos feitos por dona Procópia, que era capacitar cada vez mais os educadores que atuam na educação quilombola.