Incêndio transforma em cinzas grande parte da história do Brasil e destrói Museu Nacional no RJ

O museu mais antigo do país tinha 200 anos e foi criado por D. João VI e contava com um acervo de acervo de 20 milhões de itens

Marcelo Albuquerque
Por Marcelo Albuquerque
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O incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, situado na Quinta da Boa Vista, na capital fluminense, foi controlado apenas por volta das 3h da manhã desta segunda-feira (3). Porém, os bombeiros continuam no local fazendo o trabalho de rescaldo e de combate a outros focos de fogo. As informações são do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro.

Até o momento, não há registros de focos de incêndio na mata que cerca o museu, localizado em um parque nacional.

O Corpo de Bombeiros informou que a partir das primeiras horas desta manhã homens de 13 quartéis e 24 viaturas estavam no local. Integrantes da Polícia Federal, Polícia Militar e da Guarda Municipal, além de profissionais de saúde, também foram chamados para colaborar com os trabalhos.

Vários diretores, funcionários e pesquisadores do Museu Nacional passaram a noite no local acompanhando os trabalhos e tentando colaborar. Havia preocupação com as dificuldades em controlar as chamas, a ausência de água e o risco de desabamento.

Oficialmente, o Corpo de Bombeiros informou que não há ainda dados sobre as causas do incêndio. Ontem (2), funcionários do museu relataram problemas na obtenção de água, pois dois hidrantes não funcionaram no momento em que os bombeiros estavam no local.

Como o museu está em uma colina, no parque nacional, há uma série de limitações para o fornecimento de água. Os bombeiros confirmaram que o abastecimento de água foi feito por carros-pipa, cedidos pela companhia de água e esgoto do Rio de Janeiro.

Acervo

O Museu Nacional do Rio reunia um acervo de mais de 20 milhões de itens dos mais variados temas, coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia e arqueologia. No local, estava a maior coleção de múmias egípcias das Américas.

No local, também estava Luzia, o mais antigo fóssil humano encontrado nas Américas, que remete a 12 mil anos, e representa uma jovem de 20 a 24 anos. No museu, havia ainda o esqueleto do Maxakalisaurus topai, maior dinossauro encontrado no Brasil.

O museu é a mais antiga instituição histórica do país, pois foi fundado por dom João VI em 1818. É vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com perfil acadêmico e científico. Tem nota elevada nos institutos de pesquisa por reunir peças raras, como esqueletos de animais pré-históricos e múmias.

História

O local foi sede da primeira Assembleia Constituinte Republicana de 1889 a 1891, antes de ser destinado ao uso do museu, em 1892. O edifício é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O Museu Nacional do Rio oferece cursos de extensão e pós-graduação em várias áreas de conhecimento. Para esta semana, era esperado um debate sobre a independência do país. No próximo mês, estava previsto o IV Simpósio Brasileiro de Paleontoinvertebrados no local.

Em meio às chamas e aguardando o controle do incêndio, a vice-diretora do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Cristina Serejo, afirmou que “nem tudo foi perdido do acervo” do museu. Uma coleção de invertebrados escapou do fogo, pois fica em um prédio anexo, que não foi afetado pelas chamas. O museu tem três andares e prédios anexos, localizados na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na zona norte da capital.

Conheça alguns itens:

– Um dos mais importantes itens era um fóssil humano, achado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1974. Batizado de Luzia, fazia parte da coleção de antropologia. Trata-se do fóssil de uma mulher que morreu entre 20 e 25 anos e seria a habitante mais atinga das Américas.

– Outra preciosidade era o maior meteorito já encontrado no Brasil, chamado de Bendegó e pesa 5,36 toneladas. A pedra é de uma região do sistema solar entre os planetas Marte e Júpiter e tem mais de 4 bilhões de anos. O meteorito foi achado em 1784, no sertão da Bahia, na localidade de Monte Santo. Quando foi encontrado era o segundo maior do mundo. A pedra integra a coleção do Museu Nacional desde 1888.

– Dom Pedro arrematou em 1826 a maior coleção de múmias egípcias da América Latina. São múmias de adultos, crianças e também de animais, como gatos e crocodilos. A maioria das peças veio da região de Tebas.

Acervo de invertebrados foi salvo

Em meio às chamas e aguardando o controle do incêndio, a vice-diretora do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Cristina Serejo, afirmou que “nem tudo foi perdido do acervo” do museu. Uma coleção de invertebrados escapou do fogo, pois fica em um prédio anexo, que não foi afetado pelas chamas. O museu tem três andares e prédios anexos, localizados na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na zona norte da capital.

Segundo Cristina Serejo, alguns pesquisadores conseguiram sair do prédio com seus acervos pessoais. Outros funcionários tiveram condições de retirar computadores pessoais.

(Via EBC)

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Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Um dos maiores patrimônios históricos do Brasil antes de ser destruído pelo fogo.