Mais de 200 mulheres já procuraram o Ministério Público para denunciar o médium João de Deus

Menores de idade estariam entre as vítimas do famoso médium goiano

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Segundo o Ministério Público de Goiás, já existiam denúncias contra João de Deus desde 2010. Em 2012, ele chegou a ser julgado por abuso sexual, mas foi inocentado por falta de provas.

A promotora Gabriela Manssur, de São Paulo, disse ontem no Fantástico, que depois que as denúncias foram exibidas no Programa Conversa com Bial, da TV Globo, mais de 200 mulheres já procuraram as autoridades para fazer relatos semelhantes.

Entre as vítimas de abuso sexual do médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, estariam crianças e adolescentes. Um dos casos, — ocorrido na Casa de Inácio de Loyola em Abadiânia (GO), local de atendimento do médium, — é o de uma jovem, que diz ter sido violentada pelo menos dez vezes quando tinha apenas 11 anos. O relato foi mostrado ontem pelo “Fantástico”.

“Ele pediu para eu colocar a mão para trás e eu senti uma coisa estranha e comecei a chorar e disse: ‘O que é isso?’. Ele falou: ‘É o que vai te curar’. Aí, ele veio na minha frente e fez o que fez comigo. Tudo o que você pode imaginar”, disse a mulher hoje com 41 anos. A ameaça, segundo ela, era tanto física quanto psicológica. “Fica de costas, fecha os olhos e não abra em hipótese alguma. Se você abrir, vai ficar cega, porque a luz é muito forte”.

“Eu falava o tempo todo: ‘Quero a minha mãe. Tá doendo’. E ele mandava eu ficar quieta: ‘Fica quieta, senão eu mato a sua família’”, lembra ela, chorando.

Ao todo, 25 vítimas procuraram o “Fantástico” para relatar abusos sofridos. Segundo elas, os crimes ocorriam desde a década de 1980. Uma delas revela ter sido vítima de João de Deus, quando tinha 15 anos. Os pais foram pedir ajuda para o médium porque a menina estava depressiva e não saia da cama. Na primeira consulta, ele teria pedido para ficar sozinho com a adolescente. “Ele mesmo pegava a mão dele e fazia eu manipular o seu pênis. De repente, pegou na minha cabeça e a abaixou para que eu fizesse sexo oral nele”.

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O Ministério Público de Goiás confirmou, ontem, que João de Deus já vinha sendo investigado pelo órgão desde o primeiro semestre de 2018. Nessa época, a procuradoria de Abadiânia começou a receber as primeiras denúncias. Há pelo menos dois procedimentos abertos contra ele no órgão. Em 2012, o médium foi denunciado pelo MP por abuso sexual, mas, por falta de provas, a Justiça o considerou inocente.

A partir dos casos relatados pela imprensa, uma nova frente de investigações será aberta.

Ao “Fantástico”, o advogado do médium, Alberto Toron, afirmou que vai às autoridades de Abadiânia para dizer que seu cliente está à disposição da polícia, do juiz e do Ministério Público para ser ouvido em qualquer momento. “Achamos que tudo isso deve ser objeto de uma investigação marcada pela seriedade”.

O delegado-geral de Polícia Civil de Goiás, André Fernandes de Almeida disse que a PCGO está com uma investigação em curso para apurar todas as denúncias de abuso sexual contra o médium João de Deus. Na segunda-feira (10/12), as vítimas começarão a ser chamadas para serem ouvidas.

“Todas as denúncias serão investigadas. São fatos graves”, ressaltou o policial. O delegado disse, ainda, que o caso será apurado pela Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), com sede em Goiânia. Explicou que, devido à complexidade da situação e à possibilidade de intimidação das vítimas, as investigações serão conduzidas pela especializada da capital goiana e não ficarão em Abadiânia, no Entorno do DF, onde João de Deus faz suas consultas espirituais.

No Instagram oficial de João de Deus, a última publicação foi feita no sábado (8) com uma imagem ilustrando a frase “Thank You João de Deus”. No post, ele escreve: “Não desistirei jamais da minha missão de amor”.