‘O Destino de uma Nação’: uma lição de Winston Churchill sobre liderança em horas tenebrosas

Curta Mais assistiu ao filme e conta o que achou da produção indicada a 5 Oscar

Redação Curta Mais
Por Redação Curta Mais
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Nomeado para cinco Oscar da Academia, “O Destino de uma Nação” conta a história de um dos verões mais quentes da Inglaterra. Maio de 1940. Calor natural, as chaminés londrinas cheias de fumo de carvão e, ainda, para piorar, o iminente ataque de Hitler. A situação política não era diferente: um parlamento aquecido por disputas de poder, onde a situação não conseguiria governar sem apoio da oposição que só aceitaria um novo Primeiro Ministro: Winston Churchill.

No filme acompanhamos Gary Oldman, nomeado para o Oscar de melhor ator, fazendo um Churchill como nunca antes! Não o velho ranzinza de The Crown nem o suave apoiador do amor em O Discurso do Rei.

Aqui, temos um Churchill que vive dificuldades em tomar decisões, um velho admirado pelos seus rivais e detestado pelos seus aliados. Entre a espada da guerra e a parede de uma absurda paz com Hitler, tem em suas mãos as dificuldades de liderar uma democracia em tempos tão obscuros.

Aliás, a escuridão é uma das personagens mais presentes no filme! Os mais atentos terão percebido como os cenários internos eram bem iluminados e os externos muitas vezes cinzentos. Aliás a produção artística do filme, também justamente nomeada para Oscar, mostra muito bem a sujeira de alguns espaços e a bagunça disfarçada de salas de reuniões que transformam cada diálogo em um peso: como será que Churchill resolverá a situação?

É uma história de resistência e persistência de um homem que veio a se tornar um exemplo de liderança. E essa liderança, expressa em palavras de constante energia e inspiração, torna-se outro poderoso elemento do filme.

Curta Mais convidou o psicólogo e storyteller Sam Cyrous a listar os elementos cruciais de uma boa liderança, que você pode aprender com Churchill e o filme. Confira:

  1. Palavras inspiradoras

Para conseguir tocar o público é necessário saber falar! Churchill sempre foi um bom orador (ganhou o prêmio Nobel da literatura alguns anos depois) mas não nasceu dominando as palavras! Vemos um homem que sofre porque “a palavra certa não vem”, mas que se esforça e relê seus textos para re-escrever. Seus discursos, repetidos no filme, mostram uma capacidade de usar linguagem alegórica e emotiva para que a imaginação dos ouvintes tome conta e lhes faça sentirem os desafios do campo de batalha. Palavras certas com aguçada argumentação podem inspirar pessoas a vencerem grandes barreiras e, ao longo do filme, vemos como finalmente consegue alcançar as emoções de todos (inclusive seus principais opositores).

  1. Ter dúvidas e ser determinado

Grandes líderes têm uma visão de longo alcance e por isso enxergam as dificuldades. Churchill enfrentou uma Guerra tenebrosa em sua pior hora pessoal (com uma depressão que poucos sabiam). Por isso frequentemente refletia sobre as ideias e repensava estratégias. Compreendemos no filme que um líder precisa ser determinado (correndo o risco de parecer presunçoso) e ter dúvida. Sua esposa chega a comentar “você é sábio porque tem dúvidas”, e ele responde citando “aqueles que não mudam de opinião nunca mudam nada”. Vemos como a atenção às críticas de seu próprio partido permitiram que continuasse mais um e outro dia no poder. Mas nada disso impediu que confiasse em seus instintos e de forma determinada quisesse defender o mundo dos tiranos, ao invés de deixar opiniões e achismos de outras pessoas decidirem.

  1. Rodear-se das pessoas certas, e das erradas também

Churchill não buscava popularidade: queria estar certo e ajudar quem precisasse. Essa é a essência da liderança! Por isso constituiu um gabinete de guerra com todos os seus inimigos internos — Chamberlain (Ronald Pickup) e Halifax (Stephen Dillane), já que a voz da diversidade pode produzir ideias inovadoras. Ao mesmo tempo, rodeou-se de fieis amigos — Eden (Samuel West), que lhe apoiava nas horas mais difíceis. A sua esposa Clementine (Kristin Scott Thomas) era sua confidente com aguçado humor irônico, e a atenciosa secretária Elizabeth Layton (Lily James) sua âncora de moral e lembrete das emoções — ambas nos ensinando que liderar não é se rodear só de pessoas diretamente relacionadas ao problema, e que as soluções podem vir das conversas mais simples da vida.

Duas vezes Primeiro Ministro, Churchill mobilizou suas palavras e o mundo e enviou-nos para o sonho de todo bom líder — a batalha da vitória:

“Qual o nosso objetivo? Posso responder com uma palavra: É vitória, vitória a todo custo, vitória apesar de todo o terror, vitória, contudo longa e dura poderá ser a estrada; pois sem vitória, não há sobrevivência.”

Por Sam Cyrous – Psicólogo e StoryTeller, convidado pelo Curta Mais a comentar o filme “O Destino de uma Nação”.

 

Assista ao trailer: