Ostentação nas redes sociais vira prova em processos contra ‘caloteiros’

Devedores alegam não ter dinheiro para quitar suas dívidas, mas ostentam um alto padrão de vida na internet

Gabriela Tavares
Por Gabriela Tavares
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Um réu de um processo no Espírito Santo mora em São Paulo, alegou que não tinha dinheiro suficiente para pagar suas contas e disse que tinha sofrido um infarto e, portanto, não poderia acompanhar seu processo na capital capixaba. Nas suas postagens, no entanto, ele mostrava viagens internacionais, passeios de avião, trilhas e idas à academia.

Um representante comercial de Vitória, estava devendo o pagamento de pensão alimentícia, mas explicava dizendo não ter carteira assinada, nem bens em seu nome. Um tempo depois, ele foi flagrado com duas viagens internacionais, passeios de lancha e um carro novo. Tudo pelo Facebook.

Em um caso de uma empresa carioca, uma funcionária faltou ao trabalho usando a desculpa de que estava passando mal. No mesmo dia, pela noite, ela postou em seu mural uma mensagem dizendo que ia para uma festa curtir, se embebedar e se divertir.

Se tornou parte da nossa essência compartilhar tudo o que fazemos, ou temos a intenção de fazer, nas redes sociais. As crises existenciais que mais atingiam nossos ancestrais foi substituída pela conectividade dos Millennials. A grande questão do século é “se algo não foi postado na internet, será que aquilo realmente aconteceu?”

Bom, essa febre por compartilhar e ostentar cada detalhe da vida de todo mundo tem, por um lado, prejudicado muitos malandros por aí. Por outro, tornou-se uma mão na roda para a justiça.

As redes sociais estão ajudando juízes a julgarem processos envolvendo devedores que alegam não ter dinheiro para quitar suas dívidas e cumprir seus compromissos, mas ostentam um alto padrão de vida na internet.

Existem até mesmo vários casos em que algumas provas são obtidas sem nem precisar de uma investigação profunda, só fazendo um check-up do Facebook, Twitter, e-mail, ou WhatsApp.

O juiz Jorge Vaccari Filho, titular do 1º Juizado Especial Cível de Colatina, destaca que em muitos casos, a prova obtida online é até mais relevante do que uma prova testemunhal ou documental. “Não é incomum nos processos sujeitos que alegam pobreza serem flagrados em situações de ostentação de riqueza, com carros de luxo, em cruzeiros e viagens internacionais”.

Por isso, é sempre bom tomar cuidado com o que você fala na vida real e o que você propaga nas redes sociais – isso pode e será usado contra você!

Informações de Gazeta Online

Capa: Paramount Pictures | Universal Pictures