Pesquisa da Universidade Federal de Goiás associa gordura abdominal ao risco de câncer de mama

O estudo foi conduzido com um total de 254 mulheres, entre aquelas recém-diagnosticadas com câncer de mama atendidas no Hospital das Clínicas da UFG

Paloma M. Carvalho
Por Paloma M. Carvalho
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Em todo o mundo, o dia 4 de fevereiro é dedicado ao combate ao câncer. Pesquisadores e profissionais da saúde se empenham para reforçar as ações de prevenção e tratamento da doença, além de alertar sobre os inúmeros fatores que estão relacionados ao seu desenvolvimento. Neste sentido, pesquisa realizada pela Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás (Fanut/UFG) demonstrou que mulheres com acúmulo de gordura abdominal visceral têm maior chance de desenvolverem câncer de mama.

O estudo, coordenado pelos professores Karine Anusca e Ruffo Freitas, foi conduzido com um total de 254 mulheres, entre aquelas recém-diagnosticadas com câncer de mama atendidas no Hospital das Clínicas da UFG. A pesquisa concluiu que possuir um indicador alto de gordura visceral, que é aquela que se forma ao redor dos órgãos, especialmente abdominal, aumenta em 74% as chances de desenvolver câncer mama. Enquanto isto, possuir valores bons de HDL, o chamado colesterol bom, diminui em 49% a possibilidade do surgimento da doença.

A pesquisadora Jordana Godinho Mota explica ainda que a gordura abdominal libera proteínas inflamatórias que causam a resistência à insulina no organismo. Com isto, a insulina deixa de cumprir o seu papel, que é de colocar a glicose da corrente sanguínea no interior das células. Uma vez que a concentração de açúcar aumenta no sangue, a mulher pode desenvolver, além do diabetes tipo 2 e placas de gordura nos vasos, doenças como hipertensão arterial e câncer. “A adiposidade visceral e esta resistência à insulina aumentam o risco de câncer de mama no grupo de mulheres que participaram no nosso estudo”, afirma a pesquisadora.

Atividade física

A pesquisa concluiu também que, comparadas às mulheres sem câncer, as pacientes analisadas praticaram menos atividades físicas e muitas se declararam inativas durante toda a idade adulta. Segundo a pesquisadora, essa situação reforça a importância das orientações de pesquisas recentes que apontam uma redução de 20 a 25% no risco de desenvolver câncer de mama em mulheres fisicamente ativas em comparação àquelas sedentárias. Inclusive, a atividade física é importante até mesmo para a resposta terapêutica ao câncer de mama e o aumento da sobrevida após o tratamento contra a doença.

A próxima etapa da pesquisa avaliará as alterações da composição corporal, óssea e perfis lipídico e glicêmico das mulheres que foram tratadas com quimioterapia para o câncer de mama. De antemão, a pesquisa já reforça a importância da participação de uma equipe multiprofissional e interdisciplinar no atendimento a essas pacientes.

 

Fonte: Ascom/UFG

Foto: Divulgação