Agrotóxicos provocam lesão no DNA de trabalhadores rurais goianos, segundo pesquisa da UFG

Trabalhadores rurais que atuam na aplicação de agrotóxicos em lavouras do Sudeste e Sudoeste de Goiás apresentam 4,5 vezes mais lesões no DNA que pessoas que não exercem essa atividade. Os resultados foram obtidos a partir da análise de sangue e mucosa oral de 200 trabalhadores, realizada pelo Laboratório de Mutagênese da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Os exames foram comparados aos de um grupo controle também composto por 200 indivíduos da mesma faixa etária, gênero e estilo de vida, mas que não têm contato com os agrotóxicos. Dessa forma, foi possível estabelecer uma relação direta entre as lesões no DNA e a exposição a essas substâncias. Além disso, verificou-se que os danos são maiores quando a coleta é feita no período de pulverização de agrotóxicos nas lavouras.

“Como são pessoas jovens, essas lesões podem ser revertidas pelo organismo. O que não sabemos é que efeitos isso pode ter a longo prazo”, observa a professora Daniela de Melo e Silva. Para isso, pesquisadores da UFG também investigam se os agrotóxicos afetam o sistema imunológico, com a diminuição das células de defesa. Outra pesquisa buscará relacionar o contato com os agrotóxicos e a incidência de câncer.

Contaminação indireta

Os pesquisadores da UFG também coletaram material das mulheres e dos filhos maiores de 18 anos dos trabalhadores rurais. Os resultados mostram que eles também possuem lesões no DNA. A contaminação, nesse caso, é indireta. “As roupas de todos na casa são misturadas na hora de lavar. Além disso, muitas famílias moram em fazendas com lavouras ao redor”, explica a professora da UFG.

Até maio de 2019, o governo federal já havia liberado a utilização de 169 agrotóxicos. A aplicação desses defensivos requer a utilização de equipamentos de proteção individual como luvas, botas e avental, o que nem sempre é verificado nas lavouras. Também há procedimentos para a descontaminação do material após o uso.

Animais contaminados

Em outra frente de investigação no Sudoeste de Goiás, pesquisadores da UFG e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) observaram lesões no DNA de girinos coletados na região do Parque Nacional das Emas. O índice de dano em animais no interior da unidade de conservação foi de 24%. Fora do parque, onde há grande quantidade de lavouras de soja, a incidência saltou para 48%.

Mesmo dentro do Parque Nacional das Emas, onde os danos são menores, a contaminação preocupa, já que se trata de uma área protegida. A hipótese é de que a pulverização aérea leva o agrotóxico para outros pontos. A presença de nitrito na água também indica a presença de agrotóxicos. Lesões no DNA podem levar à malformação do animal, com risco à sobrevivência da espécie.

Sala de Imprensa/Projeto Visibilidade UFG

Startup goiana cria tecnologia que substitui agrotóxico por inseto no controle de pragas da lavoura

Um startup goiana desenvolveu uma arma quase invisível, porém muito eficiente contra pragas de lavouras, e está ajudando a reduzir o uso de agrotóxicos.

O sistema consiste em colocar pequenas cartelas contendo ovos parasitados com microvespas chamadas Trichogrammas na plantação, que, ao deixarem as cartelas e depositarem seus ovos dentro dos ovos das pragas, interrompem o seu ciclo de desenvolvimento, eliminando o uso do inseticidas.

Rizia da Silva Andrade, engenheira agrônoma, conheceu o controle biológico de pragas quando cursava  mestrado na USP de Piracicaba, em São Paulo. Hoje, doutoranda da UFG, é sócia da startup junto com a irmã Gláubia Cavalcante e Janaína Moura, também engenheira agrônoma.

O  projeto surgiu em 2015 com o apoio da Escola de Agronomia da UFG, Embrapa Arroz e Feijão e do Centro de Empreendedorismo e Incubação da Universidade Federal de Goiás – CEI UFG, onde funciona o laboratório.

A startup é incubada no CEI, a  única incubadora de Goiás certificada pelo CERNE, selo de qualificação conferido pelo  Sebrae e Anprotec  a ambientes inovadores. E tem como benefícios, espaço físico, cursos e  palestras nas áreas de gestão, finanças e mercado , que, segundo Rizia, são fundamentais para a gestão do projeto, e  para agregar valor ao produto que a startup oferece”, conclui.

A Startup já atende dois produtores de milho e quatro produtores de tomate de mesa. “Isso é resultado do esforço para que o controle biológico se torne uma ferramenta acessível no combate de pragas indesejáveis, muitos produtores já sabem disso e nosso trabalho é levar esses conhecimentos para mais longe”, observa Rizia.

Anvisa divulga lista de alimentos com maior nível de contaminação por agrotóxicos

Os últimos dias trouxeram muitas polêmicas no que diz respeito à alimentação no Brasil. Agora, após discussões sobre a Operação Carne Fraca e a proibição da venda de paçoca, a Anvisa divulgou uma lista que mostra quais os alimentos mais contaminados no país.

Segundo a divulgação, aproximadamente um terço dos vegetais mais consumidos no país têm um nível de agrotóxicos acima do aceitável. Para a pesquisa foram analisadas quase 2500 amostras de 18 tipos de alimentos. Para o levantamento foram analisados a presença de nível acima do permitido e agrotóxicos não autorizados.

Confira os resultados:

 

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