Escritor e folclorista Bariani Ortêncio morre aos 100 anos em Goiânia

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Faleceu em Goiânia, aos 100 anos, nesta sexta-feira (15), o renomado escritor e folclorista Waldomiro Bariani Ortêncio, mais conhecido como Bariani Ortêncio. Ainda não foram divulgadas informações sobre o velório e sepultamento, bem como a causa de seu falecimento permanece não informada.

Bariani Ortêncio, que também se destacou como jornalista, teve uma prolífica carreira literária, com mais de 50 obras publicadas. Ele celebrou seu centenário em julho deste ano. Sua jornada literária iniciou-se em 1956 com a obra “O que foi pelo sertão”, e se estendeu ao campo musical, onde compôs mais de 50 canções.

Segundo informações levantadas, Bariani Ortêncio faleceu em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC), enquanto estava em sua residência, em Goiânia, cercado por familiares.

Nascido em Igarapava, São Paulo, em 24 de julho de 1923, Bariani Ortêncio mudou-se para Goiânia em 1938. Ele era membro titular da Cadeira nº 9 da Academia Goiana de Letras. Deixa um legado cultural significativo e uma família composta por seis filhos.

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Tiago Brunet volta a se apresentar em Goiânia

Com o sucesso de vendas e esgotamento dos ingressos na última apresentação em Goiânia, o teólogo e autor Best Seller, Tiago Brunet, conhecido por ajudar fortemente milhares de pessoas a se tornarem especialistas em princípios milenares, retorna à capital e apresenta nesta sexta-feira, 18 de agosto, o show “Noite de Destino: O GPS para o seu futuro”, às 20h, no Teatro Rio Vermelho.

Os ingressos ainda estão disponíveis no Ingresso Digital com valores a partir de R$ 120,00 de acordo com o setor escolhido na plateia e o tipo de ingresso (inteira, social ou meia). Também está disponível a opção de ingresso social, que garante desconto para todos que levarem 1 kg de alimento  não perecível, que deverá ser entregue na portaria do evento, junto à validação do ingresso.

Sobre o escritor

O escritor e coaching Tiago Brunet, graduado em teologia, Mestre em Coaching, Fundador da Casa de Destino, CEO do Instituto Destiny, Autor e Escritor dos livros: O Maior Poder do Mundo, 12 dias para Atualizar a Sua Vida (Best Seller em diversos países), Rumo ao Lugar Desejado e Dinheiro é Emocional.

É uma referência em desenvolvimento pessoal e formação de lideranças. Ele promove palestras e imersões sobre carreira e aprimoramento pessoal, unindo conceitos teológicos, neurociência e gestão de pessoas. Além disso, ele possui um canal no YouTube com mais de 2 milhões de inscritos.

 

SERVIÇO:

“Tiago Brunet – Noite de Destino: O GPS para o seu futuro”

Data: 18 de agosto

Local: Teatro Rio Vermelho – Rua 4, 1400 – Centro

Horário: 20 horas

Ingressos: site Ingresso Digital

 

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Escritor goiano é indicado a prêmio nacional de Literatura

O escritor goiano Vladimir Roraima concorre ao Prêmio Book Brasil nas categorias: autor revelação do ano (2021) e melhor e-book narrativa curta (2021).

Roraima é o criador do personagem fictício ‘’Ramiro Januário’’, detetive profissional que investiga crimes na grande Goiânia, e foi indicado pelo júri técnico ao prêmio nas duas categorias com o conto ‘’O Paletó de Madeira’’, que narra a primeira aventura do detetive.

A votação do vencedor é popular e feita online até o dia 27 de fevereiro. Para participar da votação, acesse: www.premiobookbrasil.com.br

Sobre o prêmio

O Prêmio Book Brasil é um projeto social criado para o incentivo à literatura brasileira, e foi idealizado em meados de 2019, sem nenhum tipo de patrocínio. Ganhou destaque bem rápido e em um período de um mês, o prêmio contava com 62 escritores nacionais que no ato da inscrição fizeram doações de livros, itens escolares e jogos educativos a instituições carentes. Essas doações chegaram a mais de 150 crianças e adolescentes que puderam levar para suas casas livros, cadernos, lápis de cor, dentre outros itens.

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(Foto: Divulgação)

Bariani Ortencio ganha documentário aos 97 anos

Está disponível no canal oficial de vídeos do You Tube o documentário O Paulistinha e a Alma da Terra que mostra a trajetória do escritor e folclorista Bariani Ortencio. O curta, de 14 minutos, tem roteiro e direção de Edson Luiz de Almeida. O filme é uma grande homenagem ao homem que completou 97 anos em 2020 e que há 70 se dedica à valorização da cultura popular goiana e brasileira. Bariani Ortencio é autor de 44 livros e dono da maior biblioteca de Goiás, com 3.500 livros. Este mês ele recebeu o troféu Seriema, do Instituto Cultural Bernardo Élis.

Natural do interior de São Paulo, Bariani vive em Goiânia desde os primórdios da capital e na cidade imprimiu a marca do Paulistinha, seja como goleiro do Atlético Clube Goianiense, seja como empresário à frente da loja de discos homônima que revelou diversos cantores ao Brasil, seja por sua incansável busca dos diferentes aspectos da cultura goiana – folclore, música, culinária, literatura – o que o tornou um “naturalizado” por opção.

O documentário, financiado pelo Fundo de Arte e Cultura do Governo de Goiás, está disponível também nas versões Inglês, Espanhol, Libras e Áudio descrição.

Assista ao trailer:

Chico Buarque ganha maior prêmio literário da língua portuguesa

Sendo mais conhecido por sua obra musical, Chico Buarque também está se tornando um dos escritores mais importantes do país. Já ganhou 3 Prêmios Jabuti (Estorvo – 92, Budapeste – 2004, Leite Derramado – 2010), Prémio Casa de las Américas (Leite Derramado – 2013) e Prémio da Associação Paulista de Críticos de Arte (O Irmão Alemão – 2014).
O prêmio Camões, ganhado nesta terça-feira por Chico, é o mais importante para escritores de lingua portuguesa e premia o autor pelo conjunto de sua obra.
Foi criado em uma parceria de Brasil e Portugal e existe desde 1989 dando ao escolhido € 100 mil (R$ 452 mil).

 

Famoso nas redes sociais escritor Lucão lança seu terceiro livro em Goiânia

Dois avessos é o nome da mais nova obra do poeta goiano, Lucão. Em parceria com o paulista, Fabio Maca, ambos buscam explorar novas facetas de seus trabalhos.

Lucão aposta em poesias que fogem das famosas frases que o consagraram como poeta. Enquanto Maca participa não apenas do projeto gráfico mas, também, com seus escrito engavetados.

A ideia da criação de um projeto juntos veio da admiração e amizade que possuem, além do reconhecimento de que, se comparados, seus trabalhos são opostos.

Lucão manifesta o amor com leveza, quase grita sua certeza; Maca ainda tem algumas dúvidas, fala baixinho com medo de ser ouvido. Um é o avesso do outro, mas ambos compartilham da mesma paixão quando decidem juntar palavras e transformá-las em arte.

O livro começou a ser vendido em meados de abril, pela loja do autor.

Agora é a oportunidade do leitor adquirir a obra e ainda ter a garantia de que ele será autografado no evento que acontecerá na próxima quinta-feira (21), em Goiânia.

Serviço:

Onde: Studio Burquer – Rua T-37, 3000, St. Bueno
Quando: 21 de junho (quinta)
Horário: 19h30
Mais informações: Site do Lucão

 

Com uma narrativa visceral e irônica, Eberth Vêncio lança ‘Bipolar’

Na psicologia, a bipolaridade é classificada como uma mudança repentina de humor. No entanto, o novo livro do médico, empresário e escritor Eberth Vêncio mostra que o termo pode ter outras conotações. Com lançamento nacional agendado para a quinta feira, 7, em Goiânia, “Bipolar” (140 páginas, Editora Caminhos) é uma coletânea das melhores crônicas do autor publicadas na “Revista Bula”, ao longo de mais de dez anos.

Com um olhar pessimista e desiludido sobre pequenos e grandes acontecimentos, mas com uma narrativa visceral e irônica ao ponto de provocar o riso, Eberth Vêncio demonstra que a tristeza e ausência de esperança pode virar entretenimento.

 “Eu procuro retratar o meu sentimento com as coisas que eu vejo acontecendo. Como me deparo mais com situações negativas do que positivas, não tenho muito otimismo em relação ao ser humano em vários sentidos. Me deixo contagiar por esse negativismo, mas tento narrar os acontecimentos com a maior leveza possível”, explica o escritor.

A receita para essa interlocução entre duas características aparentemente contraditórias, ele explica: “Utilizo bastante ironia, sarcasmo, deboche da situação e até humor negro em relação às coisas pessimistas que escrevo”.

O livro será lançado no Restaurante Cateretê, localizado no Jardim Goiás, das 18h30 às 22h30. Interessados em comprar o livro, mas que não puderem comparecer ao lançamento, poderão realizar a compra pelo site da Editora e Livraria Caminhos. Os livros estarão à venda a partir do dia 8 de dezembro.

Sobre o autor

Eberth Vêncio (1965) é empresário, médico e escritor. Sua estreia literária aconteceu em 1999, com o livro “Faz de Conta Que Somos Felizes”. Participa de dezenas de antologias, com destaque para “Os Melhores Textos da Bula”, publicada em 2017. “Bipolar” é a segunda publicação individual do autor.

Confira a entrevista com o autor:

Você é um dos colaboradores mais antigos da “Revista Bula”. Seus textos foram lidos e compartilhados nas redes sociais centenas de milhares de vezes. Apesar de acabar com isolamento geográficos editorial, as redes sociais tem sido alvo de intenso debate, sobretudo pelo fato de ser um grande vetor de disseminação de mentiras, as chamadas Fake News. Em linhas gerais, na sua opinião, está mudança comportamental gerada pelas plataformas sociais foi benéfica?

Melhorar a comunicação entre as pessoas sempre é louvável. O problema é que a liberdade completa para expressar pontos de vista criou e está criando verdadeiros monstros. Há muita crueldade nas redes sociais. Muitos dizem tudo o que vem à cabeça sem medir as consequências. Uma vez que o ser humano tem a tendência inata para disseminar injúrias e desgraceiras, esse campo virtual anda minado demais, um inferno. Não vejo como amenizar tanta atrocidade verbal.

Como autor, você é da ala dos inspirados ou dos construtores?

A inspiração existe, mas é rara e vem quando lhe dá na telha. Aprendi a construir, por pura necessidade. É muito mais trabalhoso e as chances de dar errado aumentam. Nada como aquela boa e velha ideia que surge do nada e se transforma num texto quase perfeito. Meus melhores textos foram movidos por inspirações poderosas. No meu caso, estimo 10% de inspiração e 90% de muita transpiração.

Quais autores te influenciaram e o qual o seu livro de cabeceira?

Nunca fui um leitor contumaz. É preciso confessar que fui um adolescente relapso e preguiçoso que lia apenas por obrigação. Isso está me custando caro até hoje, pois perdi um tempo precioso. Monteiro Lobato me ensinou a sonhar; Fernando Sabino me divertiu; Carlos Drummond foi e continua sendo o maior ícone literário para mim; Machado, o professor. Aprendi a delirar, sem perder a compostura, com as histórias extraordinárias de José J. Veiga. Acho que “O Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa foi o livro transformador. É uma obra incrível.

Vinicius de Moraes estava errado: é mais fácil ser triste do que alegre?

Vinicius não disse que era fácil. Ele disse que era melhor ser alegre que ser triste. Concordo com ele. Morro de inveja de gente alto astral, pessoas que estão quase sempre radiantes. Elas me contagiam e me deixam também envergonhado, pois, acabo sacando que posso fazer melhor do que tenho feito. Carrego o grave defeito de sofrer por antecedência e de nutrir um sentimento nada otimista em relação ao ser humano. A história da humanidade é uma prova cabal de que o homem não tem conserto. Porém, em respeito e admiração àqueles que fizeram e fazem um esforço hercúleo para transformar o mundo num lugar melhor para se viver, estou tentando mudar a minha visão particular e derrotada das coisas, mas, não está fácil. E não adiante insistir: não vou fazer análise.

Tem uma série de entrevistas suas (como entrevistador) publicadas na “Revista Bula”. Qual a primeira pergunta faria para Deus se fosse escalado para entrevistá-lo?

 Para que tanto mistério?

A poesia se tornou um gênero literário menor?

Não. Não existe nada maior do que a poesia. Juntamente com a música de qualidade, ela é insuperável, redentora e salva vidas, como a minha, por exemplo.

 

TRECHO DO LIVRO “BIPOLAR”

“Pode soar falso. Pode parecer frescura. Pode ser que eu seja mesmo um fofo. Na verdade, eu confesso que tenho muita dificuldade para lidar com os elogios. Eu simplesmente me embanano todo, perco o rebolado. Vocês supõem saber quem eu sou. Mas, vocês não me conhecem. Portanto, é chegada a hora de entenderem um pouco mais a meu respeito, se é isso que lhes interessa mais do que uma cólica renal no meio de um feriado prolongado. Vou ser curto e grosso. Vou dizer tudo o que sei de mim. Daquilo que eu não sei, voaremos juntos, burros feitos uma porta. Pra início de conversa: não sou essa Coca-Cola toda que vocês estão pensando. Eu pareço culto. Eu não sou tão culto assim. Eu não resistiria a meia hora de exumação dos clássicos da literatura com os imortais mais vaidosos de uma academia de sopa de letrinhas. Pior que tudo, a memória trai-me a todo instante. Não me lembro dos nomes dos livros, dos autores consagrados, dos protagonistas marcantes, das gororobas que comi hoje no almoço, dessa mulher deitada ao meu lado. Eu juro, meu amor: não é nada disso que você está pensando. Percebem? O meu caso é ainda mais grave que a queda do trema.”

SERVIÇO:

Lançamento do livro “Bipolar”, do escritor Eberth Vêncio

Data: 7 de dezembro, quinta-feira

Horário: 18h30 às 22h30

Local: Restaurante Cateretê, localizado na Rua 52, nº 357, Jardim Goiás (próximo ao K Hotel)

Contato: (62) 3877-7787

Acesso gratuito

Artista goiano de apenas 15 anos está no Programa Encontro com Fátima Bernardes desta terça

 

Desde 7 anos de idade, Hector Ângelo vem atraindo leitores de várias idades. Escritor e artista plático, autor de vários livros.

Recentemente, o garoto de apenas 15 anos de idade, recebeu um convite para expor um dos seus trabalhos em Paris, no Carrossel do Louvre, uma galeria que dá acesso ao Museu do Louvre.

Hector Ângelo, é um dos convidados desta terça-feira (15) do Programa Encontro com Fátima Bernardes da rede globo.

 

Foto: Vanessa Martins G1

Autor goiano ensina público a desenvolver o próprio potencial

Aconteceu no último dia 13 de fevereiro, na Igreja Shalom, em Anápolis, o lançamento do livro “A Mudança Necessária – Desenvolvendo o Potencial que Há Dentro de Você”, do autor goiano Lucas Jorge. Livro que marca a estreia do administrador de empresas como escritor, “A Mudança Necessária” tem como objetivo incentivar o leitor a refletir sobre as possibilidades de mudança que ele mesmo pode alcançar em sua vida. Além dos 9 capítulos que compõem o livro, o leitor também pode fazer um teste de perfil (disponível também no site do autor, o www.lucasjorge.com), que identifica os papéis que cada um exerce na vida, ajudando a definir planos e projetos.

O livro já está à venda na loja virtual do autor, no site www.lucasjoge.com/shop, na versão impressa (R$24,90) e em e-book (R$12,90).

Saiba mais sobre o livro “A Mudança Necessária – Desenvolvendo o Potencial que Há Dentro de Você”:

 

“A Mudança Necessária – Desenvolvendo o Potencial que Há Dentro de Você” de Lucas Jorge

à venda online pelo www.lucasjoge.com/shop.

Flamboyants: uma crônica de Rubem Alves

Texto de Rubem Alves extraído do jornal “Correio Popular”, de Campinas (SP), onde o escritor mantinha uma coluna bissemanal.

Sobre o autor: Rubem Azevedo Alves foi um psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro, é autor de livros religiosos, educacionais, existenciais e infantis.

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Flamboyant no Setor Marista em Goiânia (Foto: Marcelo Albuquerque)

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Flamboyant no Setor Bueno em Goiânia (Foto: Marcelo Albuquerque)

 

Os Flamboyants

A manhã estava linda: céu azul, ventinho fresco. Infelizmente, muitas obrigações me aguardavam. Coisas que eu tinha de fazer. Aí, lembrei-me do menino-filósofo chamado Nietzsche que dizia que ficar em casa estudando, quando tudo é lindo lá fora, é uma evidência de estupidez. Mandei as obrigações às favas e fui caminhar na lagoa do Taquaral.

Bem, não fui mesmo caminhar. Meu desejo não era médico, caminhar para combater o colesterol. Caminhar, para mim, é uma desculpa para ver, para cheirar, para ouvir… Caminho para levar meus sentidos a dar um passeio. Tanta coisa: os patos, os gansos, os eucaliptos, as libélulas, a brisa acarinhando a pele — os pensamentos esquecidos dos deveres. Sem pensar, porque, como disse Caeiro, “pensar é estar doente dos olhos”. Aí, quando já me preparava para ir embora, já no carro, vejo um amigo. Paramos. Papeamos. Ele, com uma máquina fotográfica. Andava por lá, fotografando. Não tenho autorização para dizer o nome dele. Vou chamá-lo de Romeu, aquele que amava a Julieta. Me confidenciou: “Vou fazer uma surpresa para a Julieta. Ela adora os flamboyants. E eles estão maravilhosos. Vou fazer um álbum de fotografias de flamboyants para ela… Você não quer vir até a nossa casa para tomar um cafezinho?”

Fui. Mas ele me advertiu: “Não diga nada para ela. É surpresa…” Esta história tem sua continuação um pouco abaixo. Recomeço em outro lugar.

As crianças da 3ª série do Parthenon, escola linda, me convidaram para uma visita. Elas tinham estado fazendo um trabalho sobre um livrinho que escrevi, O Gambá Que Não Sabia Sorrir. Queriam me mostrar. Foi uma gostosura. É uma felicidade sentir-se amado pelas crianças. Eu me senti feliz. Aí aconteceu uma coisa que não estava no programa. Uma menininha, na hora das perguntas, disse que ela havia lido a minha crônica Se Eu Tiver Apenas Um Ano a Mais de Vida…

Espantei-me ao saber que uma menina de nove anos lia minhas crônicas. Lia e gostava. Lia e entendia. Aí ela acrescentou: “Recortei a crônica e trouxe para a professora…” Confirmou-se aquilo de que eu sempre suspeitara: as crianças são mais sábias que os adultos. Porque o fato é que muitos adultos ficaram espantados e não quiseram brincar de fazer de contas que eles tinham apenas um ano a mais para viver. Ficaram com medo. Acharam mórbido.

As crianças, inconscientemente, sabem que a vida é coisa muito frágil, feito uma bolha de sabão. Minha filha Raquel tinha apenas dois anos. Eram seis horas da manhã. Eu estava dormindo. Ela saiu da caminha dela e veio me acordar. Veio me acordar porque ela estava lutando com uma idéia que a fazia sofrer. Sacudiu-me, eu acordei, sorri para ela, e ela me disse: “Papai, quando você morrer você vai sentir saudades?” Eu fiquei pasmo, sem saber o que dizer. Mas aí ela me salvou: “Não chore porque eu vou abraçar você…”

As crianças sabem que a vida é marcada por perdas. As pessoas morrem, partem. Partindo, devem sentir saudades — porque a vida é tão boa! Por isso, o que nos resta fazer é abraçar o que amamos enquanto a bolha não estoura.

Os adultos não sabem disso porque foram educados. Um dos objetivos da educação é fazer-nos esquecer da morte. Você conhece alguma escola em que se fale sobre a morte com os alunos? É preciso esquecer da morte para levar a sério os deveres. Esquecidos da morte, a bolha de sabão vira esfera de aço. Inconscientes da morte aceitamos como naturais as cargas de repressão, sofrimento e frustração que a realidade social nos impõe. Quem sabe que a vida é bolha de sabão passa a desconfiar dos deveres… E, como disse Walt Whitmann, “quem anda duzentos metros sem vontade, anda seguindo o próprio funeral, vestindo a própria mortalha”.

O pessoal da poesia está levando a sério a brincadeira. Eu mesmo já fiz vários cortes drásticos em compromissos que assumi. Eram esferas de aço. Transformei-os em bolhas de sabão e os estourei. Pois o pessoal da poesia decidiu que, no programa de um ano de vida apenas, num dos nossos encontros não haveria leitura de poesia: haveria brinquedos e brincadeiras. Cada um trataria de desenterrar os brinquedos que os deveres haviam enterrado.

Obedeci. Abri o meu baú de brinquedos. Piões, corrupios, bilboquês, iô-iôs e uma infinidade de outros brinquedos que não têm nome. Seria indigno que eu levasse piões e não soubesse rodá-los. Peguei um pião e uma fieira e fui praticar. Estava rodando o pião no meu jardim quando um cliente chegou. Olhou-me espantado. Ele não imaginava que psicanalistas rodassem piões. Psicanalista é pessoa séria, ser do dever. Pião é coisa de criança, ser do prazer.

Acho que meus colegas psicanalistas concordariam com meu paciente. A teoria diz que um cliente nada deve saber da vida do psicanalista. O psicanalista deve ser apenas um espaço vazio, tela onde o paciente projeta suas identificações. Mas a minha vocação é a heresia. Ando na direção contrária. “Você sabe rodar piões?”, eu perguntei. Ele não sabia. Acho que ficou com inveja. A sessão de terapia foi sobre isso. E ele me disse que um dos seus maiores problemas era o medo do ridículo. Crianças são ridículas. Adultos não são ridículos. Aí conversamos sobre uma coisa sobre a qual eu nunca havia pensado: que, talvez, uma das funções da terapia seja fazer com que as pessoas não tenham medo das coisas que os “outros” definem como ridículo. Quem não tem medo do ridículo está livre do olhar dos outros.

Preparei o encontro de poesia de um jeito diferente. Nada de sopas sofisticadas. Fui procurar macarrão de letrinha, coisa de criança. Não encontrei. Encontrei estrelinhas. Fiz sopa de estrelinhas. E toda festa de criança tem de ter cachorro-quente. Fiz molho de cachorro-quente. E nada de vinho. Criança não gosta de vinho. Gosta é de guaraná.

Foi uma alegria, todo mundo brincando: iô-iôs, piões, corrupios, bilboquês, quebra-cabeças, pererecas (aquelas bolas coloridas na ponta de um elástico)… Rimos a mais não poder. Todo mundo ficou leve. Aí tive uma idéia que muito me divertiu: que na sala de visitas das casas houvesse um baú de brinquedos. Quando a conversa fica chata, a gente abre o baú de brinquedos e faz o convite: “Não gostaria de brincar com corrupio?” E a gente começa a brincar com o corrupio e a rir. A visita fica pasma. Não entende. “Quem sabe, ao invés do corrupio, um bilboquê?” E a gente brinca com o bilboquê. Aí a gente estende o brinquedo para a visita e diz: “Por favor, nada de acanhamentos! Experimente. Você vai gostar…” São duas as possibilidades. Primeira: a visita brinca e gosta e dá risadas. Segunda: ela acha que somos ridículos e trata de se despedir para nunca mais voltar…

Pois a Julieta — aquela do Romeu — me trouxe uma pipa de presente. Vou empinar a pipa em algum gramado da Unicamp. E aí ela nos contou da surpresa que lhe fizera o Romeu. Fotografias de flamboyants vermelhos — que coisa mais romântica! Árvores em chamas, incendiadas! Cada apaixonado é um flamboyant vermelho! E nos contou das coisas que o Romeu tivera que fazer para que ela não descobrisse o que ele estava preparando.

Mas o mais bonito foi o que ele lhe disse, na entrega do presente. Não sei se foi isso mesmo que ele disse. Sei que foi mais ou menos assim: “Sabe, Julieta, aquela história de ter um ano apenas a mais para viver… Pensei que você gostava de flamboyants e que você ficaria feliz com um álbum de flamboyants. E concluí que, se eu tiver um ano apenas a mais para viver, o que quero é fazer as coisas que farão você feliz…”

Um ano apenas a mais para viver: aí os sentimentos se tornam puros. As palavras que devem ser ditas, devem ser ditas agora. Os atos que devem ser feitos, devem ser feitos agora. Quem acha que vai viver muito tempo fica deixando tudo para depois. A vida ainda não começou. Vai começar depois da construção da casa, depois da educação dos filhos, depois da segurança financeira, depois da aposentadoria…

As flores dos flamboyants, dentro de poucos dias, terão caído. Assim é a vida. É preciso viver enquanto a chama do amor está queimando…

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Rubem Alves

Conheça a história de Rafael Magalhães, autor do fenômeno literário Precisava Escrever

Rafael Magalhães, de 29 anos, é o nome por trás do fenômeno literário Precisava Escrever. Nascido em Goiânia, Rafael é tímido à primeira vista, e é na escrita onde ele expressa tudo o que sente. Formado em Educação Física, ele até chegou a trabalhar como personal trainer e professor, mas a paixão pela leitura e pela escrita era como uma força que o empurrava para a literatura. “Sempre tive a necessidade de registrar minha visão do mundo através da escrita, daí o nome Precisava Escrever”, revela Rafael. Em 2011, ele criou o blog, onde guardava tudo o que escrevia.

Rafael

Rafael Magalhães, do Precisava Escrever, em visita ao Curta Mais.

Em 2013, Rafael escreveu um texto em homenagem ao casamento do irmão mais velho, Leonardo. Durante a cerimônia, quando o padre fez a tradicional pergunta do “quem tem algo a dizer, fale agora ou cale-se para sempre”, Rafael levantou e foi até o altar, para espanto dos convidados e do próprio irmão. Lá, ele leu um discurso intitulado “Tudo aquilo que nunca foi dito”, que hoje é um dos capítulos de seu livro. O estímulo que faltava para se dedicar à literatura nasceu exatamente aí: o padre Edson Costa, emocionado com o texto, disse que ele não poderia ser egoísta em não compartilhar o dom de escrever com as pessoas, e segundo ele, “Deus falou através da vida daquele homem”.

A partir de então, Rafael passou a compartilhar os textos autorais nas próprias redes sociais, e no dia 20 de outubro de 2013 nascia o instablog Precisava Escrever, que hoje tem mais de 640 mil seguidores e outras 85 mil curtidas na página do Facebook. O perfil é seguido (e amado) por celebridades como Grazi Massafera, Carol Nakamura, Fiorella Mattheis, Wesley Safadão, Tati Wernek, David Luiz e várias outras personalidades.

O sucesso instantâneo rendeu reconhecimento nacional e um livro independente com 10 mil exemplares vendidos, um grande feito para o mercado editorial. Por onde vai nas tardes e noites de autógrafos, é recebido com filas e mais filas. O autor já passou por mais de 10 capitais e ao encontra-lo, o público cai aos prantos – experiência nova para o jovem autor. “É até assustador. Sou recebido como se fosse uma celebridade! Ao mesmo tempo em que é prazeroso ver o carinho e reconhecimento, não estou acostumado com esse tipo de manifestação”, Rafael revela.

Rafael

Rafael Magalhães e Bruna Paiva no Rio de Janeiro.

Foto: Adolescente Demais.

Segundo Rafael, um dos textos mais difíceis que escreveu foi o post em homenagem ao cantor Cristiano Araújo. O autor se emocionou muito enquanto escrevia o texto, e ficou preocupado com que as pessoas achassem que ele estivesse se aproveitando de um momento de luto para se autopromover. No velório do cantor, Rafael foi abraçado por mais de 100 pessoas. “Muitos artistas que eu já era fã vieram me agradecer pela homenagem ao Cristiano”, conta Rafael. A própria família do artista usou o texto na lembrança póstuma da missa de sétimo dia. O post bateu recorde de curtidas (50 mil) e comentários (mais de 20 mil).

Precisava

Homenagem de Rafael Magalhães a Cristiano Araújo.

O livro Precisava Escrever é uma coletânea de 120 crônicas, entre as publicadas nas redes sociais e conteúdo exclusivo. Seus livros são vendidos diretamente no blog Precisava Escrever por R$ 49,90 mais taxa de envio, de R$ 15. Além do livro, os fãs podem escolher canecas e quadros com as frases mais famosas do blog. “Aproveito para lançar o desafio ao público do Curta Mais para que leiam meu livro. Pelo menos uma das crônicas contará a história da vida de cada um de vocês” – desafia Rafael.

O novo livro já está escrito e prestes a entrar na gráfica. O lançamento será em Goiânia, na primeira quinzena de dezembro. O público pode esperar mais 100 novas crônicas e muito conteúdo inédito.

Precisava

Canecas, almofadas, marcadores de livros e quadro também estão à venda na loja do Precisava Escrever.

 

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