Ave é encontrada no Cerrado após quase 100 anos sem ser vista
Um artigo científico publicado recentemente na Bulletin of the British Ornithologists’ Club (BBOC), um jornal renomado que contém muitas descrições de novas aves para a ciência, conta detalhes de uma expedição na Chapada dos Veadeiros, ocorrida em dezembro de 2020, onde o jovem naturalista Estevão Santos e o biólogo Marcelo Kuhlmann foram surpreendidos por um encontro totalmente inesperado: ficaram frente a frente com uma saíra-de-cabeça-azul, subespécie Stilpnia (Tangara) cyanicollis albotibialis.
Estevão e Marcelo organizaram uma expedição na mata para observar interações entre aves e a flora local, já que na época das chuvas aumenta a quantidade de frutos e sementes disponíveis na região. O que eles não imaginavam, porém, era observar a misteriosa ave logo no começo do percurso. “Quando chegamos na beira do rio São Miguel a gente viu uma pixirica, que pertence a um grupo de plantas frutíferas muito comum no Cerrado. E aí eu me lembro de ver um passarinho saltando na ponta da árvore, de um galho ao outro. A cor escura dele me chamou a atenção, porque era bem visível mesmo sem a utilização do binóculo. Quando eu bati o binóculo eu vi imediatamente que era essa saíra e quase caí pra trás”, contou Estevão em entrevista para o G1.
O curioso é que a dupla encontrou a Saíra na região de Alto Paraíso de Goiás, mesmo lugar que José Blaser, naturalista alemão, fez o primeiro e único registro da ave no ano de 1929, há quase 100 anos.
O local onde a ave foi vista é uma propriedade particular na Chapada com cerca de 80% da vegetação nativa conservada. Descobertas e artigos como esses também destacam a importância da conservação e mostram que, em ambientes conservados, ainda vivem espécies raras e desconhecidas.
Tanto macho como a fêmea da subespécie saíra-de-cabeça-azul possuem a mesma cor da plumagem das penas, de um azul extremamente vibrante na cabeça e o corpo preto com detalhes amarelados e alguns esverdeados na asa. Como a mata onde a ave foi avistada é muito grande, os pesquisadores suspeitam que possam haver mais indivíduos.
Imagem: Alex Parada
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