Vídeo flagra mulher sofrendo golpe do celular de azulejo na Avenida Anhanguera

Ela pagou 150 reais e recebeu um pedaço de cerâmica

Kenji Takahashi
Por Kenji Takahashi
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Era só mais uma manhã ensolarada como qualquer outra para Aline (nome fictício), em que ela, assim como muitos outros goianos, passeavam pelas ruas centrais de Goiânia – as quais são um ponto forte de comércio diariamente. Aos sábados, em especial, o clima em torno da movimentada Avenida Anhanguera costuma ser tranquilo, com muitas pessoas adquirindo produtos, alimentos ou somente admirando a cultura regional diversificada.
Todavia, a tranquilidade aparente escondia perigos que Aline (e muitos outros que por ali passavam) jamais poderia imaginar. Com apenas 150 reais em mãos – dinheiro acumulado com certo sacrifício – ela resolveu procurar por um novo celular dentre os muitos disponibilizados a preços mais acessíveis naquela região. A origem dos aparelhos é duvidosa, mas os vendedores garantem a procedência dos produtos. Esta é uma alternativa escolhida por muitas pessoas visando fugir dos preços elevados de celulares vendidos diretamente em lojas de eletrônicos.
Aline estava com um celular (emprestado pela irmã) e desejava voltar para casa com uma surpresa: um smartphone “novo”, já que, mesmo sendo um produto de segunda mão, ela testaria e comprovaria que o aparelho estaria em perfeitas condições. E bem, foi exatamente o que ela fez.

 

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Foto: Avenida Anhanguera na manhã(3) em que ocorreu o golpe/CurtaMais/Cinegrafista.

Caminhando pela Avenida Anhanguera, por volta das 13:00h do último sábado (3), a mulher que preferiu não se identificar, foi abordada por um vendedor ambulante de celulares usados. O homem apresentou dois modelos de smartphone para Aline, que chegou a testar o aparelho antes de fechar a negociação.
Do outro lado da Avenida Anhanguera, divididos por dezenas de carros e a linha do Eixão, um jovem filmava, anonimamente, toda a ação em que Aline se envolvia. Diego (outro nome fictício para preservar a identidade do cinegrafista), que tem em torno de 30 anos, já havia sido abordado pelo mesmo ambulante horas antes.
Mas, apesar de ter sido abordado, ele reconheceu que estavam tentando aplicar-lhe um golpe. Após discutir com os vendedores e ter sido ameaçado, conforme nos relatou, ele saiu determinado a flagrar a ação dos criminosos, para que mais pessoas tomassem conhecimento sobre o crime.

 

O golpe

Voltando um pouco no tempo, reencontramos Aline, com idade em torno dos 40 anos, testando o aparelho celular que o ambulante lhe oferecia. Tudo funcionava perfeitamente. A tela, a câmera, o touch e o melhor (!), o preço estava muito em conta. Seria a saída perfeita para Aline, já que ela não tinha dinheiro para adquirir um celular novo em folha. O modelo do smartphone, inclusive, parecia bom demais por aquele preço, todavia ela jamais imaginou que estivesse prestes a cair em um golpe.
Após fechar a negociação, o ambulante colocou o celular em um pequeno saco preto de proteção e entregou para Aline, que lhe devolveu 150 reais como pagamento. Venda realizada e a mulher saiu satisfeita caminhando pela Avenida Anhanguera, mas do outro lado, Diego, que havia filmado toda a ação, atravessou a rua cheia de carros, saltou as grades de proteção do Eixo Anhanguera e enfim alcançou a vítima.
Diego perguntou se a mulher havia concretizado a compra e ela disse que sim, já perguntando ao rapaz se ela havia feito algo errado, ou se o celular que ela comprou pertencia ao jovem. Foi então que o rapaz disse à mulher que ela havia caído em um golpe.

 

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Foto: Vítima antes de abrir o saco contendo um azulejo/CurtaMais/Cinegrafista.

A princípio, Aline não acreditou no que Diego havia lhe contado. Ao lado dela, uma jovem e uma vendedora perceberam a situação e se aproximaram da vítima, explicando como funciona o golpe em que ela havia caído. Antes mesmo de abrir a bolsa e retirar o celular envolto por uma capa preta protetora (amarrada de modo extremamente forte, diga-se de passagem), a mulher já sentia-se desesperada ao pensar no dinheiro perdido. Outros vendedores ambulantes e de lojas de departamento acompanhavam tudo em silêncio, com medo de denunciar casos do tipo.
Para confirmar o crime, foi necessária uma tesoura para abrir o saco preto e retirar o suposto celular. E, como afirmado por Diego, após abrir o saco, dentro dele havia apenas um pedaço de azulejo dentro de uma capa de celular, conforme você pode acompanhar no vídeo abaixo:

 

O desespero e a revolta de Aline foram imediatos. Ela não sabia o que fazer: se ia atrás do criminoso (nesta altura, provavelmente já bem distante do local do crime) ou se iria a uma delegacia.
Com os vídeos em mãos, Aline, Diego e uma outra jovem que apareceu para ajudar à vítima conversaram com um policial que se encontrava nas redondezas. Ciente de que muito dificilmente ela conseguiria recuperar o dinheiro perdido, Aline se sentiu desanimada para ir registrar um boletim de ocorrência.
No entanto, Diego incentivou a mulher a ir até uma delegacia e revelou-lhe algo curioso: ele próprio havia sido vítima do mesmo golpe há cerca de 3 semanas, quando havia comprado um pedaço de cerâmica por 500 reais.
Explicando-se, Diego afirmou que não agiu de imediato, no caso de Aline, pois não sentia-se seguro em denunciar o criminoso no ato da fraude, até porque a única forma de mostrar para outras pessoas este golpe seria filmando e enviando para todos os conhecidos possíveis.
Aline ainda não decidiu se irá registrar um boletim de ocorrência. Se você ou alguém que você conheça, já caiu neste golpe, avise nos comentários.

 

Dicas

1 | Não aceite celular que venha em sacos pretos, pois os golpistas são capazes de trocar os sacos em questão de segundos. Inclusive, alguns ambulantes se referem a este golpe como o “golpe da mágica”;
2 | Não se deixe intimidar quando algum vendedor lhe pressionar para comprar rápido, usando a desculpa de que há pessoas de olho no celular à venda, como ladrões, por exemplo;
3 | Prefira comprar produtos diretamente de lojas autorizadas, pois só elas oferecem garantia;
4 | Duvide de ofertas mirabolantes. Um celular top de linha com preço barato demais: hora de ligar o sinal vermelho!

 

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Foto: Pedaço de azulejo vendido como smartphone/CurtaMais/Cinegrafista.

 

Mais informações sobre o caso podem ser adicionadas a qualquer momento.