Entenda como os hormônios são importantes para a saúde dos cabelos
Eles desempenham um papel crucial na saúde capilar e podem ser os grandes heróis ou vilões da história
Os hormônios são substâncias químicas liberadas por uma célula especializada, conduzidos pela circulação e atuam em células alvos distantes. Eles têm um papel fundamental: integrar os seres humanos com o ambiente, regulando metabolismo energético, ciclo sono/vigília, maturação e manutenção sexual, crescimento e envelhecimento. Agem monitorando o ambiente interno para manter a homeostasia, que significa manter as funções corporais ao longo dos anos.
O crescimento do cabelo ocorre em ciclos, e cada fio de cabelo pode estar em uma fase diferente de crescimento. Estes ciclos são anágena (crescimento), catágena (transição) e telógena (queda). Hormônios específicos podem influenciar cada uma dessas fases, afetando diretamente a saúde e a aparência dos cabelos.
“Um dos principais hormônios relacionados à saúde capilar feminina é o estrogênio. Esse hormônio feminino ajuda a prolongar a fase anágena, que é a fase de crescimento do cabelo. Na puberdade, por exemplo, quando as meninas começam a produzir o estrogênio o cabelo fica mais grosso e volumoso. Níveis adequados de estrogênio promovem cabelos mais longos, mais densos e mais saudáveis. Por outro lado, durante a menopausa ou outras condições que resultam em baixa produção de estrogênio, as mulheres ficam com cabelos mais secos e finos, explica a dermatologista especialista em tricologia, Paula Luz Stocco.
Outro hormônio de grande relevância é o dihidrotestosterona (DHT), derivado da testosterona. Altos níveis de DHT podem ligar-se a receptores nos folículos pilosos, especialmente nas áreas do couro cabeludo, diminuindo-os gradualmente, o que resulta em cabelos mais finos e eventualmente em queda de cabelo, um processo conhecido como alopecia androgenética. Controlar os níveis de DHT, seja por alterações na dieta, estilo de vida ou tratamentos médicos, pode ajudar a minimizar esses efeitos.
O cortisol, conhecido como o hormônio do estresse, também tem um papel crucial na saúde dos cabelos. Níveis elevados de cortisol podem levar à interrupção do ciclo de crescimento capilar, propiciando a entrada prematura dos fios na fase telógena, que é a fase de queda, culminando em queda de cabelo. Gerenciar o estresse por meio de técnicas de relaxamento, exercícios físicos e boa alimentação pode ajudar a controlar os níveis de cortisol.
A insulina e outros hormônios relacionados ao metabolismo, como os da tireoide (tiroxina e triiodotironina), também influenciam na saúde dos cabelos. Desequilíbrios nesses hormônios podem levar à queda capilar, por isso, é importante manter a saúde geral do corpo e, particularmente, a regulação hormonal para promover o crescimento saudável dos cabelos.
“Os hormônios desempenham um papel crucial na regulação do crescimento e da saúde dos cabelos. Desequilíbrios hormonais podem levar a problemas como queda de cabelo, enfraquecimento e alteração na textura dos fios. Portanto, é essencial manter uma atividade hormonal saudável não apenas para o bem-estar geral, mas também para manter um cabelo vibrante e saudável. Abordar questões hormonais através de um estilo de vida saudável, dieta equilibrada e, quando necessário, intervenção médica, é fundamental para manter os cabelos em bom estado”, continua a dermatologista.
No consultório: primeiras impressões e diagnóstico inicial
Em todas as fases da vida, é essencial adotar uma abordagem holística para lidar com a queda de cabelo, considerando tanto intervenções médicas quanto mudanças no estilo de vida. Consultar um especialista é sempre recomendado para diagnósticos específicos e tratamentos personalizados. Já no consultório, o passo mais importante da consulta é a anamnese, que deve ser minuciosa e bem abrangente.
“Nela eu abordo alguns aspectos do dia a dia do paciente: como é a sua alimentação, as noites de sono, práticas diárias, como funciona o intestino e por aí vai. Em seguida realizo um exame de dermatoscopia capilar digital que serve tanto para dar um diagnóstico mais preciso como melhorar o acompanhamento, junto de alguns exames laboratoriais”, conta a dermatologista.
É preciso avaliar caso a caso, não existe um protocolo mágico que resolva todos os problemas. Terapia de reposição hormonal é um dos caminhos, embora exista muito preconceito sobre a prática, justamente, pela indicação sem acompanhamento médico ou meramente por questões estéticas.
“Vale lembrar que o hormônio nem sempre é o vilão. Um exemplo é, se ele causasse só a queda de cabelo, os adolescentes não teriam a fase da vida onde o cabelo é mais viçoso e denso (no despertar hormonal). Durante a gestação, em alguns casos, eles podem aumentar o volume capilar 10 a 20% por conta dos fatores de crescimento, prevalência da progesterona e estrogênio específicos da gestação”, desmistifica.
Na terapia de reposição, o objetivo é colocar esses hormônios em doses fisiológicas, repor se tiver, de fato, alguma diminuição desses níveis ótimos hormonais, lembrando que na terapia de reposição hormonal é preciso afastar possíveis contra-indicações. Uma vez afastadas e indicadas , a reposição hormonal trará melhora na qualidade de vida e bem-estar do paciente.
Quando se fala de reposição hormonal não estamos falando apenas de hormônios de gênero específico: testosterona, progesterona e estrogênio, estamos falando da importância de suplementar melatonina, cortisol, DHEA, se tiver alguma indicação. O que faz a pessoa envelhecer, muitas vezes, é sim essa queda fisiológica ou patológica nos hormônios, então, colocar toda a fisiologia em níveis ótimos, tanto de vitaminas como de hormônios vai proporcionar uma plena vitalidade e longevidade saudável.
Ao compreendermos que as alterações hormonais podem ser grandes vilões por trás da saúde dos cabelos, torna-se essencial buscar maneiras eficazes para contornar esse desafio. Recorrer a métodos como modificação do estilo de vida, medicação e tratamentos hormonais sob a supervisão de especialistas, como dermatologistas e endocrinologistas, é mais do que uma escolha, é um investimento na sua saúde e bem-estar.