No dia 28 de março deste ano, dona Maria Pereira da Silva, de 91 anos, concluiu a última prova para conquistar o tão sonhado diploma de ensino médio. Que rendeu comemoração com direito a ‘canudo’, pizza e muito mais.

Moradora do Recanto das Emas, região a 35Km de Brasília, dona Maria decidiu que iria retomar os estudos aos 89 anos. Em entrevista ao portal UOL, ela conta que nasceu no Rio Grande do Norte e morava com seus pais e duas irmãs.

Como na sua região não tinha escolas, começou a estudar tarde, aos 10 anos e, aos 14, precisou parar de estudar para ajudar na renda de casa. Especialmente quando, num dia, seu pai saiu para buscar trabalho e ficou um ano desaparecido.

Foi quando Maria começou a dar aula para crianças mais novas, na prefeitura da cidade, mesmo tendo completo só até a 3ª série. Dava aulas de matemática, caligrafia e leitura. Com um salário de 40 mil réis, fazia o que gostava. Além de ser um método de continuar sempre estudando.

Algum tempo depois ela se casou e mudou para Brasília.

Então, aos 40 anos, quando matriculou seus filhos na escola, foi convencida pela diretora a voltar a estudar. Assim, terminou o ensino fundamental. A rotina de cuidar dos filhos, da casa e trabalhar fora acabou a afastando de novo dos estudos.

Só 49 anos depois, quando um de seus netos que a viu lendo decidiu perguntar se ela tinha vontade de voltar a estudar. Dona Maria confessa que ficou meio pensativa, mas o neto a matriculou e logo foram comprar os materiais.

“As pernas incharam demais e não conseguia caminhar. Minha rotina era tranquila, arrumava a casa de manhã e estudava à noite. No sábado era o dia inteiro. Minha filha mais velha me levava e buscava. Se atrasasse, eu brigava com ela mesmo. Gosto de compromisso. Uma matéria que não dá pra mim é inglês. Eu amo matemática, fazer contas. Mas inglês é difícil. Eu mal sei falar português.”

A senhora ainda relata que com 11 filhos, 28 netos, 48 bisnetos e 3 tataranetos, muitos não acreditaram que ela iria conseguir se formar. E conta que em dois anos só faltou a escola dois dias, porque ficou doente.

Mas a história não para por aí. Agora, dona Maria quer começar a graduação em teologia. “Sei que faculdade precisa de mais esforço, dedicação, espero estar bem para conseguir. Mas tenho vontade sim, viu?”