2ª etapa do encontro de culturas tradicionais da Chapada dos Veadeiros

Desde o dia 15 de julho acontece na região centro-oeste do estado de Goiás um expressivo evento dedicado às manifestações e costumes dos povos originários e das comunidades tradicionais do Brasil. 

Entre os dias 22 e 30 de julho, os indígenas dão lugar às manifestações de outros povos, que também são a expressão das raízes do nosso país. O IV Encontro Quilombola da região da Chapada dos Veadeiros abre a nova semana, que também oferece seus palcos para artistas contemporâneos e de expressão regional. Nesta etapa o poder das festas religiosas e das artes produzidas pelo povo brasileiro é que garantem um caleidoscópio de cores, luzes, cantos, cenas e passos. Esta parte do evento está sediada na Vila de São Jorge, distante 36 Km de Alto Paraíso.

Algumas das apresentações programadas são: Festa da comunidade do Sítio Histórico Kalunga; Show e gravação de DVD do grupo Passarinhos do Cerrado (GO), dia 23/07; Festa da Caçada da Rainha de Colinas do Sul (GO); Caretada de Paracatu (MG); Show do grupo Mawaca (SP); Show de Alessandra Leão e Caçapa (SP); Show de Doroty Marques (Arreuní); Show de Emília Monteiro (Amapá), Silvan (PA) e Mestre Solano (PA); Show da Turma que Faz (Grupo de jovens de Alto Paraíso); Congo de Niquelândia e Terno de Moçambique; Show de Cátia de França (PB), Chico César e Conrado Pêra.

O Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros é realizado pela Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge. A produção é da Balaio Produções Culturais. O evento conta com a parceria do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura e Ministério do Meio Ambiente, do Instituto Federal de Goiás, do Governo do Estado de Goiás, por meio da Secretaria de Educação e Cultura (Seduce) e da Goiás Turismo, e Prefeitura Municipal de Alto Paraíso.

Programação:

Sábado – 22/07 – Abertura Quilombola

As atividades do sábado, 22, dão o tom da programação da semana, em São Jorge. Uma roda de prosa, às 14h30, na Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, abre os trabalhos tratando dos processos de conservação do Cerrado e de suas águas, apresentando as dinâmicas das comunidades tradicionais no manejo de suas reservas ambientais e culturais, com foco na comunidade do Sítio Histórico Kalunga e nos povos da Chapada dos Veadeiros. A Sussa, dança tradicional dos quilombos de Goiás, que há mais de 100 anos está presente nas festividades deste povo, embeleza essa abertura festiva e cerimoniosa. Uma oficina de circo, uma palhaceata e a apresentação de teatro popular da Cia Tem Sim Sinhô, também são parte dessa programação abre-alas. A partir das 17h as ruas da vila recebem mais manifestações da Comunidade Kalunga, que apresenta trechos da Folia do Divino, realiza uma Procissão com Candeias e faz ohasteamento do Mastro do Divino Espírito Santo. O cair da noite dá lugar a mais passos de dançadeiras de Sussa, inclusive crianças de um grupo local. Pra encerrar o primeiro dia a festa Forró Kalunga apresenta o artista Beirão, que garante que vai colocar todo mundo pra dançar, com seu forró-punk-rock de brasileiro, que mistura rock e baião, heavy-metal e coco, Mick Jagger e Luiz Gonzaga, John Lenon e Jackson do Pandeiro.

Domingo – 23/07 – Do Império e da Caçada ao Coco de Folia

No domingo, 23, a sabedoria popular tem espaço especial na programação do Encontro de Culturas Tradicionais e do IV Encontro Quilombola da região da Chapada dos Veadeiros. Logo pela manhã, às 8h, tem início a oficina de identificação de plantas do Cerrado, que será ministrada pelo Seu Adelídio, raizeiro da comunidade de São Jorge, que promete revelar segredos sobre a utilização da flora do cerrado para fins alimentares e curativos. Neste mesmo horário tem a oficina de preparação para a festa do Império Kalunga, cuja coroação do Rei e da Rainha acontecerá no período da tarde. Também no turno vespertino serão realizadas as oficinas de Sussa (dança típica dos quilombos de Goiás) para crianças, oficina de danças tradicionais sergipanas e oficina de música com o grupo Mawaca. Um desfile de moda com Tuya Kalunga também faz parte da valorização do trabalho dos povos do cerrado. A programação artística do dia fica por conta da Cia de Teatro Tem Sinhô e do show de gravação do DVD dos Passarinhos do Cerrado. Pelas ruas, a população de São Jorge e os visitantes do Encontro vão poder acompanhar trechos da Festa Caçada da Rainha de Colinas do Sul e trechos da Festa Império Kalunga. 

Segunda – 24/07 – Músicas do mundo e Danças de Improviso

Uma segunda-feira, 24, com toda arte do mundo e as danças de cada um. Neste dia o Encontro de Culturas e o Encontro Quilombola garantem vastos conhecimentos e muito movimento aos moradores de São Jorge e aos visitantes da cidade e do evento. Logo pela manhã o Grupo de Dança Por Quá? e o grupo Vida Seca fazem na rua o seu Por Acaso_Manhã de Improviso, onde todo mundo pode dançar e fazer música do jeitinho que bem quiser. Também nesse horário acontece uma roda de prosa sobre as potências dos produtos do cerrado e o extrativismo sustentável. No período vespertino é a vez da música indígena ser o tema de uma oficina sonora ministrada pelo Grupo Mawaca, de São Paulo. Pintura intuitiva com tinturas naturais também poderão ser aprendidas, com o pessoal da Arte Terra. Nesse dia também tem mais oficina de danças populares, também no turno da tarde. No período noturno as ruas de São Jorge serão coloridas pela Caretada de Paracatu. As atrações artísticas de palco ficarão por conta do Grupo Mawaca, e sua música mundial, e do Grupo Xaxado Novo.

Terça – 25/07 – Mulheres negras e forró cigano

A terça, 25, será dedicada às mulheres negras e do mundo. Pela manhã uma roda de prosa sobre as mulheres negras na história reconhece a expressão feminina na construção da cultura brasileira. À tarde é a vez das oficinas “Cadê o cantador?” (com Alessandra Leão), pandeiro e percussão corporal e oficina de catira. O show Peña Folclórica, com Doroty Marques e Turma que Faz (projeto comunitário de São Jorge com jovens da região) e a festa Forró Cigano, comandada pelos grupos Mawaca e Xaxado Novo, são as atrações desta noite.

 

S E R V I Ç O

IV Encontro Quilombola da região da Chapada dos Veadeiros e segunda semana do XVII Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros

Quando: 22 a 30 de julho de 2017

Onde: Vila de São Jorge, Chapada dos Veadeiros, GO

Mais informações: www.encontrodeculturas.com.br

XVII Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros

Há 17 anos, na segunda quinzena do mês de julho, algo mágico acontece na Vila de São Jorge, distrito de Alto Paraíso de Goiás, onde fica a entrada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros: toda a região se mobiliza para a realização do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros – ECTCV. Um simbólico grito de resistência na luta pela conservação ambiental e das tradições culturais existentes no Brasil.

O evento reúne representantes de comunidades de diversas regiões do País em atividades que valorizam e celebram a cultura desses povos, assim como debatem as formas de preservá-las. A programação conta com 15 dias de apresentações culturais, incluindo cortejos, giros de folia, alvoradas, congadas, oficinas, vivências indígenas, shows, mostras de filmes, exposições, apresentações teatrais, palestras e rodas de prosa.

Etapas e atrações

De 15 a 21 de julho, a Aldeia Multiétnica, primeira etapa do Encontro de Culturas, reúne povos indígenas de todo o Brasil para apresentações culturais e trocas multiétnicas, evidenciando suas culturas, celebrando o encontro dos povos e o fortalecimento de suas raízes. Os caciques Raoni Metuktire e Aritana Yawalapiti,  duas das maiores lideranças indígenas do Brasil, participam da abertura.

De 22 a 30 de julho, representantes da cultura popular tomam as ruas e os palcos da vila de São Jorge. Entre os dias 22 e 24, a comunidade do Sítio Histórico Kalunga assume o comando das festividades com o IV Encontro Quilombola da região da Chapada dos Veadeiros e apresenta fragmentos da Festa do Divino Espírito Santo, importante festejo religioso da comunidade, além de realizar discussões referentes à saúde, educação, cultura e sustentabilidade do povo Kalunga.

Nomes como Chico César, Doroty Marques e a Turma Que Faz, Alessandra Leão e Caçapa, Conrado Pera, Silvan Galvão, Rosangela Silvestre, Mestre Solano, Passarinhos do Cerrado e o grupo Fulô da Aurora já estão confirmados. Os grupos tradicionais veteranos do Encontro, como o Congo de Niquelândia (GO), os grupos de cultura popular do Sítio Histórico Kalunga (GO), a Caçada da Rainha de Colinas do Sul (GO), a Catira e Folia de São João D’Aliança (GO), o Terno de Moçambique do Capitão Júlio Antônio (MG) e o Tambores do Tocantins (TO) continuam a fazer parte da programação principal.

Cultura da preservação

Reconhecendo que resultados significativos serão alcançados apenas se as políticas de meio ambiente forem alinhadas às políticas sociais, a XVII edição do Encontro fortalecerá os debates em torno da sociobiodiversidade brasileira, com foco nas águas do Cerrado, abrindo novas perspectivas de uso sustentável da biodiversidade e da sabedoria popular pertencentes aos territórios das comunidades tradicionais. Com o tema “Cerrado das Águas”, visa promover e debater a preservação do bioma, considerado a caixa d’água do Brasil, pois abriga nascentes de rios que beneficiam oito das 12 grandes bacias hidrográficas do País e está em constante risco devido ao desmatamento causado pela expansão agrícola. Além disso, as discussões abordarão a recente ampliação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, importante conquista da região, cuja área aumentou de 65 mil hectares para 240 mil hectares em maio de 2017. O evento deste ano também marca o aniversário de 20 anos da Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge (CCCJ), que o criou e realiza há 17 anos.

Sobre a motivação por trás da iniciativa, Juliano George Basso, presidente da CCCJ, explica: “Nosso propósito foi criar um território dentro do bioma Cerrado, em meio ao Planalto Central, onde povos e comunidades tradicionais tivessem a oportunidade de mostrar sua arte, beleza, tecnologias sociais, saberes, fazeres, seu patrimônio cultural tão rico”, explica. “O Encontro é um momento de celebração, a oportunidade para que elas, que vêm de diferentes regiões do Brasil, se encontrem e troquem conhecimentos entre si”.

Para Juliano, o Encontro é sinônimo de desenvolvimento social, humano e econômico da região da Chapada dos Veadeiros. Com apenas 800 habitantes, durante o evento o vilarejo de São Jorge recebe pessoas do mundo inteiro, movimentando o turismo local. Para muitas comunidades participantes, o Encontro representa uma importante fonte de geração de renda, por conta do dinheiro arrecadado com a venda de artesanato e outras atividades comerciais no evento.

Convidados

Neste ano, um dos convidados será o Cacique Raoni, hoje com 87 anos. Ele estará presente na primeira semana do evento, chamada Aldeia Multiétnica. 

Outros convidados confirmados são: 

Música:

  1. Chico César; 2. Alessandra Leão e Caçapa; 3. Doroty Marques; 4. Mawaca; 5. Mestre Solano – o Rei da guitarrada; 6. Passarinhos do Cerrado; 7. Fulô da Aurora; 8. Silvan Galvão; 9. João Arruda; 10. Tambores do Tocantins; 11. Conrado Pera; 12. Xaxado Novo; 13. Cátia de França

Artes Cênicas:

  1. Teatro – Cia de Teatro Nu Escuro – Pitoresca; 2. Musical – Turma Que Faz – Opereta da Turma (direção de Doroty Marques); 3. Dança – Amanda Cristina e Bianca Bazzo; 4. Dança – Rosângela Silvestre; 5. Teatro/Circo – Cia “Tem Sim Sinhô”; 6. Por Acaso_Tardes de Improviso (PorQuá Grupo de Dança e Vida Seca)

Literatura: 

  1. Lançamento de livro de Jarid Arraes; 2. Lançamento de livro “Garimpo: Uma verdade sobre a Chapada dos Veadeiros”, de Jorge Oliveira Junior

Artes Visuais:

  1. Exposição fotográfica de Diering Adler

Festas, folguedos e folias: 

  1. Folia do Divino de Crixás; 2. Caçada da Rainha de Colinas do Sul; 3. Caretada de Paracatu; 4. Comunidade do Sítio Histórico Kalunga; 5. Congo de Niquelândia; 6. Terno de Moçambique do Capitão Júlio Antônio Participações indígenas (Aldeia Multiétnica):
  1. Cacique Raoni; 2. Cacique Aritana Yawalapiti; 3. Fulni-ô; 4. Guarani Mbya; 5. Kamayurá; 6. Kariri-Xocó; 7. Denilson Baniwa; 8. Kayapó / Mebêngôkre; 9. Representantes da etnia Dessana, do alto Rio Negro.

Foto capa: Divulgação