Ipês floridos marcam a chegada da primavera no Cerrado
As cores vibrantes dos ipês tingem a paisagem do Cerrado, transformando a estação em um espetáculo natural
![Cris Soares](https://curtamais.com.br/goiania/wp-content/uploads/sites/2/2023/12/1dd56dc9-be9a-4680-b690-6fed80d21ab1-417x300.jpg)
![Ipês floridos marcam a chegada da primavera no Cerrado 1 ipê cerrado](https://curtamais.com.br/goiania/wp-content/uploads/sites/2/2024/08/WhatsApp-Image-2024-08-23-at-15.27.13.jpeg)
A primavera no Cerrado, marcada pela florada dos ipês e outras espécies nativas, começa em setembro e traz consigo mudanças significativas no clima e na vegetação. No entanto, as mudanças climáticas e as recentes ondas de calor têm alterado o calendário natural dessas floradas, afetando tanto a flora quanto a fauna da região.
Segundo o biólogo Stefano Aires, professor do Centro Universitário de Brasília (CEUB), a transição para a primavera no Cerrado difere de outros biomas, influenciada diretamente pelas mudanças climáticas e fenômenos meteorológicos recentes.
![ipê cerrado](https://curtamais.com.br/goiania/wp-content/uploads/sites/2/2024/08/WhatsApp-Image-2024-08-23-at-15.27.14-1.jpeg)
Foto: reprodução internet
A estação é caracterizada pelo início das chuvas, temperaturas mais amenas e umidade elevada, fatores que reduzem o risco de incêndios florestais e propiciam um ambiente favorável para polinizadores. No entanto, Aires aponta que o atraso nas chuvas deste ano impactou a floração do ipê branco, que normalmente ocorre até outubro. Outras espécies, como o jacaré-mirim, o flamboyant e a Kaliandra, também enfrentam desafios em seus ciclos reprodutivos.
A flora do Cerrado adota duas estratégias reprodutivas distintas: algumas plantas florescem no inverno, utilizando o vento para dispersão de sementes, enquanto outras dependem da primavera e da polinização por animais. Este bioma, reconhecido como a savana mais rica do mundo, abriga mais de 12 mil espécies de plantas, segundo dados do Instituto Chico Mendes (ICMBio).
O professor Stefano Aires ressalta que as variações climáticas, como o aumento da temperatura e a baixa umidade, têm potencial para impactar negativamente a flora e a fauna do Cerrado. As ondas de calor e a escassez de chuvas aumentam o risco de incêndios prolongados, comprometendo o ciclo reprodutivo de plantas e animais.
Para Aires, a primavera no Cerrado destaca a importância de compreender a interconexão entre o clima e a natureza, alertando sobre a necessidade de proteger o ecossistema e adaptar-se às mudanças ambientais em curso