Decorar a casa com muitas plantas está na moda há alguns anos. Digite #urbanjungle ou qualquer hashtag sobre o assunto no instagram e veja como essa tendência global está mudando os espaços de moradia.
A bióloga e professora Lorena Dall’Ara Guimarães entrou nessa em 2015, quando reformou o apartamento, em Goiânia. Nascida e criada no campo, nutre amor especial por plantas. Então, a arquiteta Carla Pires, que comandou a reforma, projetou uma pequena floresta para a sala dela.
Lorena Dall’Ara cultiva plantas por todo o apartamento
Lorena conta que, com o passar dos anos, o projeto se expandiu para todo o apartamento. Com a pandemia, a quantidade de plantas aumentou bastante. “Virou uma espécie de movimento entre amigos, que me presenteiam à distância com mudas”, explica.
Outro sintoma da pandemia no jardim particular da Lorena foi que as plantas cresceram em excesso. “Minha casa está virando uma espécie de refúgio na mata porque deixamos de fazer as podas necessárias”, relata. Para ela, o resultado é de acolhimento e aconchego.
Para a jardineira Aline Atássio, da Vereda Jardinagem, mais do que beleza, um ambiente com plantas traz inúmeros benefícios. “Acalma, estimula a criatividade e promove reconexão com a natureza, necessária nos dias corridos de hoje.”
Carla Pires acha que trazer a natureza para dentro de casa humaniza os espaços. “E melhora a qualidade de vida em vários aspectos”, observa a arquiteta. “E sempre cabe mais uma planta”, garante Lorena que expõe as espécies até em garrafas!
Um projeto de arquitetura definiu os lugares dos vasos na sala de Lorena
Ciência delicada
Com tanta planta diferente para manter, Lorena diz que intercala as regas e outros cuidados com o companheiro, Guilherme, e com a ajudante, Meire. “Algumas gostam mais de sol, outras menos. Há aquelas que precisam de água todos os dias, outras que pedem adubo. Ter plantas é uma ciência delicada, que exige muito comprometimento, encantamento e experimentação”, define.
“Acho que sou mesmo a louca das plantas”, diverte-se Lorena. A bióloga diz que conversa com elas. “Pergunto se estão com sede, com calor, se estão com frio, se gostam das músicas que ouço, peço ajuda para resolver alguma situação, faço minhas preces com elas e faço carinho nelas.”
Lorena gosta de ouvir música e contemplar as plantas
Entre as espécies que Lorena cultiva também há plantas herdadas da avó, ganhadas da mãe e geradas a partir de sementes ou mudas. “Gosto muito da jiboia porque é poderosa, resistente e se alastra com facilidade.”
Para quem está começando, Lorena sugere começar com plantas fáceis de cuidar, como as suculentas, que não precisam ser regadas todos os dias, mas pedem boa iluminação. “Elas são encantadoras! Têm várias formas, cores e enfeitam e alegram qualquer ambiente.”
Fotos: acervo pessoal
Bonito e prático
Para compor um ambiente com várias plantas em vasos, é importante partir de alguns fundamentos para que o resultado, além de bonito, funcione no dia a dia. A engenheira ambiental e diretora de inovações da In Plant Paisagismo, Sarah Carneiro, orienta começar pelas medidas do espaço e do tempo que você tem disponíveis.
Observe também a quantidade de luz natural e a ventilação e escolha plantas cujas necessidades caibam na sua rotina, recomenda Sarah. “Se puder se dedicar ao cuidado diário, você pode apostar em uma planta mais delicada. Caso contrário, opte por espécies mais rústicas e resistentes”, diz.
Também é interessante exibir um mix de tons de verde nesses projetos. Sarah sugere misturar plantas com texturas e colorações diferentes, além de espécies variegatas, que apresentam partes mais claras nas folhas.
Segundo a jardineira Aline Atássio, folhagens típicas de biomas da Amazônia e Mata Atlântica, como os filodendros e as alocasias, são as queridinhas do momento. E que, sabendo dos cuidados de cada planta, elas podem ser cultivadas, mesmo no clima seco do Cerrado.
Para conseguir o efeito florestinha, Aline explica que é importante criar composições, usando plantas de tamanhos e formatos diferentes. Já a unidade nos vasos ajuda a deixar tudo mais organizado e harmônico. Os de cimento e terracota, por exemplo, ficam bem bonitos! A dica é agrupá-los também.
Aline diz que, para facilitar a vida de quem tem muitas plantas, o ideal é colocá-las em lugares de fácil manutenção, de preferência que não seja necessário retirar do lugar para regar. “E tenha o momento de rega como um ritual prazeroso, não uma obrigação”, completa.
Cuide da sua floresta
. Comece aos poucos. Não compre mais plantas do que o tempo que você tem para cuidar delas.
. Luz solar é vital para qualquer ser vivo! Plantas no breu são uma das principais causas de doenças e perdas.
. Para saber se é hora de regar, faça o teste do dedo: toque a terra, pressione e observe. Se o dedo ficar sujo de terra, significa que ainda há umidade. Repita o teste no dia seguinte. Se continuar limpo, a planta precisa de água.
. Excesso de água pode levar ao apodrecimento das raízes.
Espada e lança-de-são-jorge
Resistente é a palavra que define essas plantas! Podem sobreviver a longos períodos sem água e a locais com pouca iluminação.
Preço médio da planta: 30 reais cada
Suculenta
Também resiste a longos períodos sem água, mas gosta de sol. Muitas apresentam colorações diferentes e o sol intensifica a produção e a manutenção das cores e folhas vistosas.
Preço médio da planta: 7 reais
Licuala
Exótica e elegante, ela se adapta bem a ambientes com iluminação indireta. Pode atingir até 3 metros de altura.
Preço médio da planta: 90 reais
Begonia Maculata
As folhas alongadas, assimétricas e com bolinhas brancas identificam essa planta muito usada como item decorativo.
Dica: molhe apenas a terra e não as folhas.
Preço médio da planta: 200 reais
*As plantas encontradas no mercado podem variar de preço, de acordo com tamanho, qualidade etc.
Fontes: Aline Atássio, jardineira da Vereda Jardinagem; Sarah Carneiro, engenheira ambiental e diretora de inovações da In Plant Paisagismo. Fotos: @inplant_decora e @inplant_seujardim