Ex-monge espanhol está construindo sozinho uma catedral há 53 anos
Justo Gallego Martínez começou a construir o templo religioso em 1963 nas proximidades de Madri
A cidade de Mejorada del Campo, que fica a 20 minutos de Madri, capital da Espanha, pode não ser muito conhecida, especialmente para os brasileiros, mas guarda uma atração turística única. Numa rua que homenageia o grande escultor espanhol Antonio Gaudí, o visitante encontra uma catedral singular, que está sendo construída há 53 anos pelo ex-monge Justo Gallego Martínez.
Aos 91 anos, o agricultor, que chegou a frequentar o mosteiro Santa Maria de la Huerta, em Soria, entre 1952 e 1961, diz que decidiu dedicar sua vida a Deus quando ainda era jovem. “Fui expulso do mosteiro, porque estava doente com tuberculose e tinham medo que contaminasse o resto da comunidade. Então, retornei para Mejorada, frustrado com o caminho espiritual que seguia. Decidi construir na fazenda que pertencia à minha família, um trabalho em homenagem a Deus. Aos poucos, valendo-me dos bens que herdei, consegui levantar o edifício”, conta Justo Gallego no documento que fica exposto na catedral incompleta.
Ele deixa claro que não seguiu nenhum projeto arquitetônico para erguer a catedral, que, pronta, deverá ter 28 cúpulas e 2 mil vidraças. “Está tudo na minha cabeça. Não sou um arquiteto ou construtor ou tenho qualquer formação relacionada a construção civil. Minha educação básica foi interrompida pela eclosão da Guerra Civil Espanhola [1936 a 1939]. Foi o contato com livros sobre catedrais, castelos e outros edifícios importantes que me inspirou. Mas, a minha principal fonte de luz e inspiração tem sido, em primeiro lugar, o Evangelho de Cristo”, explica o agricultor espanhol.
O ex-monge revela que levanta todos os dias às 3h30 da manhã e, com ajuda esporádica de sobrinhos e voluntários, constrói aos poucos sua grande obra, que, em grande parte, é formada por materiais reciclados, restos de demolição.
Atualmente, as duas principais torres da catedral estão com 30 metros de altura e a ideia original de Justo Gallego é que chegue a 60. “Não há data prevista para a conclusão. Limito-me a oferecer ao Senhor todos os meus dias de trabalho. E assim eu vou, até o fim dos meus dias”, completa o singelo agricultor.
O espanhol não revela, mas muitos acreditam que a obra seja dedicada a Nossa Senhora do Pilar, que é venerada na cidade de Zaragoza, que fica no nordeste da Espanha.