Descubra como um jornalista português foi decisivo para a construção do autódromo de Goiânia

Revelações exclusivas sobre como Fernando Campos, um jornalista apaixonado, foi crucial na construção do Autódromo Internacional de Goiânia e no desenvolvimento do automobilismo em Goiás. Conheça a trajetória e as batalhas que moldaram um dos maiores circuitos do Brasil.

Fernanda Cappellesso
Por Fernanda Cappellesso
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Neste domingo, 28 de julho, o Autódromo Internacional de Goiânia Ayrton Senna comemorou  um meio século de história com a realização da sexta etapa da temporada 2024 da GP Chevrolet Stock Car. Esta comemoração não é apenas um marco para o automobilismo brasileiro, mas também um tributo ao trabalho visionário e incansável de Fernando Campos, jornalista e figura central na criação e consolidação deste importante circuito.

O jornalista Fernando Campos, nascido em Coimbra, Portugal, em maio de 1940, imigrou com sua família para o Brasil em 1953, desembarcando inicialmente em São Paulo. Em 1961, a família se estabeleceu em Goiânia, onde Campos encontrou sua vocação. Influenciado pela mãe, que era jornalista, Campos se lançou no universo do jornalismo e rapidamente se destacou como uma voz essencial no automobilismo.

Fernando Campos foi decisivo para que Goiânia tenha autódromo que é referência(Fernando Campos/Acervo pessoal)

Fernando Campos foi decisivo para que Goiânia tenha autódromo que é referência
(Fernando Campos/Acervo pessoal)

Desde o início de sua carreira, Campos foi mais do que um repórter; ele se tornou um defensor apaixonado do esporte a motor. Em seus primeiros anos em Goiânia, ele começou a escrever sobre automobilismo para o jornal O Popular, transformando suas colunas em uma plataforma vital para a popularização do automobilismo na capital goiana e em Goiás. Sua habilidade em comunicar e promover o esporte foi crucial para criar uma base sólida de fãs e para a eventual necessidade de um autódromo na cidade.

A Luta pela construção do Autódromo: Uma visão pioneira

Vista aérea do início da construção do Autódromo de Goiânia, em 1972(Fernando Campos/Acervo pessoal)

Vista aérea do início da construção do Autódromo de Goiânia, em 1972
(Fernando Campos/Acervo pessoal)

Nos anos 70, o automobilismo em Goiânia ainda era incipiente. Campos percebeu a necessidade de uma infraestrutura adequada para o crescimento do esporte. “Naquele período, o automobilismo já era vibrante em Brasília, e Goiânia, a apenas 200 km de distância, precisava de um autódromo para consolidar sua posição no cenário esportivo,” explica Campos. O impacto dos títulos de Emerson Fittipaldi na Fórmula 1 foi um fator decisivo para impulsionar o desejo das cidades por autódromos. “A popularidade de Fittipaldi foi um motor para o crescimento do automobilismo em Goiás. Sua presença na cerimônia de colocação da pedra fundamental em 1972 foi simbólica e inspiradora,” ressalta.

Antes do autódromo, as corridas em Goiânia eram realizadas em vias urbanas e em eventos improvisados. “Corríamos de tudo, desde triciclos e lambretas até motocicletas e carros,” recorda Campos. A demanda por um autódromo era evidente e crescente. A nomeação de Leonino Caiado como governador foi um ponto de virada. Caiado entendeu a necessidade de investimentos em infraestrutura esportiva e priorizou a construção do Estádio Serra Dourada, do Ginásio Rio Vermelho e, crucialmente, do Autódromo de Goiânia.

A criação do Autódromo Internacional de Goiânia Ayrton Senna foi um grande empreendimento. Campos teve um papel vital não apenas como jornalista, mas também como organizador e pioneiro. “Minha maior contribuição foi usar minha posição de jornalista para promover e defender o projeto. Minha dedicação ao jornalismo, com 54 anos de carreira, permitiu-me influenciar e popularizar o automobilismo em Goiás,” afirma Campos.

Campos também foi um dos fundadores da primeira equipe de cronometragem de Goiânia e, em parceria com o advogado Luiz Fernando Rocha Lima, criou uma escola de kart. “A escola formou centenas de pilotos e foi fundamental para o desenvolvimento do esporte na região,” comenta Campos. Essas iniciativas foram cruciais para preparar e engajar uma nova geração de pilotos.

Momentos marcantes e desafios

A inauguração do autódromo foi um evento grandioso. “As 12 Horas de Goiânia, a primeira corrida oficial do autódromo, foram um festival de corridas, atraindo mais de 60 mil pessoas. A responsabilidade de dirigir a prova caiu sobre mim poucos dias antes do evento, e encarei o desafio com determinação,” recorda Campos. O evento foi um sucesso, apesar das dificuldades econômicas da época, como a crise do petróleo, que ameaçou a realização da corrida.

A década de 1980 trouxe um novo nível de prestígio ao autódromo com a realização do Mundial de Motociclismo. “Foi um marco para a cidade e o autódromo, uma explosão de alegria e liberdade que encantou a população. A Praça Tamandaré se tornou um centro de celebração e entusiasmo,” descreve Campos.

Nos anos 2010, o autódromo passou por uma importante reforma para atender às novas exigências do esporte a motor. “As reformas foram essenciais para manter o padrão de qualidade do autódromo. Sem elas, não estaríamos celebrando o autódromo como o conhecemos hoje. A modernização incluiu novos boxes, uma nova entrada, bases de cronometragem aprimoradas e uma sala de imprensa mais completa. Fui homenageado com o nome da sala de imprensa, um reconhecimento que me enche de orgulho,” finaliza Campos.

O Autódromo Internacional de Goiânia Ayrton Senna é mais do que um espaço para competições; é um símbolo do legado de Fernando Campos e de todos que acreditaram no potencial do automobilismo em Goiás. A história do autódromo é um testemunho de dedicação, visão e paixão, refletindo o impacto duradouro de Fernando Campos na promoção e desenvolvimento do esporte a motor. A celebração dos 50 anos do autódromo é uma homenagem a um legado que continua a inspirar e a emocionar, consolidando Goiânia como um importante polo do automobilismo no Brasil.

Veja mais imagens históricas do autódromo de Goiânia:

Pedra fundamental: Governador Leonino Caiado com Emerson Fittipaldi em 1972(Fernando Campos/Acervo pessoal)

Pedra fundamental: Governador Leonino Caiado com Emerson Fittipaldi em 1972
(Fernando Campos/Acervo pessoal)

 

José Carlos Pace (à dir.) em visita ao autódromo de Goiânia, em construção
(Fernando Campos/Acervo pessoal)


José Carlos Pace (à dir.) em visita ao autódromo de Goiânia, em construção
(Fernando Campos/Acervo pessoal)

Jean Pierre Beltoise em visita ao autódromo como membro de comissão da FIA(Fernando Campos/Acervo pessoal)

Jean Pierre Beltoise em visita ao autódromo como membro de comissão da FIA
(Fernando Campos/Acervo pessoal)

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