Especialista aponta desafios históricos e mudanças recentes que impactam o setor de aviação

O segmento regional pode voltar a ganhar relevância, contribuindo para o desenvolvimento da aviação civil e da logística no Brasil

Cris Soares
Por Cris Soares
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Foto: divulgação

Desde as primeiras operações da aviação comercial no Brasil, a aviação regional ocupou um papel importante, com companhias como a Varig focadas em voos dentro dos estados. Nas décadas seguintes, o setor se expandiu e grandes empresas aéreas consolidaram sua presença, impulsionadas pela facilidade de aquisição de aviões após a Segunda Guerra Mundial. Porém, a aviação regional acabou sendo colocada em segundo plano, especialmente após o fim do Sistema Integrado de Transporte Aéreo Regional (Sitar) e a desregulamentação do setor nos anos 1990.

João Marcos Coelho, gestor Operacional e de Segurança do Antares Polo Aeronáutico em Aparecida de Goiânia (GO), explica que a falta de infraestrutura e de empresas operando no segmento são entraves significativos. A escassez de aeroportos regionais capazes de receber voos regulares, além da baixa concorrência, especialmente no Centro-Oeste, Sul e Sudeste, dificultam o crescimento da aviação regional.

Outro ponto destacado é o impacto na logística aérea, que poderia ser beneficiada com o fortalecimento da aviação regional. Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostram que a maior parte da carga aérea no Brasil é transportada em porões de aeronaves de voos regulares, o que limita as operações em aeroportos de menor porte. Empresas que operam exclusivamente com transporte de carga utilizam aeronaves menores, como o CESSNA 208, que são adequadas para aeroportos regionais.

A Anac também aponta que, apesar de o Brasil possuir o 5º maior espaço aéreo do mundo, a aviação representa apenas 18% das operações de transporte no país. Além disso, apenas cerca de 130 dos 5.500 municípios brasileiros são atendidos por rotas da aviação comercial.

No entanto, João Marcos observa que a concessão dos grandes aeroportos brasileiros à iniciativa privada abre novas possibilidades para o desenvolvimento da aviação regional. A melhoria da infraestrutura dos aeroportos regionais, juntamente com iniciativas do poder público e do setor privado, pode criar oportunidades para o crescimento do segmento.

Um exemplo desse novo cenário é o Antares Polo Aeronáutico, um aeroporto executivo privado em construção em Aparecida de Goiânia. Com uma pista de 1.980 metros de extensão e uma estrutura capaz de operar aeronaves de maior porte, o polo promete impulsionar a aviação regional ao oferecer terrenos e infraestrutura para empresas ligadas ao setor aeronáutico e operadores logísticos.

 

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