Buraco gigante no Sol lança ventos solares sobre a Terra

Correntes magnéticas causadas pelo buraco coronal interferem nas redes elétricas, operações de satélite, comunicações de rádio e sistemas de navegação

Julia Macedo
Por Julia Macedo
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No último domingo (3) a NASA detectou um buraco na atmosfera do Sol, correspondente ao tamanho de mais de 60 planetas Terra. O observatório Solar Dynamics pontuou que o fenômeno se chama buraco coronal e foi registrado porque, há alguns dias, estava posicionado sobre a Linha do Equador, apontando diretamente para a Terra no sábado, 2 de dezembro.

O fenômeno resultou em ventos solares que atingiram o planeta entre segunda e terça-feira. De acordo com a NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica), as atividades do buraco coronal alcançaram níveis entre G1 e G2, o que indica intensidade de leve a moderada. Ainda assim, seus efeitos podem ser sentidos, mesmo que de maneira branda.

As correntes magnéticas podem interferir nas redes elétricas, operações de satélite, comunicações de rádio e sistemas de navegação. Pesquisadores da Universidade George Mason, nos Estados Unidos, apontam que a internet pode sofrer um verdadeiro colapso em 2024 graças à intensidade da tempestade solar. Segundo Peter Becker, professor responsável pela pesquisa, as novas ondas de calor serão responsáveis pelo “apocalipse digital”.

Além disso, podem causar aparições de novas auroras boreais e austrais. Recentemente, o fenômeno foi visto em latitudes muito mais baixas do que esses espetáculos de luz costumam alcançar. 

 

O que é um Buraco Coronal

Quando um campo magnético solar se abre na coroa solar – a camada mais externa da atmosfera do astro – acontece o Buraco Coronal, que permite o escape do vento solar. No episódio mais recente, cientistas relatam que essa área aberta abrange cerca de 800 mil km de extensão, superando as dimensões da Terra, que possui pouco mais de 12 mil km. 

Esse fenômeno acontece em períodos de intensa atividade solar, como tem sido observado nos últimos dias. A estrela solar atravessa ciclos de extrema agitação, frequentemente alinhados com seus ciclos magnéticos. Quando o campo magnético do Sol experimenta uma reversão de polaridade, isto é, seus pólos norte e sul trocam de posição, a estrela entra em um estado mais dinâmico, caracterizado por buracos coronais.

Logo, a atividade se intensifica até atingir o pico – o máximo solar deve ocorrer em 2024 -, antes de diminuir novamente em direção ao mínimo solar, um período de calmaria relativa e atividade mínima. 

O buraco coronal é visível apenas pela luz em comprimentos de onda ultravioleta – e, nessa situação, parece um conjunto de diversas manchas escuras na superfície do Sol. Elas costumam ser mais fracas que o que está em volta, pois são mais frias que o restante da atmosfera. O fenômeno abre espaço para que o vento do Sol escape facilmente, soprando partículas e plasma para o Sistema Solar. 

“Eles parecem escuros porque são regiões mais frias e menos densas que o plasma circundante e são regiões de campos magnéticos unipolares abertos. Esta estrutura de linha de campo magnético aberta permite que o vento solar escape mais facilmente para o espaço, resultando em correntes de vento solar relativamente rápidas e é frequentemente referida como uma corrente de alta velocidade no contexto da análise de estruturas no espaço interplanetário”, explica a NOAA.

 

Supertempestade Solar atinge o país em 2024

A onda de calor que tem preocupado muitos brasileiros nos últimos dias parece ser apenas o começo de algo ainda maior. Uma previsão do Centro de Previsão do Clima Espacial da NOAA, aponta que uma supertempestade solar deve ocorrer antes do previsto, em 2024. 

Esse fenômeno que parece chegar ao planeta de forma peculiar, deve trazer consequências diretas para a internet, a rede elétrica, cabos de fibra óptica, sistemas de navegação como GPS, satélites e outros equipamentos de comunicação também podem ser afetados. Segundo o especialista Peter Becker, essa supertempestade consiste em um efeito das explosões solares que liberam massa coronal (EMC) para o planeta, causando alterações significativas no nosso campo magnético.

“Esta é a primeira vez na História da Humanidade que houve um aumento da atividade solar com tamanha dependência da internet”, afirma Becker. “A internet atingiu a maioridade numa época em que o Sol estava calmo. Agora ele está entrando numa época mais ativa”.

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