Pianista fez Juscelino Kubitschek chorar durante apresentação em Inhumas

Um pianista emociona Juscelino Kubitschek durante apresentação na cidade da região metropolitana de Goiás, revelando a poderosa conexão entre música e emoção

Fernanda Cappellesso
Por Fernanda Cappellesso
Pianista fez Juscelino Kubitschek chorar durante apresentação em Inhumas. Foto Reprodução Jornal Opção
Pianista fez Juscelino Kubitschek chorar durante apresentação em Inhumas. Foto Reprodução Jornal Opção

A memória cultural de Goiás é adornada por figuras que, com seus talentos e determinações, moldaram a identidade do estado. Uma dessas personalidades é Margarida Rodrigues da Silva, uma pianista cuja história entrelaça talento, sacrifício e o poder evocativo da música. Seu legado não só define uma era mas também ecoa a essência de um Brasil que Juscelino Kubitschek visava transformar.

Do Rio para o Cerrado: uma jornada musical

A história de Margarida começa em um cenário distante do calor e do cerrado goiano, entre os corredores de renomadas instituições educacionais do Rio de Janeiro e São Paulo. Educada no Instituto Metodista Bennett e imbuida de uma cultura rica, Margarida não se limitou ao território brasileiro. Sua juventude foi marcada por uma temporada na Europa, especificamente na cidade do Porto, Portugal, onde sua família materna tinha raízes. Após voltar ao Brasil, Margarida aprofundou sua paixão pela música, estudando piano e canto lírico no Conservatório de Música de São Paulo.

A vida tomou um rumo decididamente diferente quando Margarida e seu marido, Cristiano Teixeira da Silva, um médico formado pela Universidade Federal da Bahia, decidiram se aventurar para o interior do Brasil em 1939. Atendendo ao convite do Dr. James Fanstone, eles se mudaram para Anápolis e, posteriormente, para Inhumas, atraídos pelas promessas de um novo começo.

Em Inhumas, o piano de Margarida não era apenas um instrumento, mas um símbolo de cultura e sofisticação em uma região que ainda despertava para tais influências. A chegada desse piano, um evento inédito para a cidade, foi uma sensação, transformando a residência dos Teixeira da Silva em um centro cultural não oficial. Margarida começou a ensinar música e a realizar saraus, eventos que se tornaram marcos na agenda cultural da cidade.

O legado musical e a emoção de um presidente

O apogeu de sua contribuição cultural talvez tenha sido a visita de Juscelino Kubitschek a Inhumas durante sua campanha ao Senado. Durante um evento, Margarida foi encarregada de fazer uma apresentação musical. A performance foi tão tocante que, segundo relatos, conseguiu extrair lágrimas do então presidente. Esse momento foi não apenas um testemunho do poder emocional da música mas também um reflexo do impacto cultural que uma única pessoa poderia ter em sua comunidade.

Após o falecimento de Margarida em 2003, o piano passou por várias mãos antes de ser recomprado pela família em 2020, garantindo que este pedaço de história cultural continuasse a inspirar as gerações futuras. A trajetória de Margarida Rodrigues da Silva é um lembrete vívido de que a arte e a cultura são essenciais para a identidade e a memória de uma comunidade.

A história de Margarida Rodrigues é mais do que uma narrativa sobre música; é sobre raízes, transformação e a capacidade duradoura da arte de conectar e emocionar. É uma história que ressoa com a história de Goiás e com a visão de desenvolvimento e progresso cultural que líderes como Juscelino Kubitschek defendiam. Em cada nota tocada por Margarida, Inhumas encontrou uma voz que ainda ecoa, lembrando-nos do poder transformador da cultura.

Com informações do Jornal Opção

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