O Programa de Sequenciamento Genômico da Prefeitura de Aparecida de Goiânia é a maior estratégia de vigilância genômica já realizada em uma cidade brasileira. É o que aponta a plataforma internacional GISAID, entidade com banco de dados sobre genomas de vírus.
Iniciado em abril deste ano e já consolidado como rotina na Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o município já executou 656 sequenciamentos, técnica que permite identificar a informação genética contida nas amostras dos exames RT-PCR realizados maciçamente na cidade. Os processos permitem identificar precocemente variantes do novo coronavirus na cidade, inclusiva a indiana, de acordo com informações da própria prefeitura.
De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, já foram feitos, até a tarde do dia 25 de maio, 279.589 testes RT-PCR para detecção da Covid-19, exame considerado internacionalmente como padrão ouro para esse tipo de diagnóstico, o que corresponde a 45% da população de Aparecida (590.146 habitantes, segundo o IBGE) o que respalda as decisões do Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19 e monitorar a situação real da pandemia no município, que é referência não apenas em testagem ampla, mas também em monitoramento dos infectados. O sequenciamento genômico é mais uma estratégia para aprimorar o enfrentamento à pandemia e salvar vidas”.
Banco de dados fundamental
Dentre os casos comprovados de reinfecção pelo vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19, seis foram identificados em Aparecida de Goiânia por meio do trabalho de sequenciamento genômico. As análises dos casos de reinfecção são encaminhadas à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que já atestou três casos de Aparecida no último 23 da maio. Estes referem-se a pacientes que realizaram o exame RT-PCR e testaram positivo para a Covid-19 em duas ocasiões diferentes, dentro de um intervalo de mais de 90 dias. Dois deles foram reinfectados pela linhagem P.1, conhecida como variante de Manaus.
A Prefeitura já realizou, em parceria com o laboratório contratado, 656 sequenciamentos genômicos de amostras de pacientes que testaram positivo para a doença, seguindo três critérios: material de pessoas com suspeita de reinfecção, isto é, com dois RT-PCR positivos em um intervalo superior a 90 dias, e com carga viral suficiente para realizar o processamento; material de pacientes com menos de 60 anos e sem comorbidades que ficaram internados na UTI do Hospital Municipal de Aparecida (Hmap); material de pacientes aleatórios, agrupados por semana epidemiológica, e também de pacientes totalmente imunizados. Segundo dados da GISAID, Aparecida já fez 81% dos sequenciamentos realizados em Goiás e 6% de todos feitos no País.
Enquanto nos materiais analisados de 2020 não foram identificados nenhuma variante considerada de preocupação, nas amostras deste ano, 76,6 % foram das linhagens P.1 e 2,5 % da B.1.1.7., originária no Reino Unido. Além disso, por exemplo, de 22 pacientes analisados com menos de 60 anos e sem comorbidades que desenvolveram formas graves e precisaram de internação em UTI, 19 foram infectados por essas duas variantes, que juntas foram responsáveis pela contaminação de 86,3% dos pacientes desse grupo estudado.