Avestruz Master: descubra o que aconteceu com os animais, com os investidores e com os envolvidos no golpe

A estrutiocultura trata-se do ramo da zootecnia que foca na criação econômica e racial de aves. As mudanças e evoluções no mercado exigiram dos agropecuaristas inovações de cultura. No ano de 2002, nascia a primeira de cinco empresas familiares do Grupo Avestruz Master. A empresa alcançou o posto de maior instituição do meio estrutiocultor. Por meio de Cédula de Produtos Rurais (CPR) a Avestruz Master garantia aos seus investidores o retorno em mais de 10% do valor aplicado. 

Vinculada ao Ministério da Fazenda, a entidade CVM (Comissão de Valores Mobiliários) impôs a interrupção na negociação de avestruzes por meio da CPR. Para a CVM, as negociações da empresa se encaixavam na condição de Contrato de Investimento Coletivo (CIC). A rentabilidade que o grupo prometia através da CPR girava em torno de 60% ao ano, um valor fantasioso acima do retorno médio bruto do mercado.

Este período de instabilidade tornou-se público no dia 4 de novembro de 2005 quando inúmeros cheques da empresa, descontados por clientes, foram devolvidos. O Grupo emitiu comunicado oficial dizendo que uma crise de comunicação entre a Avestruz Master e o frigorífico Struthio Gold teria causado uma série de problemas e, logo, as atividades seriam interrompidas por três dias a fim de que a empresa conseguisse se reorganizar.

Na sede principal da empresa em Goiânia, a Polícia Federal apreendeu um computador contendo informações de que a Avestruz Master vendeu, por meio de CPR, o equivalente a 599.370 aves para cerca de 49 mil investidores. Uma análise feita com base nesses dados resultou em uma dívida da empresa com esses investidores igual a R$ 1,7 bilhão em títulos a vencer em 14 meses.

Em fevereiro de 2006, as empresas do Grupo perderam sua tutela familiar e passaram a ser administradas judicialmente até que fosse elaborado um plano de recuperação, ou decretada falência oficialmente. No mês de março, a Fazenda Marapicu regida pelo Grupo Avestruz Master em Pernambuco registrava a morte de cerca de 48 aves. Funcionários da empresa contaram que os animais foram completamente abandonados.

No estado de Goiás foram registradas a morte de quase duas mil aves. Um dos avestruzes morreu degolado. A fome e o estresse fez com que o animal se jogasse contra os cercados, resultando no corte do próprio pescoço. Na fazenda sediada no estado do Tocantins, estima-se que o viveiro contava com cerca de 3,5 mil animais, dos quais apenas 350 sobreviveram.

A fazenda de Araguaína-TO, interditada por ordens judiciais, foi invadida por clientes da empresa que levaram os animais em caminhões. Na leva, os investidores realizaram a transferência de outros itens da fazenda como janelas, telhas e máquinas.

O administrador judicial recebeu R$ 1 milhão, retirado do fundo de previdência privada do Banco Bradesco. O juíz da 11° Vara Cível de Goiânia, Carlos Magno Rocha da Silva, autorizou em 16 de março de 2006 o uso do dinheiro para quitar as dívidas da empresa com os funcionários, e para a compra de mantimentos para os animais por um mês.

O consultor de orçamentos do Senado Federal, Hipólito Gadelha Remígio, declarou que os investidores da Avestruz Master poderiam vir a recuperar apenas 3% do valor investido nas aves. Uma simples execução da contabilidade exibiu estes dados. Entre os anos de 2003 e 2004, o Grupo movimentou em suas contas bancárias uma média mensal de R$ 60 milhões, quando a criação de aves declarada gastaria cerca de R$ 309 mil por mês.

Segundo Remígio, os administradores teriam subtraído dos cofres da empresa R$ 103 milhões, o que indica ocultação de receitas. Os 3% de recuperação seriam a proporção entre os ativos estimados e as dívidas da empresa. 

No dia 3 de abril de 2008, o Lacticínios Bela Vista arrematou em leilão o frigorífico Struthio Gold e todas as fazendas do Grupo Avestruz Master no munícipio de Bela Vista de Goiás por R$11 milhões.

Em 2013, a Assossiação dos Criadores de Avestruz do Brasil operava com poucos produtores. Com foco em plumas, penas e couro, a criação destas aves no país contava com apenas 2 grandes produtores.

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Pauta desenvolvida pela estagiária de jornalismo Julia Macedo com a supervisão da jornalista Fernanda Cappellesso.

Imagem: Pinterest 

Avestruz Master: recorde a história do maior esquema de pirâmide financeira de Goiás

Goiânia não é o Egito mas já teve forte esquema de pirâmides! Há 20 anos um golpe orquestrado pela empresa Avestruz Master abalou a economia do estado de Goiás. A organização comercializou aproximadamente seiscentos mil animais.

 Cerca de trinta mil investidores do grupo eram goianos, o que gerou um prejuízo superior a R$ 1 bilhão. No ano de 2004 a empresa investiu milhões em publicidades. O esquema de pirâmide cresceu cada vez mais. Não paravam de surgir investidores ao redor do país. No entanto, o número de animais nunca subia. 

Aquelas ações se tornaram cada vez mais suspeitas. O superintendente do Procon-GO na época foi avisado sobre as atividades suspeitas da Avestruz Master. Iniciava-se ali uma investigação sobre a possibilidade de mais um golpe financeiro em curso. 

Foi instaurado um procedimento administrativo para apurar a veracidade dessa ocorrência. Através de uma notificação, o proprietário da Avestruz Master, Jerson Maciel da Silva, procurou o Procon junto aos seus advogados. Na ocasião, o proprietário declarou que o grupo tinha um viveiro com 5.800 aves.

Pouco tempo depois, o Procon compareceu a uma das fazendas, localizada em Bela Vista de Goiás. Com auxílio da cavalaria para acalmar os animais, foram contabilizadas um total de 4.371 avestruzes. Onde estariam as outras 1.429 aves? Uma nova notificação foi expedida. 

A nova intimação solicitava a relação dos balancetes patrimoniais da empresa a fim de entender e provar os atos ilícitos da empresa. Porém, o Procon não obteve nenhuma resposta. O superintendente decide então emitir o mandato de fechamento da empresa Avestruz Master.

Tão logo, o Procon recebeu um ofício da justiça pontuando que o balanço de dados da empresa deveria ser encaminhado ao Ministério Público. No decorrer do caso, foi descoberto mais de quarenta mil consumidores lesados em investimentos que variavam entre R$10 e 200 mil reais, causando o prejuízo estimado em R$ 1 bilhão. 

A Avestruz Master foi a causadora de um dos maiores golpes de pirâmide do país. Suas propagandas enganosas prometiam retorno financeiro mensal em mais de 10%. O esquema organizado pelo grupo embolsava os antigos clientes a partir do investimento de novos financiadores, no mais puro ato de desvio de dinheiro. Aqueles que sustentavam a base da pirâmide perderam tudo.

Pauta desenvolvida pela estagiária Júlia Macedo com a orientação da Jornalista Fernanda Cappellesso 

Relembre o caso Avestruz Master, o maior esquema de pirâmide financeira da história de Goiás

Quem é que não se lembra de uma das maiores fraudes financeiras ocorridas no Brasil, que atingiu diretamente investidores goianos? No início dos anos 2000, a Avestruz Master  fornecia contratos de venda e compra de avestruzes com a honra de recompra dos animais em esquema de pirâmide financeira.

Para se ter uma ideia, entre 2003 e 2005 de atividade, nenhuma ave chegou a ser abatida. E na teoria, a organização teria comercializado mais de 600 mil animais. Mas na realidade, só possuía 38 mil. O grupo tinha 50 mil investidores no Brasil, 30.000 deles eram do estado de Goiás. O prejuízo foi superior a R $1 bilhão.

Para completar todo o teatro, em 2004, foram gastos 4 milhões de reais em publicidade para aumentar a base da pirâmide, e com somente 100 mil reais em ração para as avestruzes.

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O esquema bilionário foi descoberto em 2005, a empresa faliu e um de seus sócios fugiu para o Paraguai. Em 2010, a Justiça Federal condenou os dois filhos e o genro do dono da Avestruz Master a penas de 12 a 13 anos de prisão, além de serem obrigados a indenizar os investidores em 100 milhões de reais.

Para entender bem, a pirâmide financeira é um modelo comercial previsivelmente não sustentável que depende basicamente do recrutamento progressivo de outras pessoas cobrando uma taxa de entrada para a manutenção do modelo, a níveis insustentáveis.

Funciona mais ou menos assim: Eu sou o criador do esquema, portanto eu estou no primeiro nível. Logo, eu convidei 10 pessoas para investir nesse produto financeiro, essas estão no segundo nível. O esquema já possui R $100 mil em capital (R $10 mil X 10 pessoas). A partir disso eu encorajo os entrantes do segundo nível a recrutar mais 10 pessoas prometendo participação maior nos lucros. Com isso, o terceiro nível já possui 100 pessoas, e o patrimônio total já salta para R $1,1 milhão.

O ponto que queremos tocar é: Por que as pessoas são ludibriadas por esse esquema? Os pontos englobam a falta de educação financeira, inocência, entre outros. E o uso de palavras-chave atraente como alta rentabilidade, baixo risco, ganho expressivo, retorno certo, lucro exorbitante o pilantra tenta ganhar a atenção da vítima. 

Foi a combinação desses fatores que prometia retorno acima de 10% ao mês, mais do que qualquer investimento tradicional. Além de vários amigos aderindo à novidade e dizendo multiplicar seu dinheiro em pouco tempo, que levou a médica Ana a cair nesse esquema. 

No começo dos anos 2000, a médica viu grande parte do seu círculo de amigos, em Goiânia, investindo na empresa Avestruz Master. Não se falava de outra coisa na cidade: o avestruz entrou na moda. Sua carne era servida nos melhores restaurantes, seu couro era usado em bolsas comercializadas nas mais finas boutiques. Parecia o negócio do século.

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De uma amiga, Ana ouviu que sua aplicação de R $15 mil havia dobrado em pouco tempo. Outra tinha acabado de vender um apartamento de R $200 mil para poder investir nas aves. Ana, então, aderiu à moda e resolveu investir R $15 mil no negócio, mesmo sem pesquisar muito sobre ele. 

Em 2005, o juiz Carlos Magno Rocha da Silva, da 11ª Vara Cível de Goiânia, decretou  a falência do grupo Avestruz Master, que era composto por 10 empresas. Poucos meses depois de Ana realizar a aplicação. A médica não chegou a ver os lucros. Também não recebeu seu dinheiro de volta até hoje, relatou ela ao Blog Magnetis.

Naquela época, o juiz decretou, ainda, a prisão temporária de Jerson Maciel da Silva, pelo prazo de cinco dias, prorrogáveis. O juiz ainda pediu a quebra do sigilo bancário e fiscal das falidas, dos seus sócios, gerentes e administradores, desde a data da constituição da Avestruz Master Agro-comercial Ltda. 

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Recorte de um vídeo da fazenda, que foi vendida em 2007

O estrago foi tão grave entre centenas de famílias brasileiras, que o juiz determinou ao Banco Central do Brasil que fornecesse cópias dos extratos de movimentação bancária de todas essas pessoas em qualquer instituição financeira. Ele determinou ainda à Secretaria da Receita Federal que forneça cópias das declarações de imposto de renda de todos os envolvidos.

A falência do grupo Avestruz Master gerou, no total, 189 ex-empregados das empresas e as irregularidades lá dentro eram exorbitantes e absurdas. Em dezembro de 2007, o mesmo juiz, Carlos Magno Rocha da Silva, determinou a liquidação de todos os bens arrecadados pela massa falida do grupo Avestruz Master. 

Com a medida, ficou autorizado a vender não só as fazendas e o Frigorífico Struthio Gold, mas também todos os bens particulares dos donos da empresa liquidada, incluindo lotes, apartamentos, box de garagens e veículos já em poder da Justiça Federal.

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Com isso, ficou praticamente impossível os investidores receberem os valores aplicados nas empresas. Isso porque os bens devem gerar cerca de R $20 milhões, mas o valor da dívida é muito superior. Somente a dívida do grupo Avestruz Master com a Fazenda Pública Nacional já soma mais de R $450 milhões.

Naquela época, a decisão do magistrado obrigou que a família de Jerson Maciel deixasse o apartamento em que viviam no Setor Bueno, que estava cedido como usufruto vitalício, em 30 dias.  Além disso, só os veículos foram avaliados em cerca de R $2 milhões.

Finalmente, no final de setembro de 2019, a polícia de Goiânia (GO) prendeu os ex-diretores da Avestruz Master. As prisões começaram a ser executadas por determinação do juiz federal Rafael Ângelo Slomp. 

Segundo o G1, o grupo vinha ganhando tempo com recursos da defesa desde a ocasião da condenação em primeira instância, que foi em 2010. Eles foram condenados por “crime contra o Sistema Financeiro Nacional”.

Os presos são os ex-diretores da empresa, Patrícia Áurea da Silva Maciel, e seu marido Emerson Ramos Correa, detidos na Bahia, e o ex-diretor comercial, Jerson Maciel da Silva Júnior, preso em Goiânia. 

Por mais bobo que seja, o escândalo dos avestruzes deixou muita gente para trás e ainda não houve o ressarcimento completo para muitos investidores. 

Imagens: Reproduzidas da Internet

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