Conheça o escritor goiano de destaque que vai comemorar 100 anos

Waldomiro Bariani Ortêncio além de escritor é folclorista, compositor e outras funções igualmente artísticas. Bariani Ortêncio, como é mais conhecido, teve seu primeiro emprego nas Casas Pernambucanas, em São Paulo. 

O paulista de alma goiana nasceu em Igarapava, São Paulo e já em 1938, com quinze anos veio morar em Goiânia, acompanhado de sua família. Na capital de Goiás, cursou ginasial, científico (antigo ensino médio) no Liceu de Goiãnia e iniciou a graduação de Odontologia e Farmácia, mas não conluiu o curso.

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Iniciou-se como escritor ainda na infância, em Itaperava, no jornal estudantil O Chicote. Em Goiânia, tão logo matriculou-se no Liceu, passou a escrever para o jornal estudantil da escola. E durante um período de mais de dois anos, redigiu crônicas para a Rádio Clube de Goiânia, às vezes, também, publicada no jornal “A Folha de Goyaz”.

Publicou seu primeiro livro em 1956, “O que foi pelo Sertão”, pelo qual recebeu o prêmio Americano do Brasil por parta da Academia Goiana de Letras, instituição que o aceitaria como membro cinco anos depois, para a cadeira n.º 9, cujo patrono é Antônio Americano do Brasil e que foi fundada por Pedro Cordolino Ferreira de Azevedo.

Seguiram-se os livros: “O Sertão – O Rio e a Terra”, 1959; “Sertão Sem Fim”, 1965; “A Cozinha Goiana”, 1967; “Vão dos Angicos”, 1969; “Força da Terra”, 1974; “Morte Sob Encomenda”, 1974; “Dr. Libério, o Homem Duplo”, 1981; “Estórias dos Crimes e do Detetive Lopes”, 1981; “Dicionário do Brasil Central”, 1983; “O Enigma do Saco Azul”, 1985; “Aventura no Araguaia”, 1987; “Meu Tio-Avô e o Diabo”, 1993; “Medicina Popular do Centro-Oeste”, 1994; “João do Fogo”, 1996; “Cartilha do Folclore Brasileiro”, 1997; “O Homem que Não Teimava”, 1998; “Caminho da Liberdade”, 2000; “A Fronteira” (Revolução Constitucionalista de São Paulo de 32) e “Minha Vida de Menino”, 2005; “Crônicas”, 2005.

Como compositor, é autor de inúmeras músicas, e teve suas primeiras composições gravadas a partir de 1957, por diversos intérpretes, como Irmãs Santos, Duo Paranaense, Trio da Vitória, Duo Estrela D’Alva e Duo Guarujá, entre outros. Em 1960, por ocasião da inauguração da nova capital do Brasil (em 21 de abril de 1960), a Orquestra e Coro RGE gravou a marcha “Brasília Vinte e um de Abril”, de sua autoria exclusiva, e, no mesmo disco, a marcha “Brasília a Capital da Esperança”, composta em parceria com Henrique Simonetti e Capitão Furtado.

Sem dúvidas o destaque que Bariani possui é no folclore goiano, tendo escrito o livro a “História de Goiânia para Escolas” e criador da “Cartilha do Folclore Brasileiro”, com a qual ganhou o prêmio da Academia Brasileira de Letras no concurso literário de 1986. Bariani já contribuiu e ainda contribui muito para a preservação da cultura popular goiana e brasileira. Com maestria, o escritor encanta, conquista e ganha leitores de todas as idades e classes sociais ao narrar em seus livros: crônicas, causos, crendices, magníficas e curiosas histórias da sabedoria popular.

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O escritor se tornou comerciante no bairro Campinas, com o Bazar Paulistinha, uma loja de discos, a qual veio a se tornar uma célebre casa comercial, e se tornou a mais antiga da área até 2013 quando fechou suas portas. Havia de tudo na Paulistinha: Rock, MPB e Música Clássica e ficava aberta até mais tarde depois das 18h.A seção de clássicos era um espetáculo à parte: uma sala reservada no fundo da loja com duas cabines individuais, com tratamento acústico, confortáveis sofás e bons equipamentos de som.

Bariani Ortêncio também foi goleiro do Atlético Clube Goianiense. E ao longo de sua vida, exerceu diversas outras atividades: professor de matemática, comerciante, fazendeiro, industrial e minerador.

O escritor foi tema de um curta-metragem, dirigido pelo cineasta Edson Luiz de Almeida, que estreou em 2020. O filme, disponível no YouTube, conta, em pouco mais de 14 minutos, as diversas curiosidades da vida de Bariani, que além de escritor, já exerceu diversas outras atividades na música e na gastronomia. O documentário ainda permite exibição nas versões em inglês, espanhol e audiodescrição em Libras.

A Academia Goiana de Letras (AGL) irá homenagear seus dois membros que irão completar 100 anos em 2023, fato inédito nos 83 anos de existência da entidade. A intenção, conforme ressalta o presidente, escritor Ubirajara Galli, é reconhecer o importante trabalho pela educação e pela cultura que os acadêmicos Waldomiro Bariani Ortêncio e Ana Braga realizaram ao longo de suas vidas, e homenageá-los enquanto estão vivos, lúcidos, produzindo e marcando a convivência com suas presenças, simpatia e sabedoria.

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Nesta quinta (25), às 17h, no Instituto Cultural e Educacional Bariani Ortêncio, na rua 82 nº 565, setor Sul, em Goiânia, será homenageado o escritor Bariani Ortêncio. O centenário, que ocupa a cadeira n° 23 na AGL, reside neste mesmo endereço.

Bariani ainda recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Goiás, em 2013 e ocupa a cadeira n° 46 do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás.

Um orgulho do nosso estado! Parabéns Bariani!

 

Foto da capa: Paula Resende

Foto 1: Reprodução/Vídeo Youtube

Foto 2 e 3: Reprodução/Recanto Caipira

Bariani Ortencio ganha documentário aos 97 anos

Está disponível no canal oficial de vídeos do You Tube o documentário O Paulistinha e a Alma da Terra que mostra a trajetória do escritor e folclorista Bariani Ortencio. O curta, de 14 minutos, tem roteiro e direção de Edson Luiz de Almeida. O filme é uma grande homenagem ao homem que completou 97 anos em 2020 e que há 70 se dedica à valorização da cultura popular goiana e brasileira. Bariani Ortencio é autor de 44 livros e dono da maior biblioteca de Goiás, com 3.500 livros. Este mês ele recebeu o troféu Seriema, do Instituto Cultural Bernardo Élis.

Natural do interior de São Paulo, Bariani vive em Goiânia desde os primórdios da capital e na cidade imprimiu a marca do Paulistinha, seja como goleiro do Atlético Clube Goianiense, seja como empresário à frente da loja de discos homônima que revelou diversos cantores ao Brasil, seja por sua incansável busca dos diferentes aspectos da cultura goiana – folclore, música, culinária, literatura – o que o tornou um “naturalizado” por opção.

O documentário, financiado pelo Fundo de Arte e Cultura do Governo de Goiás, está disponível também nas versões Inglês, Espanhol, Libras e Áudio descrição.

Assista ao trailer: