Pesquisa realizada pela Pfizer sugere que vacinas contra a Covid-19, desenvolvida pela farmacêutica e pelo laboratório alemão BioNTech, podem proteger os indivíduos contra uma nova mutação do vírus. Encontrada em duas variantes altamente contagiosas do coronavírus no Reino Unido e na África do Sul, as mutações têm causado preocupações na comunidade científica.
A Pfizer se uniu a pesquisadores da University of Texas Medical Branch para realizar testes clínicos e descobrir como a mutação afetava a eficácia da vacina, produzida pela farmacêutica para a prevenção da Covid-19. Os pesquisadores utilizaram amostras de sangue de vinte pessoas que receberam a vacina Pfizer/BioNTech durante a fase três de testes do imunizante, e o resultado mostrou que os anticorpos desses voluntários resistiram com sucesso ao vírus com mutação em placas de laboratório, segundo o estudo publicado na noite de quinta-feira (8) pelos pesquisadores envolvidos.
Mutação do coronavírus
As variantes do novo coronavírus apresentam alto poder de disseminação, causando preocupação na comunidade política e científica, principalmente pelo avanço dos planos de imunização no mundo. As duas mutações identificadas apresentam uma alteração chamada N501Y, que causa mudanças em um ponto da proteína responsável por reverter o vírus.
De acordo com estudiosos e infectologistas, essa pequena alteração pode ser a razão pela qual o vírus se espalha facilmente, contagiando um grande número de pessoas. As mutações são comuns na vida útil dos vírus, tendo em vista que a transmissão entre as pessoas os modificam naturalmente, no entanto, analisar e acompanhar as novas variantes garante a eficácia dos tratamentos e da vacina.
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Estudo preliminar
O estudo também revelou que a vacina funciona contra quinze possíveis mutações adicionais do vírus. Entretanto, a E484K, também presente na cepa descoberta na África do Sul, ainda não foi testada.
A pesquisa não foi analisada por outros cientistas, etapa fundamental da pesquisa científica para que haja comprovação e ampla divulgação na comunidade. Ainda assim, o diretor científico da Pfizer, Philip Dormitzer, considerou animadores os resultados, mesmo se tratando de um estudo preliminar.
Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello | Reprodução: Câmara dos Deputados
O Brasil não possui acordos com a Pfizer/BioNTech
Há três dias, foram confirmados dois casos das novas mutações do coronavírus em São Paulo, considerado o epicentro da pandemia no Brasil. A previsão do Governo de São Paulo é iniciar a vacinação no próximo dia 25 de janeiro, imunizando o grupo prioritário com a vacina Coronavac, que recentemente apresentou eficácia de 100% em casos graves, de acordo com autoridades do estado.
A previsão do Ministério da Saúde é disponibilizar 354 milhões de doses da vacina contra a Covid-10 no ano de 2021. O Governo Federal optou por seguir majoritariamente com a vacina produzida pela farmacêutica americana AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford. Há ainda a previsão da compra de 100 milhões de doses da Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
Em recente pronunciamento, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello afirmou que o governo federal está negociando com representantes da Pfizer suas condições para a aprovação. Pazuello queixou-se das imposições da farmacêutica, afirmando que a empresa tem “imposições que não encontram amparo na legislação brasileira”, dentre elas, citou o fim da isenção de responsabilização civil por efeitos colaterais da vacinação, a manutenção no Brasil do foro de eventuais julgamentos e a criação de um fundo caução para custear possíveis ações judiciais.
Recentemente, a Pfizer anunciou que tem negociado a venda de vacinas com o Brasil desde junho do ano passado, um mês antes de assinar um acordo confidencial com cláusulas semelhantes às que foram aceitas pela União Europeia e mais doze países, metade deles latino-americanos. A farmacêutica garante que as cláusulas do acordo estão sendo negociadas em linha com os acordos realizados com outros países do mundo, inclusive os da América Latina.
Sobre a negociação, a Pfizer afirmou estar aguardando a decisão do governo brasileiro para estabelecer um contrato de fornecimento. Além disso, a farmacêutica explicou que o processo de submissão de sua vacina junto à Anvisa continua em andamento, e que a companhia se coloca à disposição do governo para concretizar um acordo que beneficie os brasileiros.