Curta Mais teve acesso com exclusividade à carta que oficializa o rompimento com o Prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos).
Quatorze titulares de primeiro escalão da Prefeitura de Goiânia assinaram a carta e entregaram os cargos na manhã desta segunda-feira (5). O assunto foi antecipado em primeira mão no Jornal da Manhã Edição Goiás durante entrevista exclusiva com Daniel Vilela, presidente do MDB-GO.
A carta, assinada ainda por outras lideranças do partido, fala de traição. “Ao se afastar do plano de governo e das pessoas que o construíram e o defenderam, Rogério Cruz age com deslealdade e trai o legado de Maguito, quebrando também o voto de confiança conferido nas urnas pelos goianienses. Na ocasião da posse como prefeito, Rogério Cruz disse publicamente: ‘Já afirmei várias vezes que seria fiel soldado do prefeito Maguito e assim continuarei. Ao executar o plano de governo que construímos juntos, quero fazer por Goiânia tudo aquilo que Maguito sonhou e projetou’. Palavras que agora só reforçam o gosto amargo da traição à nossa cidade.”, diz um dos trechos mais fortes do documento.
Outro trecho insinua que o prefeito Rogério Cruz não teria mais autonomia no comando do executivo. “Quem está comandando hoje a Prefeitura de Goiânia é a direção nacional do Republicanos, a partir de nomes de fora de Goiás indicados por eles para funções estratégicas na administração”.
O Prefeito Rogério Cruz ainda não se pronunciou sobre o assunto. A informação é que a Prefeitura está preparando uma nota oficial que será divulgada ainda hoje.
Confira na íntegra o documento:
CARTA ABERTA À POPULAÇÃO DE GOIÂNIA
Em novembro do ano passado, o eleitor de Goiânia foi às urnas e elegeu como prefeito Maguito Vilela, cuja candidatura representava o compromisso com um projeto que manteria a cidade no caminho da modernização, com melhorias na mobilidade, na educação, na saúde, no desenvolvimento econômico e na garantia da continuidade das várias conquistas da gestão de Iris Rezende. Tudo isso casado com uma plataforma de amparo social, marca indelével da trajetória de Maguito. Lamentavelmente, no dia 13 de janeiro, Maguito acabou vitimado pela Covid-19. Mas permaneceram compromissados com os propósitos e o legado de Maguito aliados e auxiliares experientes, que formavam uma equipe de competência inequívoca, afinada com a forma de trabalho do prefeito eleito. Em menos de três meses, esse time, atuando com eficiência e sinergia junto ao prefeito e à Câmara Municipal, já resgatou parte dos compromissos de campanha, a exemplo do IPTU Social, do Renda Família e implantou inovações nas áreas de gestão de pessoas e de projetos. Além disso, nenhuma das grandes obras deixadas por Iris Rezende havia sido interrompida, cumprindo outro compromisso assumido por Maguito com o eleitor goianiense. Contudo, pouco mais de dois meses após a morte do prefeito eleito, assistimos a uma completa mudança de rumos da atual gestão. O prefeito Rogério Cruz paralisa obras, suspende projetos e não consegue mais apontar com clareza os rumos da administração. Ou não pode fazê-lo.
A realidade é que quem está comandando hoje a Prefeitura de Goiânia é a direção nacional do Republicanos, a partir de nomes de fora de Goiás indicados por eles para funções estratégicas na administração. Goiânia está sob a direção de uma legião estrangeira descomprometida com nossa população, composta por pessoas que sequer conhecem a cidade ou sabem os desejos e necessidades de seus moradores. Todos eles nomes obscuros para os goianienses e muitos desconhecidos até pelo próprio prefeito. Já faz algumas semanas que dirigentes do partido de Rogério Cruz despacham livremente no Paço Municipal, distribuindo ordens mesmo sem terem qualquer conhecimento da administração local. Ao se afastar do plano de governo e das pessoas que o construíram e o defenderam, Rogério Cruz age com deslealdade e trai o legado de Maguito, quebrando também o voto de confiança conferido nas urnas pelos goianienses. Na ocasião da posse como prefeito, Rogério Cruz disse publicamente: “Já afirmei várias vezes que seria fiel soldado do prefeito Maguito e assim continuarei. Ao executar o plano de governo que construímos juntos, quero fazer por Goiânia tudo aquilo que Maguito sonhou e projetou”. Palavras que agora só reforçam o gosto amargo da traição à nossa cidade. A partir da verdadeira intervenção no Paço Municipal, iniciou-se um desmonte nos quadros da administração que vai muito além dos ajustes que o prefeito afirmou que faria em função do (natural e legítimo) desejo de escolher auxiliares mais próximos, do ponto de vista político e pessoal. De forma pouco transparente e sem o consentimento da população, a Prefeitura de Goiânia está sendo loteada por grupos políticos e consultores de fora do nosso Estado.
Diante de tudo isso, abaixo assinados, auxiliares do primeiro escalão da Prefeitura, comprometidos com o projeto e o legado de Maguito Vilela, entregam, em caráter irrevogável, seus cargos e se retiram da administração por não pactuarem com os novos rumos imposto pelo Republicanos. O prefeito Rogério Cruz não representa mais o projeto político e administrativo idealizado por Maguito Vilela e eleito pelos goianienses. Ele quer fazer outro governo. Importante ressaltar que a decisão expressa nesta carta não se trata de atitude impensada ou tomada sem diálogo. Pelo contrário. Foi argumentado diversas vezes com o prefeito que não havia concordância com as mudanças apressadas, em meio a uma pandemia, e com a forma como grupos de fora estavam tomando o poder na capital. Além de não dar ouvidos aos argumentos, Rogério Cruz também encerrou qualquer diálogo, sendo literalmente proibido por seu partido de conversar com a direção do MDB e com membros que coordenaram a campanha e o plano de governo de Maguito.
Ao fechar as portas ao diálogo, Rogério Cruz foi além e informou ao presidente regional do MDB, Daniel Vilela, que qualquer assunto relacionado à Prefeitura teria de ser tratado com Wanderley Tavares, presidente do Republicanos do Distrito Federal, ou com o deputado federal Marcos Pereira (SP), presidente nacional da legenda. Uma sinalização clara e preocupante de que o destino de Goiânia passou a ser decidido fora daqui.
Por fim, é preciso dizer à sociedade goianiense que lamentamos profundamente o que ocorre hoje na Prefeitura. Em função da discordância frontal com os rumos da gestão da nossa cidade, nos afastamos da atual administração, mas jamais nos afastaremos de Goiânia e dos goianienses. Nosso compromisso com a melhoria da qualidade de vida da nossa capital permanece intacto. Seguiremos vigilantes e cobrando, de forma enfática, que a atual gestão cumpra o que foi assumido com o eleitor na campanha. Não seremos cúmplices de quem porventura tenha decidido por outro caminho que não o de trabalhar para Goiânia seguir em frente.
Goiânia, 05 de abril de 2021
Agenor Mariano, secretário de Planejamento Urbano e Habitação
Alessandro Melo, secretário de Finanças
Pedro Chaves, secretário de Mobilidade
Euler de Morais, secretário de Relações Institucionais
Murilo Ulhôa, presidente da Companhia Metropolitana de Transportes
Coletivos
José Frederico, secretário de Prioridades Estratégicas
Carlos Júnior, secretário de Desenvolvimento e Economia Criativa
Leandro Vilela, secretário extraordinário
Gean Carvalho, secretário-executivo de Assuntos Estratégicos
Célio Campos, secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia
Filemon Pereira, secretário de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas
Colemar Moura, controlador-geral do Município
Antônio Flávio, procurador-geral do Município
Kléber Adorno, secretário de Cultura
TESTEMUNHAS
Andrey Azeredo, ex-secretário de Governo
Aristóteles de Paula, ex-presidente da Comurg
Bruno Rocha Lima, ex-secretário de Comunicação
Luiz Bittencourt, ex-secretário de Infraestrutura Urbana
Marcela Araújo Teixeira, ex-secretária de Administração
Zilma P. Campos Peixoto, ex-presidente da Agência de Meio Ambiente
Marcelo Ferreira da Costa, ex-secretário de Educação