Diversos grupos de mulheres organizam protesto em Goiânia, neste domingo (8) para pedir por Justiça no caso da influenciadora digital, Mariana Ferrer, de Santa Catarina. O caso ganhou repercussão nacional após julgamento, o qual o empresário André de Camargo Aranha foi absolvido de uma acusação de estupro.
Os grupos Coletivo de Mulheres Goianas; Bloco Não é Não; Movimento de Mulheres Olga Benario; Instituto Padma; Associação Mulheres na Comunicação; União Estadual dos Estudantes e Coletivo ParaTodos GO organizam a manifestação, que está marcada para às 9h, na Praça Cívica, em frente ao museu.
Conforme trecho do texto que convoca as mulheres a participarem do ato, “a manifestação, apartidária e com fins culturais, levanta duas principais bandeiras: o fim da culpabilização da vítima dentro da cultura do estupro e a revisão do machismo estrutural no sistema judiciário brasileiro”. O protesto também irá pedir a revisão da sentença.
A mobilização acontece a nível nacional, com protestos confirmados nas cidades de: Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Teresina (PI), Campina Grande (PB), além de Goiânia.
Caso Mari Ferrer
Nos últimos dias, o vídeo do julgamento do caso de Mariana Ferrer, de 23 anos, causou revolta no país. A influencer foi humilhada pelo advogado de André Aranha, empresário acusado de tê-la estuprado em uma festa em 2018. Ele foi inocentado, sob a alegação de que cometeu “estupro culposo”. O caso gerou revolta nas redes sociais. As imagens foram obtidas pelo The Intecept Brasil, e causaram grande repercussão.
De acordo com o promotor responsável pelo caso, não havia como o empresário saber, durante o ato sexual, que Mari não estava em condições de consentir a relação, não existindo assim “intenção” de estuprar.
Sendo assim, o juiz aceitou a argumentação de que André cometeu um “estupro culposo”, um “crime” não previsto na lei brasileira. Porém, como ninguém pode ser condenado por um crime que não existe, o réu foi absolvido.
O advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, responsável pela defesa do empresário, mostrou várias fotos de Mariana durante a audiência e definiu as imagens como “ginecológicas”. Em momento algum foi questionado por membros do Tribunal de Justiça catarinense sobre a relação das fotos com o caso.
Gastão também disse que “jamais teria uma filha do nível” de Mariana. Bastante incomodada, a influencer respondeu dizendo que está de roupa nas fotos e que elas “não têm nada demais”. A jovem ainda argumentou: “A pessoa que é virgem, ela não é freira não, doutor. A gente está no ano 2020”.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de Santa Catarina (OAB-SC) vão apurar as condutas respectivamente, do juiz, do promotor e advogados que atuaram no caso.