A estudante da Universidade Federal de Goiás, Josileide Veras de Sousa, elaborou uma proposta para um Projeto de Lei que reserva 50% das vagas de estágio para pessoas negras (pretas e pardas), indígenas e quilombolas nos órgãos públicos do Estado de Goiás, bem como nas autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista.
Pois bem, a proposta, apresentada à Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) pela deputada estadual, Adriana Accorsi, já foi aprovada preliminarmente pela mesa diretora, que verificou a constitucionalidade, e, agora, aguarda parecer da Comissão de Constituição, Justiça e Redação. Caso aprovado, o Projeto de Lei segue para duas sessões de votação no plenário.
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Josileide é estudante do curso de Ciências Sociais (CS), com habilitação em Políticas Públicas da UFG. Para além da formação acadêmica, a sua história de conquistas e superação está no cerne da constituição dessa política pública.
Com 28 anos, dos quais 10 passou em uma Instituição de Acolhimento a Crianças e Adolescentes (Iaca), a tocantinense natural de Pedro Afonso ingressou na Universidade em 2016. No espaço acadêmico vem traçando seu caminho em grupos de pesquisa, de militância, estudo e, especialmente, nos estágios, que contribuem para a sua permanência na UFG.
Indicada ao estágio na Assembléia Legislativa do Estado pelo professor da UFG, Francisco Tavares, em 2017, mesmo ano em que também trabalhou como assistente na Coordenação Administrativa do Projeto Politizar da UFG, Josileide Veras se deparou com a falta de representatividade daquele espaço público.
“Notei que a maioria dos cargos e funções de decisão e assessoramento eram ocupados por pessoas brancas, o que se mantém. Havia a presença de pessoas negras. Contudo, elas estavam restritas às funções de limpeza e manutenção”, conta.
Da mesma forma, a acadêmica observou que as 450 vagas ofertadas, na época, pelo projeto Estagiário Cidadão eram “ocupadas predominantemente por pessoas brancas” e não especificava “reserva de vagas para estudantes negros”.
O incômodo levou a estudante a apresentar a problemática na Faculdade de Ciências Sociais (FCS) a ponto de conseguir mobilizar junto à professora da UFG, Suzane de Alencar, um seminário sobre ações afirmativas no estágio.
O debate seguiu especialmente com os colegas pertencentes às comunidades tradicionais quilombolas e indígenas e ganhou corpo com as pesquisas realizadas por Josileide Veras na Coordenadoria de Ações Afirmativas (CAAF) da UFG, onde hoje atua como estagiária.
“Esse Projeto de Lei é fruto de leituras de textos, tanto de políticas públicas quanto da história do povo negro, anotações, diálogos, questionamentos e observações das realidades ao meu redor, além das reflexões que fiz na rotina acadêmica”, afirma a estudante.
Após a elaboração do PL, Josileide Veras destaca a receptividade recebida pela coordenadora da CAAF, Marline Dorneles, pelo presidente da Comissão de Heteroidentificação da UFG, Pedro Cruz, e pela coordenadora-geral de estágio da Pró-reitoria de Graduação (Prograd), Rosângela de Oliveira, que organizaram o encontro com a deputada estadual, Adriana Accorsi.
Fonte: Jornal UFG