Pedaço de foguete abre cratera na lua e faz aquecer debate sobre lixo espacial
Na sexta-feira, 4 de março, um pedaço de propulsor de foguete, com massa estimada em três toneladas, chocou-se com a Lua e criou uma nova cratera no satélite natural da Terra. Os cientistas dizem que muitas perguntas permanecem no ar após a colisão. Ninguém sabe quem é responsável pelo resto do foguete, nem mesmo o local exato onde o choque aconteceu.
Segundo especialistas é muito provável que o foguete seja parte da missão chinesa Chang’e 5-T1, que faz parte do programa de exploração lunar do país asiático. A China, no entanto, nega. Segundo a revista Scientific American, o choque aconteceu perto da cratera Hetzprung, que tem 540 quilômetros de diâmetro e fica no lado afastado da Lua e este é o motivo, segundo a revista, pelo qual não foi possível acompanhar a colisão com telescópios.
O evento, que não é o primeiro do tipo, não traz impactos imediatos para a vida na Terra ou para a exploração espacial. Porém, levantou, mais uma vez, uma série de questões e discussões sobre sobre lixo espacial, as dificuldades de se identificar objetos distantes da órbita baixa da Terra e a relação do planeta Terra com a Lua.
Especialistas dizem que antes de se chocar com a Lua, o pedaço de foguete não causou nenhum acidente. Mas, eles afirmam que isso poderia acontecer. Os cientistas destacam que neste momento em que se fala de viagens interplanetárias, é preciso destacar que esse tipo de acontecimento pode impactar até mesmo telescópios espaciais, como o James Webb, que entrou em órbita há pouco”. Os cientistas destacam que embora as probabilidades de entrar em rota de colisão com outro objeto sejam baixas, as consequências seriam catastróficas.
No meio científico há a preocupação de que um objeto destes possa, eventualmente, atrapalhar um pouso na Lua, daí também a importância de encontrar a cratera. Outro temor da ciência é a possibilidade de um objeto desse se chocar com algum outro já deixado na Lua.
Isso ocorre porque há uma preocupação para se preservar os jipes, os módulos de base lunar e outros resquícios das viagens dos astronautas que ainda estão lá. Isso porque sítios são patrimônios da humanidade. Eles destacam ainda que as chances de colisão dentro do espaço, ou mesmo na Lua, são extremamente remotas, mas podem crescer à medida que lançarmos mais objetos no espaço. E, por isso, demandam atenção e debate.
A grande preocupação do momento é o lixo espacial na órbita baixa da Terra — aquela que está até 2.000 km de distância do nível do mar. Devemos aqui recordar que em novembro de 2021, a Estação Espacial Internacional precisou iniciar um protocolo de segurança para se desviar de uma nuvem de lixo gerada por destroços de um teste antissatélite conduzido pela Rússia.
Os cientistas dizem que o crescimento do lixo espacial poderia levar à chamada síndrome de Kessler, teorizada em 1978 pelo então cientista da Nasa, Donald J. Kessler. Na teoria, o lixo espacial presente na órbita terrestre baixa — a até 2.000 quilômetros da superfície do planeta — seria tanto que as colisões entre destroços gerariam um efeito cascata.
Como resultado, camadas inteiras da órbita terrestre baixa se tornariam inutilizáveis, o que é um problema, já que é justamente lá que estão os satélites usados para comunicação, GPS, monitoramento da Terra, entre outras funções. A Nasa estima que já existam cerca de 100 milhões de fragmentos de lixo espacial com mais de um milímetro de diâmetro em diferentes alturas da órbita terrestre.
Bônus:
Assista a animação abaixo, produzida com os softwares Systems Tool Kit (STK) e Orbital Determination Tool Kit (ODTK) que mostra como foi o possível impacto na Lua:
.(Com informações da CNN)