Conheça uma figura única que andava e encantava pelas ruas de Goiânia nos anos 70

Artista plástico e um dos primeiros hippies da cidade, fazia artesanato, tocava sanfona primorosamente e andava pela cidade de bicicleta, com roupas diferentes ou femininas e longos cabelos cacheados, essa é a imagem mental de Mauricinho Hippie, entre os anos de 1960 e 1990. 

Maurício Vicente de Oliveira, seu nome de registro, nasceu em Araguari (MG), mas chegou em Goiânia com 9 anos. Declamava poesias, fazia performances corporais e atuava em defesa dos direitos dos homossexuais em uma época conservadora. 

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Mauricinho era muito autêntico e com certeza quem viveu em Goiânia antes da década de 1990 deve se lembrar das performances dele. 

Além do que, era impossível passar e não notá-lo, ele andava com seu cães de pelos coloridos, com violeta genciana.

Também poeta, Maurício era um mix de talentos: entre artista plástico, músico, compositor, ativista, ele ainda fabricava as próprias roupas.

Maurício, com 12 anos, foi estudar acordeom, influenciado pela família, numa escola badalada na época, Academia Mascarenhas e ficou lá por seis anos. 

Ainda fez teoria e solfejo, no antigo Conservatório da UFG e iniciou o curso livre de artes, na Escola de Belas Artes, mas parou no primeiro ano. 

Ao final dos estudos, tocava piano, acordeom, órgão e violão.

 

Confira ele tocando acordeon no vídeo abaixo:

Depois de seu pai queimar alguns pertences de Mauricio, ele resolveu queimar todas as suas roupas caretas e assim começou a história deste personagem conhecido.

Pelas ruas tinha a mania de entregar flores às mulheres que passavam, lançando palavras de paz e amor.

O estilo de Mauricinho despertou a curiosidade de vários profissionais, como carnavalescos que o homenagearam em seus trabalhos.

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Em 1995, Maurício sofreu um acidente e perdeu um pé. A partir daí, mesmo tendo colocado uma prótese, passou a ficar em casa e pouco saia.

O jovem que agitou Goiânia outrora, esteve muito doente e pouco dele se parecia com o homem que coloriu Goiânia. 

Hoje está com pouco mais de 80 anos e diversas complicações de saúde.

Ainda é residente do Setor Aeroporto, mas se mudou da conhecida casa dele do canto de uma praça. Ele tem falhas de memória e toma remédios controlados.

Goiânia com certeza agradece muito a essa personalidade!

A diretora goiana Claudia Nunes, dirigiu um documentário em 2008 em que conta um pouco da história, vale a pena assistir!

Confira um trecho do documentário clicando aqui.

 

Feira Hippie

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A atual Feira Hippie conta com mais de 10 mil expositores e é a maior da América Latina, costumando receber quase 80 mil visitantes aos finais de semana. 

Ela, que há mais de 20 anos é tradição do goianiense, teve início na década de 60 ali no parque Mutirama, e começou com alguns hippies que iam expor suas obras no local. 

Migrou para a Praça Universitária, devido ao aumento de pessoas vendendo e pessoas visitando. E não parou por aí, com o passar dos anos, se mudou para a Praça Cívica, se fixando na Praça do Trabalhador, onde é montada até hoje.

Lá você encontra de tudo! Desde roupas, acessórios, sapatos, eletrônicos, livros, roupas de cama e mais um pouco. Ela é conhecida também por ter um preço super atrativo! 

Se estiver turistando por Goiânia, não deixe de dar uma passadinha por lá!

Nosso querido Maurício foi um dos fundadores da Feira Hippie. 

“A gente expunha as mercadorias, somente artesanato e artes plásticas, no Parque Mutirama. Foi lá que começou a Feira Hippie. Eram cerca de 20 a 30 pessoas. Me lembro que o artista plástico Tancredo Araújo era um deles. Depois a Feira se mudou para a Praça Cívica e em seguida, para a Avenida Goiás. Eu fui até a fase da Avenida Goiás. Depois parei, quando a feira deixou de ser hippie”, comenta em entrevista ao jornalista Carlos Brandão, em 2011.

 

Com informações de O Popular

 

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Créditos das Fotos

Feira Hippie. FOTO: Reprodução arquivo interno

 

Foto 2 de Mauricinho. Foto: reprodução de vídeo

 

Shopping de Goiânia comercializava leões e animais exóticos

Depois que há algumas semanas recontamos a história do “Leão da Marial” e de toda sua tragédia, diversas pessoas começaram a nos procurar para contar histórias de leões e animais silvestres que residiam em Goiânia na década de 80. 

Assim encontramos a história do leão Juruna, que ainda vamos terminar de contar, a história do Leão Lyons e a história do casal Edir e Homem de Melo que criavam leões, leoas cobras e escorpiões. 

Uma pergunta que ficou em diversos comentários do Facebook e Instagram é de onde que vinham esses leões e animais silvestres. Fomos atrás dessa resposta!

Além desses donos de leões que aceitaram dar entrevista, localizamos outros 17 que criavam esses animais africanos em Goiânia na década de 80, mas que optaram por não aparecer devido ao impacto que se tem socialmente hoje. 

Um deles nos falou, em off, que naquela época era muito comum tanto em goiáis, quanto no Brasil e em toda América Latina que as pessoas tivessem leões de estimação. Porém, ele destacou que poucas pessoas tinham noção de como era difícil e trabalhoso criar um animal de tão grande porte. E que por este motivo, muitos acabaram sendo doados ou vendidos para circos e zoológicos. 

Em Goiânia, um de nossos entrevistados revelou que havia uma loja no shopping Flamboyant, onde se realizava exposições de animais silvestres e que também os comercializava. O nome dessa loja era Agro Shop.

Procuramos assessoria de imprensa do shopping para confirmar a informação e obter detalhes, mas até o momento ainda não tivemos resposta. Porém, é importante destacar que naquela época ainda não havia legislação ambiental que proíbe se a venda de animais silvestres ou animais de grande porte no país.

Um dos criadores nos disse que a legislação impedia a criação de animais da fauna brasileira, o que não era o caso dos leões que são animais africanos. 

Além desta loja, outros animais foram buscados em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, onde pessoas comercializavam os animais. O entrevistado não soube dizer se o comércio era legal ou ilegal.

Muitos dos criadores que existitam em Goiás afirmaram que os animais chegaram até eles por meio de presente. Segundo eles, era um presente bastante luxuoso.

Ainda esta semana vamos trazer para nossos leitores uma entrevista com um advogado ambientalista sobre como era a lei ambiental naquela época.

 

Gostou de saber mais essa curiosidade de Goiânia?

 

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Fotos de capa: Canva

Feira da Marreta em Goiânia: entenda o conceito e a história do curioso e diversificado centro de vendas histórico da capital

Toda manhã de domingo, há mais de 30 anos, acontece a Feira da Marreta, em Goiânia. A feira tradicional é uma herança dos nordestinos, quando eles vieram para trabalhar na construção de Goiânia. Inicialmente, não era uma feira ainda, se reuniam na Praça Boa Ventura e faziam o que chamavam de troca-troca, não havia circulação de dinheiro, trocavam objetos usados entre si.

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Foto: Glauco Roberto Gonçalves

Além da feira, que é um verdadeiro “mar” de coisas, com quase 500 barracas, os vendedores são uma atração a parte. De verdura a tampa de panela, chinelo e eletrônicos, a Feira da Marreta oferece diversos tipos de produtos novos usados, funcionando ou não. Até dentadura tem!

Foto: Glauco Roberto Gonçalves

Na feira, os produtos novos ou usados têm preços bem em conta, a partir de 1 real. Telefones antigos, alface, galinha, cachorros, fitas cassetes, materiais de construção, roupas, as mercadorias da feira da marreta são múltiplas e diversificadas.

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Foto: Glauco Roberto Gonçalves

Centenas de barracas ocupam o espaço entre o Parque Agropecuário de Goiânia e a antiga linha de ferro do setor Nova Vila. 

No meio da feira, tem uma espécie de praça de alimentação, onde é comercializado todo tipo de lanchinhos para quem vai tomar café da manhã por lá. 

Vale a pena visitar essa peculiar feira da capital!

Você já conhece? 

 

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Foto de Capa: Youtube

Relembre a história do ‘Fofão’, o coletivo charmoso que agitou as ruas em Goiânia

Foi em São Paulo, trazido por Jânio Quadros, que os ônibus de dois andares ganharam manchetes no Brasil e causaram enorme polêmica.

 

Ao contrário do que muitos imaginam, porém, esses modelos não transportavam apenas passageiros na capital, São Paulo. O modelo também foi implementado em outras cidades. Fofão era o apelido desses ônibus, oficialmente denominados Thamco ODA – ônibus de dois andares. Eles transportavam passageiros em linhas centrais que serviam os terminais e pontos de transferência. No entanto, a altura desses veículos era incompatível com o trajeto que percorriam, e os ônibus por onde passavam arrancavam galhos de árvores e cabos elétricos, causando polêmica.

 

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Ônibus de dois andares em Osasco, São Paulo. Fotos: Reprodução/Diário do Transporte

Com colunas reforçadas, o ônibus foi uma inovação. Era um “monstro” nas cidades. O modelo saía de fábrica com 10,80 metros de comprimento e 4,26 metros de altura, com capacidade para 72 passageiros sentados e 40 em pé. Na parte superior, muito baixa, com altura interna de 1,70 metro, não podia viajar passageiro em pé. O modelo foi “encarroçado” pela Thamco sobre Chassi Scania K 112 CL, de 203 cavalos de potência.

O simpático Fofão chamou a atenção de várias cidades brasileiras. Além de São Paulo e Osasco, circulou por Goiânia, Recife e Uberlândia, mas em todas rodou por pouco tempo, inviabilizado pela estrutura desses municípios. Ao contrário do que ocorre na Europa, América, Ásia e África, onde os ônibus urbanos de dois andares são sucesso. Entre as cidades que os empregam em grande escala, estão a tradicional Londres, Johannesburgo, Cidade do Cabo, Hong Kong, Cingapura, Berlim e Porto. Lá, os gigantes circulam sem nenhum problema.

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Ônibus de dois andares em Recife, Pernambuco. Fotos: Reprodução/Diário do Transporte

Não demorou muito para eles se aposentarem. Ainda assim, a sensação de ter um veículo como as pessoas de Londres é notável, dizem os moradores que já usaram os ônibus de dois andares. Havia pessoas esperando o ônibus no ponto de ônibus só para subir as escadas. Desprezaram a passagem de um modelo convencional apenas pela oportunidade de fotografar o fofão. Apesar da curta vida o modelo foi um clássico e deixou sua marca na história do transporte no Brasil.

 

Fofão em Goiânia

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Ônibus de dois andares em Goiânia, Goiás. Fotos: Reprodução/Diário do Transporte

Em Goiânia circularam três unidades, entre 1988 e 1991. Os ônibus de dois andares foram operados pela Transurb e operavam na região central da cidade. O então Governador Henrique Santillo, após uma promessa não cumprida, de fazer um metrô em Goiânia ligando Senador Canedo até Trindade, comprou três ônibus carroceria THAMCO ODA (ônibus de dois andares).

O “Fofão” de Goiânia, tinha cor vermelha bem chamativa e faziam parte da frota da antiga TRANSURB (Empresa de Transportes Urbanos de Goiânia). Desfilando pelas ruas, fizeram muito sucesso na Avenida Anhanguera, onde existia o Eixo ligando os cinco terminais (Padre Pelágio, DERGO, Praça A, Praça da Bíblia e Terminal Novo Mundo).
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Interior do Fofão de Goiânia. Fotos: Reprodução/Goiânia do Passado

Era uma alegria entre os jovens sair dos colégios e pegar o “Fofão”, para andar pelas ruas e avenidas goianas. A linha era a do Eixo Complementar 101, itinerário IQUEGO/Praça do Botafogo, posteriormente IQUEGO/Secretaria da Agricultura.

Entretanto, esses ônibus dois andares não eram integrados, passavam por fora dos terminais. A tarifa era a mesma para todo o sistema, com cobrador posicionado lá no fundo. O embarque no ônibus também era pela porta de trás e o desembarque pela porta central e dianteira.

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Interior do Fofão de Goiânia. Fotos: Reprodução/Goiânia do Passado

O “Fofão” acabou não dando certo em Goiânia, sendo retirado de circulação por alguns motivos, entre eles: o grande número de assaltos no segundo andar e aos diversos sustos com possibilidades reais de tombamento, quando trafegava pelas curvas fechadas de Goiânia, durante seu itinerário.

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 Ônibus de dois andares em Goiânia, Goiás. Fotos: Reprodução/Diário do Transporte

 

Cenário Atual

Como uma banda de música que fica pouco tempo no cenário, mas muda as concepções da época, assim foi o Fofão no setor de transporte de passageiros. Marco na história das cidades, seu “fracasso” serviu de base para as administrações públicas investirem em outro modelo de grande capacidade: o articulado, que era também uma experiência na época do Fofão.

Hoje no Brasil, além de modelos urbanos adaptados para passeios turísticos, como o Busscar Urbanuss Pluss no sul do País e em Manaus, e o Viale DD Sunny., da Marcopolo, que faz linha turística na Capital Paulista e no Parque Nacional do Iguaçu, não há mais operação com ônibus de dois andares em serviços municipais ou intermunicipais. Mas por ironia, o País continuou sendo exportador de ônibus urbanos deste tipo.  A Marcopolo, em 2001, foi responsável pelo envio de uma enorme quantidade de ônibus que integraram o projeto de transportes Metrobus, de Johannesburgo na África.

 

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Com informações de Diário do Transporte

Fotos: Reprodução/Diário do Transporte