Esse tempero que (quase) todo mundo conhece custa R$70 mil o quilo

É amarelo e valioso, mas não é ouro. Pouquíssimas pessoas sabem, mas o “açafrão” que dá cor a comida dos brasileiros, como a boa e velha galinhada, não é autêntico. O açafrão verdadeiro vem das flores roxas do Crocus sativus e possui sabor delicado, muito utilizado por populações do Mediterrâneo, ele conquista paladares refinados e aguçados. Já a cúrcuma ou açafrão-da-terra, utilizada por nós, tem um sabor mais terroso, e pertence à mesma família do gengibre, esse tempero é bastante popular no sul da Ásia. Os dois são chamados de açafrão, mas uma diferença significativa entre eles é o preço: o açafrão verdadeiro é o ingrediente mais caro da gastronomia, custando cerca de R$ 70 mil por quilo, ou R$ 90 a grama, isso mesmo, você não leu errado. Já o açafrão-da-terra, que (provavelmente) é o que você tem em casa, pode ser encontrada por aproximadamente R$ 20 o quilo.

Açafrão verdadeiro (foto:reprodução/internet)

Mas por que o quilo é tão caro?

O açafrão verdadeiro é muito valorizado em todo o mundo, principalmente nos países mediterrâneos, como Itália e Espanha As pessoas se encantam quando conhecem o sabor do verdadeiro açafrão. Esse tempero e corante natural caríssimo é tirado de um pistilo da flor Crocus sativus, que confere perfume, coloração e sabor especiais aos alimentos.

Para obter um quilo de açafrão, são necessárias cerca de 250 mil flores de Crocus sativus, uma planta de origem asiática que possui flores cor violeta. Tanto a colheita das flores, realizada entre outubro e novembro, quanto a separação dos pistilos, chamada de monda, são feitas à mão. Cada flor tem apenas três estigmas femininos (pistilos), que precisam ser extraídos um por um, com muito cuidado e delicadeza. Ou seja, o processo de fabricação, desde o plantio até a colheita, é extremamente rigoroso,  o que justifica o alto preço. Em contraste, a cúrcuma é extraída de uma raiz, a facilidade é refletida em seu baixo preço, esse tempero ficou popularmente conhecido como açafrão devido a sua cor.

A Espanha é a principal produtora e consumidora desse açafrão, seguido por países como Itália, Irã, Grécia, Turquia e Índia. Embora o açafrão espanhol e italiano sejam considerados os melhores, na Índia e no Irã produz-se um “falso açafrão” de qualidade inferior. O açafrão verdadeiro é vendido em estigmas desidratados ou em pó, sendo preferível comprar em estigmas para evitar misturas de baixa qualidade. É importante confiar no vendedor, pois o açafrão pode ressecar e perder o sabor facilmente caso não seja armazenado ou transportado com cuidado.

Essa especiaria produzida em Goiás custa R$4 mil o quilo

A baunilha, uma das especiarias mais valiosas do mundo, é essencial em diversas indústrias, como a gastronômica, a cosmética e a farmacêutica. Por ser uma planta trepadeira da família das orquídeas e viver dentro das regiões tropicais, seu cultivo exige cuidados especiais, por isso ela se torna ainda mais cara, o quilo dessa especiaria pode ultrapassar R$4 mil. Os maiores produtores da baunilha são os países de Madagascar e Ilhas Maurício, porém, no Brasil, a Mata Atlântica e a Amazônia também abrigam variedades nativas da planta.

Contudo, recentemente foi identificado que o cerrado goiano tem condições ideais para o cultivo de baunilha. Na cidade de Cocalzinho de Goiás, o técnico do Senar Goiás, Saulo Araújo de Oliveira, juntamente com o Sindicato Rural local, mobilizou produtores de agricultura familiar para apostar no cultivo da baunilha. A iniciativa tem como objetivo, aumentar a renda dos produtores e impulsionar o desenvolvimento do município.

O Sítio Jatobá, propriedade do francês Daniel Briand, que já pode ser considerado muitíssimo brasileiro ao deixar as terras do “Liberté, Égalité, Fraternité” para viver no Brasil, se tornou um exemplo de sucesso no cultivo da baunilha na região. Daniel plantou as primeiras mudas em 2016 e, em 2019, começou a colher as primeiras favas. Com o apoio do Senar Goiás, ele aprimorou o manejo de sua plantação, implementando técnicas como a polinização manual e o uso de adubação orgânica.

O crescimento da produção de baunilha em Cocalzinho de Goiás foi celebrado com a realização da primeira Festa da Baunilha, em 17 de agosto de 2024. O evento reforça a ambição da região em se consolidar como um polo produtor da especiaria no Brasil.

Por que a baunilha é tão cara?

A baunilha verdadeira, também chamada de baunilha Bourbon, é cultivada em regiões tropicais e seu alto preço se deve ao processo de cultivo trabalhoso. As flores precisam ser polinizadas (transferência de grãos de pólen das anteras de uma flor para o estigma) manualmente devido a sua estrutura complexa e a planta só começa a produzir vagens após vários anos, o que contribui para sua escassez e valor elevado.

Fava de baunilha florescendo (foto:reprodução/internet)

Como utilizar a baunilha na cozinha?

A fava de baunilha pode ser utilizada em diversas receitas como: doces, sorvetes, bolos, tortas, licores, cafés, cremes de confeiteiro e muito mais. Além disso, ela pode ser utilizada, inclusive, para fazer extrato puro de baunilha. Essa especiaria é tão diversa que dela é retirado o extrato para fazer a sua essência  aromática, que é mais barata.

Baunilha do Cerrado aberta (Imagem: Rusty Marcellini)

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