Recorde a história da empresa que causou inúmeros prejuízos financeiros no Brasil

No dia 2 de fevereiro de 2012 chegava ao Brasil, por meio da Ympactus Comercial S/A, a TelexFree. A primeira empresa do grupo havia sido fundada em 2002, no estado de Massachusetts, nos Estados Unidos da América, sob o nome Common Cents Communications INC. Só dez anos depois, em fevereiro de 2012, que essa empresa matriz adotou o nome TelexFree.

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A empresa promovia o uso indevido do sistema de telefonia via internet (Voip) sem autorização da Anatel. Para isso, eram contratados divulgadores para operar um marketing multinível. Esses funcionários estavam livres para promover a venda direta de pacotes ou recrutar novos vendedores. A ideia de supostos ganhos extraordinários atraiu consumidores ao redor do Brasil. Nada poderia ser mais atraente do que a promessa de lucro e rentabilidade de maneira prática.

Movidos pelo desejo de enriquecer e mudar de vida, muitas vítimas investiram seus recursos na empresa. Aquela que se mostrava ser um futuro brilhante, se transformou em um grande pesadelo. Cerca de um ano após a inauguração da empresa no Brasil, suas atividades foram interrompidas, pegando mais de um milhão de investidores de surpresa.

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Imagem: Tribunal de Justiça

O mês de junho de 2013 tinha acabado de começar quando o Ministério Público emitiu uma Ação Civil Pública. O documento alegava a prática de crimes de fraude de pirâmide financeira por parte da empresa TelexFree. A Justiça do Acre reconheceu a fraude e determinou a suspensão das atividades. Além de imóveis e carros da empresa e seus sócios, foram congelados cerca de R$ 700 milhões de reais.

A TelexFree não gostou nada das atitudes tomadas contra ela. A empresa entrou com recurso para tentar impedir que, com os bens congelados, houvesse uma devolutiva dos valores pagos por investidores e consumidores. O recurso da empresa não surtiu efeitos, e eles continuaram a investir em novos pedidos de recurso.

James Merrill foi dado como o suposto fundador norte americano, sendo representado no Brasil por Carlos Costa. Uma série de investigações apontaram que, na verdade, os mentores do esquema seriam os brasileiros Carlos Wanzeler e Carlos Costa. Os sócios da empresa entraram com pedido de habeas corpus preventivo, mas o Tribunal de Justiça do estado do Acre recusou  o pedido.

No mês de julho, a empresa divulgou uma nota em seu website garantindo aos prejudicados que haveria o ressarcimento para todos. Declarou ainda que deu garantias financeiras em cerca de R$ 659 milhões ao Juízo da 2° Vara Cível de Rio Branco, no Acre, na tentativa de desbloquear seus bens e recomeçar seu trabalho. O deputado Moisés Diniz, então vice-presidente da Assembleia Legislativa do Acre, anunciou uma possível criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para continuar investigações do caso.

Após seu décimo recurso ser negado, a TelexFree foi multada pela Anatel por exploração sem consentimento dos serviços de telefonia Voip. A empresa se defendeu dizendo que não utilizava os serviços de operadoras de telefone. No dia 21 de agosto de 2013, seus advogados entraram no STJ, em Brasília, com pedido de extinção do processo, alegando irregularidades nas investigações. A relatora e ministra, Maria Isabel Galloti, recusou o pedido de recurso, o que impôs nova derrota à Ympactus Comercial LTDA.

A TelexFree anunciou, oficialmente, a suspensão de todas as suas atividades no dia 16 de maio de 2014. Em 9 de outubro de 2019, a Justiça Estadual do Espírito Santo decretou a falência da empresa que devia aos seus credores o valor estimado em cerca de R$ 2,5 bilhões. Em 2022, o Diário de Pernambuco informou que, após anos de batalha jurídica, algumas das vítimas finalmente começariam a ser ressarcidas.

Além das acusações do possível esquema de pirâmide, a empresa foi acusada também de copiar o logotipo criado para o Campeonato Mundial de Badminton, realizado em 2010. O design foi desenvolvido pelo artista visual Jérôme Risoli através da empresa Taio Design Consulting. A descoberta de plágio fez com que a TelexFree anunciasse a mudança de sua identidade visual. A empresa segue impedida de operar em todo território nacional.

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Avestruz Master: recorde a história do maior esquema de pirâmide financeira de Goiás

Goiânia não é o Egito mas já teve forte esquema de pirâmides! Há 20 anos um golpe orquestrado pela empresa Avestruz Master abalou a economia do estado de Goiás. A organização comercializou aproximadamente seiscentos mil animais.

 Cerca de trinta mil investidores do grupo eram goianos, o que gerou um prejuízo superior a R$ 1 bilhão. No ano de 2004 a empresa investiu milhões em publicidades. O esquema de pirâmide cresceu cada vez mais. Não paravam de surgir investidores ao redor do país. No entanto, o número de animais nunca subia. 

Aquelas ações se tornaram cada vez mais suspeitas. O superintendente do Procon-GO na época foi avisado sobre as atividades suspeitas da Avestruz Master. Iniciava-se ali uma investigação sobre a possibilidade de mais um golpe financeiro em curso. 

Foi instaurado um procedimento administrativo para apurar a veracidade dessa ocorrência. Através de uma notificação, o proprietário da Avestruz Master, Jerson Maciel da Silva, procurou o Procon junto aos seus advogados. Na ocasião, o proprietário declarou que o grupo tinha um viveiro com 5.800 aves.

Pouco tempo depois, o Procon compareceu a uma das fazendas, localizada em Bela Vista de Goiás. Com auxílio da cavalaria para acalmar os animais, foram contabilizadas um total de 4.371 avestruzes. Onde estariam as outras 1.429 aves? Uma nova notificação foi expedida. 

A nova intimação solicitava a relação dos balancetes patrimoniais da empresa a fim de entender e provar os atos ilícitos da empresa. Porém, o Procon não obteve nenhuma resposta. O superintendente decide então emitir o mandato de fechamento da empresa Avestruz Master.

Tão logo, o Procon recebeu um ofício da justiça pontuando que o balanço de dados da empresa deveria ser encaminhado ao Ministério Público. No decorrer do caso, foi descoberto mais de quarenta mil consumidores lesados em investimentos que variavam entre R$10 e 200 mil reais, causando o prejuízo estimado em R$ 1 bilhão. 

A Avestruz Master foi a causadora de um dos maiores golpes de pirâmide do país. Suas propagandas enganosas prometiam retorno financeiro mensal em mais de 10%. O esquema organizado pelo grupo embolsava os antigos clientes a partir do investimento de novos financiadores, no mais puro ato de desvio de dinheiro. Aqueles que sustentavam a base da pirâmide perderam tudo.

Pauta desenvolvida pela estagiária Júlia Macedo com a orientação da Jornalista Fernanda Cappellesso