A doença
A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida por mosquitos, especialmente nas Américas do Sul e Central e alguns países da África. Existem dois tipos de transmissão, urbana e silvestre, em ambos casos a manifestação é idêntica, porque o vírus e evolução clínica são os mesmos. O que difere são os vetores, em regiões florestais o principal é o mosquito Haemagogus, enquanto no meio urbano a transmissão se dá através do mosquito Aedes aegypti (o mesmo da Dengue).
Quando uma pessoa contrai a doença, pode se tornar fonte de infecção para o Aedes aegypti no meio urbano, além dos seres humanos, outros animais vertebrados podem contrair a doença, como os macacos que podem desenvolver a febre amarela de forma inaparente, mas te quantidade de vírus suficiente para infectar mosquitos.
Nas áreas urbanas, por ser transmitida apenas pelo Aedes aegypti, a prevenção da doença deve ser feita evitando sua disseminação. Os mosquitos proliferam-se dentro de domicílios e suas adjacências, criando-se em água. Recipientes como garrafas, pneus, caixas d’água, latas e quaisquer outros que contenham ou possam acumular água limpa são ambientes ideais para a proliferação do mosquito.
A eliminação do mosquito é feita pela aplicação de inseticida através do “fumacê”. Além disso, são de extrema importância medidas de proteção individual, como a vacinação contra febre amarela, especialmente para aqueles que moram ou vão viajar para locais com indícios da doença. Usar repelente de insetos, mosquiteiros e roupas que cubram o corpo todo também são importantes medidas de proteção.
Transmissão
Em uma semana, no Brasil, os casos de febre amarela quadruplicaram. De acordo com um levantamento divulgado pela IstoÉ, na última terça-feira (23), informa que, de julho até agora, 130 infecções foram confirmadas, enquanto na semana passada apenas 35 haviam sido registradas. Além disso, o número de mortes também aumentou consideravelmente, sendo 53, mais do que o dobro da semana passada, quando 20 mortes foram registradas. De maneira geral, 601 casos suspeitos foram registrados, destes, 162 ainda estão sob investigação.
São Paulo é o estado que apresenta o maior número de casos, 61 pacientes com a doença confirmada sendo que, destes, 21 morreram. A doença também está avançando em Minas, o que é preocupante, pois o estado foi duramente afetado no ano passado pela febre amarela. Até o momento, 50 casos foram confirmados, dos quais 24 foram a óbito. O que é uma surpresa, pois acreditava-se que a área de cobertura vacinal havia melhorado.
Em contato com a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), a assessoria de comunicação informou ao Curta Mais, por e-mail:
não houve nenhum caso de febre amarela registrado até o momento. A vacinação é feita nos postos de Saúde e é gratuita. Uma vez vacinada durante a vida a pessoa se encontra imunizada. A Secretaria de Saúde informa que a cobertura vacinal em todo Estado obedece, rigorosamente, critérios de segurança do Ministérios da Saúde e está acima de 94%.
Prevenção e Vacinas
Considerando a situação epidemiológica do Estado, a Vigilância em Febre Amarela em Goiás continua, seguindo as normas do Ministério da Saúde, que são: anter a população e profissionais da saúde informados sobre a doença e importância da notificação de epizootias PNH (macacos mortos e/ou doentes), notificar e investigar todos os casos suspeitos, colher e diagnosticar amostras, ofertar e intensificar a vacinação, especialmente em municípios com baixa cobertura vacinal.
O Estado de Goiás, em 2017, apresentou uma cobertura vacinal de 100% na população geral, sendo que 76% (186) dos municípios possuem cobertura igual ou maior que 95%, 22,7% (56) estão com CV entre 50% a menor que 95% e 1,3% (4) estão com CV abaixo de 50%. Apesar dessa cobertura não ser homogênea em todo o Estado, ou seja, alguns municípios ainda com baixa CV, a CV de 100% é explicável, levando em conta a revacinação por parte de algumas pessoas, municípios com população superestimada e o fluxo migratório de pessoas de outros estados.
Histórico
A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás também informou sobre o histórico de casos de febre amarela no estado sendo que, em 2015 foram registrados 6 casos de contaminação, deste 4 vieram a óbito, todos do sexo masculino e nenhum vacinado. Em 2016, foram registrados 3 casos em todo o estado e, em 2017 um caso foi registrado. Nos últimos dois anos, todos evoluíram para óbito.
Tendo em vista que o ciclo de transmissão silvestre do vírus não é passível de eliminação, estratégias que visam à detecção precoce da circulação viral devem ser adotadas, a fim de monitorar as áreas de risco e de aplicar oportunamente medidas de prevenção e controle, cujo objetivo é evitar a ocorrência de casos na população residente e visitante, reduzindo as chances de dispersão do vírus.
Macacos
Vinte e oito macacos mortos encontrados em 18 cidades do estado, estão sendo analisados pela SES-GO, neste mês de janeiro, para saber se estavam ou não contaminados com a doença. Destes, 18 já tiveram material recolhido para análise. De acordo com a secretaria, esse é um procedimento padrão, para identificação de possíveis focos da doença. Caso seja confirmado a contaminação em algum animal, a região de onde fora colhido será isolada.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, os macacos não são agentes transmissores. Na verdade são aliados na identificação da doença pois, assim como os humanos, caso infectados, podem apresentar os mesmo sintomas e, em caso de morte de algum animal, os órgãos responsáveis podem se valer do corpo para análise e verificação da contaminação.
Muitos casos de assassinatos de macacos estão acontecendo em todo o país, por conta da falta de conhecimento das pessoas. Devemos nos conscientizar de que os macacos não são nossos inimigos e sim, nossos aliados.
Rafael Cupertino, o diretor do Jardim Zoológico de Goiânia, informou ao Curta Mais, que a última morte de macacos registrada no zoo aconteceu há 6 meses, que todas as medidas preventivas já foram tomadas, e que não há qualquer perigo de contaminação.
No Zoológico de Goiânia, todos os primatas são monitorados diariamente e todos têm demonstrado ótima condição de saúde. Exames mais detalhados são realizados anualmente. A população pode vir ao zoológico com total tranquilidade e realizar um passeio agradável.
Ainda de acordo com Cupertino,
os casos de febre amarela que vem ocorrendo em número elevado em Minas Gerais, São Paulo e outros estados ocorreram em função do ciclo Silvestre da doença.
Cabe aqui reiterar que o macaco NÃO TRANSMITE FEBRE AMARELA SILVESTRE NEM URBANA. Ele é picado por um mosquito contaminado com o vírus, adoece como qualquer pessoa e vem a óbito. Eles são chamados de SENTINELAS, visto que um exame cadavérico de um primata morto pode indicar a presença do vírus no local e alerta às autoridades sanitárias para realização das medidas cabíveis, sejam elas vacinação de pessoas que não tiveram a cobertura vacinal necessária. Os macacos não tem culpa da presença do vírus e, novamente, NÃO TRANSMITEM A DOENÇA. Muitos desses animais têm sido assassinados por falta de conhecimento de uma parte significativa da população que não conhecem o ciclo da doença.
O Curta Mais tentou contato com o Centro de Zoonoses de Goiânia, para mais informações, mas não obteve resposta.
Capa: Curta Mais / reprodução da internet