A cidade de Goiânia, até então fundada pelo interventor do estado de Goiás, Pedro Ludovico Teixeira, coleciona grandes nomes que deixaram um legado no coração da capital. Vários líderes políticos, artistas, empresários, entre outros nomes conhecidos, tiveram papéis significativos no desenvolvimento e na formação da Metrópole.
Confira abaixo algumas figuras marcantes que moldaram a história e a identidade de Goiânia:
Pedro Ludovico Teixeira
Responsável pela fundação de Goiânia, Pedro Ludovico é considerado o interventor do estado de Goías, pois em apoio as intervenções políticas de Getúlio Vargas, o médico decidiu que era hora de mudar a capital. Por isso, impulsionou a ocupação do Estado, direcionando os excedentes populacionais para espaços demográficos vazios na tentativa de aumentar a produção econômica.
De acordo com relatos históricos, o nome sugerido para a nova capital de Goiás teria sido “Petrônia”, em homenagem ao seu fundador Pedro Ludovico. O jornal O Social havia realizado um concurso cultural com seus leitores para o batismo da nova cidade. Dois nomes concorreram: Petrônia e Goiânia. O primeiro foi escolhido por 68 leitores do jornal, enquanto Goiânia obteve menos de 10 votos. Pedro Ludovico, no entanto, por razões que ele nunca revelou a ninguém, preferiu Goiânia e em decreto de 2 de agosto de 1935 formalizou o nome da nova capital.
Attilio Corrêa Lima
Uma fígura importante na construção de Goiânia foi Attilio Corrêa Lima, engenheiro-arquiteto e paisagista, responsável pelo plano urbanístico da capital. Ele trouxe consigo o estilo Art Déco, que estava associado ao luxo e à modernidade, além de ter se inspirado em jardins no modelo do urbanismo francês para definir a estrutura de Goiânia. Considerada a primeira capital planejada no início do século XX e idealizada pelo primeiro urbanista brasileiro de formação acadêmica, onde estudou Urbanismo em uma das escolas mais tradicionais, o Instituto de Urbanismo da Universidade de Paris – Sorbonne.
A cidade teve origem no Plano Diretor elaborado pelo arquiteto, que em 1932, a convite de Pedro Ludovico, se inspirou, em concepções avançadas para criar uma cidade moderna e planejada. Localizada no Centro-Oeste brasileiro, funcionou como uma espécie de ponta de lança da interiorização do Brasil, precursora da mudança da capital brasileira para o Planalto Central.
Íris Rezende
Natural de Cristianópolis, Goiás, Iris nasceu em 1933 e se mudou para a capital no ano de 1940. Formado em direito, ingressou na política por volta do anos 50, quando tinha apenas 16 anos. Além de se tornar prefeito de Goiânia em 1966, ele também foi deputado estadual em Goiás, Governador por dois mandatos, Senador da República por Goiás, ministro da Agricultura no governo José Sarney e ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso.
Com a popularidade em alta e querido pelo povo, Íris se tornou alvo de militares, opositores da ditadura e teve seu mandato cassado em 1969. Por causa disso, ele perdeu seus direitos políticos por 10 anos. Após o reestabelecimento dos direitos em 1979, decidiu retornar à política e disputar o governo de Goiás em 1982, sendo eleito com 67% dos votos.
Após 60 anos de vida pública, Íris faleceu em decorrência de um AVC na capital goiana. O ex-governador coleciona conquistas políticas no estado de Goiás e também a nível nacional. O mutirão das 1000 casas e o enorme apoio ao movimento de redemocratização do Brasil após da ditadura militar, são alguns dos feitos do político.
Nion Albernaz
Natural da cidade de Goiás, antiga Vila Boa, Nion Albernaz se formou em Direito e Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele começou a trajetória política como vereador, em Goiânia, quando foi eleito em 1957. Nion chegou a ser presidente da Câmara Municipal, esteve à frente da Companhia de Habitação de Goiás e foi diretor-geral da Universidade Federal de Goiás (UFG). Durante anos, atuou como professor de matemática no Colégio Lyceu de Goiânia.
Nion foi eleito prefeito de Goiânia por três mandatos, entre 1983 e 1986, depois de 1989 e 1992 e pela terceira vez de 1997 a 2000. Ele ficou conhecido por ter investido na arborização e planejamento urbano da capital, colocando jardins nas praças e avenidas. Outras medidas que chamaram a atenção durante administração dele foram: a criação de cooperativas de produção em bairros pobres, início da construção das marginais Botafogo e Cascavel, além da informatização da prefeitura. Nion Albernaz morreu em Goiânia, no dia 6 de setembro de 2017, aos 87 anos.
Altamiro de Moura Pacheco
Nascido em Bela Vista em 1896, Altamiro Pacheco se formou em Farmácia na cidade de Goiás e depois em Medicina na antiga Faculdade de Medicina Fluminense, em Niterói. Se mudou para Goiânia no final dos anos 30, retornou para sua terra natal e resolveu abrir uma farmácia por lá. Quando Goiânia se consolidava como um novo centro urbano, mudou-se para a cidade que seu amigo de jaleco, Pedro Ludovico Teixeira, fundara e criou o Instituto Médico-Cirúrgico.
Sua residência, situada na Avenida Araguaia com a Rua 15 é um dos marcos do Centro de Goiânia. Construída ainda nos anos 40, no estilo eclético, e tombado como bem histórico de Goiânia pela prefeitura e pelo Estado, o sobrado foi doado em testamento por Altamiro para a Academia Goiana de Letras (AGL) em 1993, três anos antes de sua morte. Além do sobrado, foi doado todo o seu acervo pessoal: fotos, medalhas, livros da histórica biblioteca, bens móveis e obras de arte que preservam a história de Goiás, tanto na abrangência da parte arquitetônica e histórica do imóvel quanto ao acervo cultural nele inserido.
Doou grande parte das terras para instituições públicas de Goiânia, como a área destinada para a construção do aeroporto, que se chama Santa Genoveva em homenagem à sua mãe. Foi um dos principais articuladores da fundação da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA) e da UFG, tendo sido o responsável por entregar o documento com o pedido de fundação da universidade nas mãos do próprio presidente Juscelino Kubitscheck.
Foi responsável também pela compra das terras do futuro Distrito Federal. Era o proprietário da área verde de cerca de 3.200 hectares, às margens da BR-060, que se tornou o Parque Ecológico que leva seu nome. Altamiro faleceu aos 100 anos de idade, no ano de 1996.
Célia Câmara
Nascida no Paraná, Célia casou-se com Jaime Câmara em 1943 e começou a escrever sua história em Goías. Fundou o programa “Mulher”, que trazia debates interessantes sobre a condição feminina, arte e cultura. É considerada uma das principais mecenas do cenário cultural goiano, com a criação de espaços como a Grande Galeria de Arte e a Fundação Jaime Câmara.
Neusa Moraes
Natural da Cidade de Goías, Neusa sempre foi apaixonada pela arte e influenciada desde a infância pelo tio, irmão de sua mãe, a estudar arquitetura. Graduada em aperfeiçoamento de escultura na Escola de Belas Artes em São Paulo, ela ocupava a cadeira 32 na Academia Feminina de Letras e Artes de Goías. Uma de suas marcas era o uso de materiais diversos em sua produção, como ferro, cerâmica, pau-brasil, bronze, pedra-sabão e mogno.
É a autora do monumento “As Três Raças”, localizada no centro da capital e considerado um dos principais cartões postais de Goiânia. O monumento, feito de bronze e granitina, também é chamado popularmente por outros nomes, como “Três Raças”, “Monumento ao Trabalhador”, “Monumento aos Construtores” e “Os Negrões”. Representa a miscigenação de três raças – o índio, o negro e o branco – trabalhando na construção de uma cidade. Na estaca de granito que as estátuas de bronze erguem, está incrustado o brasão da cidade.
A artista juntamente com seu assistente, Júlio, são responsáveis por outra escultura bastante popular. Os dois ainda trabalhavam na obra quando Neusa veio a falecer, em fevereiro de 2004 e por isso, Júlio ficou, então, com a incumbência de finalizar a peça. O monumento chamado “Resgate à Memória”, foi construído em homenagem ao fundador de Goiânia, Pedro Ludovico, e instalado pela primeira vez no gramado lateral do Palácio Pedro Ludovico Teixeira, na confluência da Rua 82 com a Avenida 85. Com a revitalização da Praça Cívica, em 2016, a estátua foi transferida para a parte central, ao lado da obra do artista plástico Siron Franco. Inicialmente a ideia era que ela fosse colocada no Morro da Serrinha, onde Pedro Ludovico teria visto pela primeira vez a área onde seria construída a futura capital. Apenas 19 anos após sua confecção, ela foi instalada na Praça Cívica, que é considerada o marco zero de Goiânia.
Maurício Vicente de Oliveira (Mauricinho Hippie)
Foi um dos primeiros hippies da cidade, fazia artesanato, tocava sanfona primorosamente e andava pela cidade de bicicleta, com roupas diferentes ou femininas e longos cabelos cacheados, entre os anos de 1960 e 1990. Maurício Vicente de Oliveira, seu nome de registro, declamava poesias, fazia performances corporais e atuava em defesa dos direitos dos homossexuais em uma época conservadora. Suas ações ajudaram a fundar a Feira Hippie, na Avenida Goiás, que reunia músicos, artesãos e artistas plásticos. Em 1995, Maurício sofreu um acidente e perdeu o pé. A partir daí, mesmo tendo colocado uma prótese, passou a ficar em casa e pouco saia. Atualmente, está com mais de 80 anos e mora ainda no setor aeroporto.
Gustav Ritter
Henning Gustav Hitter, alemão naturalizado brasileiro, foi um dos fundadores da Faculdade de Artes Visuais da UFG e participou também da Escola Goiana de Belas Artes, embrião da futura Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Deu aulas para vários artistas e foi um dos responsáveis pela modernização das artes plásticas na região, a partir da estruturação do ensino das linguagens, métodos e técnicas tridimensionais. Foi homenageado ao dar nome a uma das principais escolas de artes do Estado, o Instituto de Educação em Artes Gustav Ritter, órgão da Secretaria de Estado da Educação.
Ricardo Paranhos
É a figura que dá nome à famosa Avenida no setor marista, em Goiânia. Foi um poeta, contista, político, advogado e um dos mais exímios cidadãos goianos, tanto para a literatura quanto para a política do estado de Goiás. Ricardo Paranhos também foi um dos fundadores da Academia Goiana de Letras, além de deputado estadual, senador e Capitão da Guarda Nacional. Uma de suas principais obras, reconhecidas a nível nacional, é o livro “O Crime de Catalão e os Canibais”, onde trata da morte do pai. Ricardo faleceu em Corumbaíba, no ano de 1941 e até hoje seu legado permanece no coração de Goías.
João Malandro
Natural da Cidade de Goiás, João Malandro veio para Goiânia antes mesmo da fundação da capital. Ele trabalhou na construção da cidade e foi um dos primeiros torcedores do Goiás Esporte Clube, chegando a fazer parte do Grupo 33, que era um seleto grupo de torcedores esmeraldinos. Na década de 1940, ele serviu na Força Pública de Goiás (atual PM) e também foi um dos mais conhecidos motoristas da capital, tendo atuado na função por mais de 50 anos.
Foi pioneiro do transporte coletivo em Goiânia e o primeiro motorista da primeira linha de ônibus da Viação Araguarina, atualmente Rápido Araguaia. A linha ligava Campinas (Pç. Joaquim Lúcio) ao Setor Universitário (Pç. da Bíblia) passando pela 24 de outubro, as avenidas Anhanguera, Tocantins, Praça Cívica e Avenida Universitária. Por mais de 50 anos esteve na ativa como motorista desta linha e trabalhou também nas empresas Expresso Goiás, Expresso Bandeirante e Viação Santa Luzia. Infelizmente, João veio a falecer aos 95 anos em maio de 2022, em decorrência de problemas de saúde relacionados a diabetes e hipertensão.
Joelma Fernandes (Nega Brechó)
Conhecida como Nega Brechó, Joelma Fernandes é uma fanática torcedora do Vila Nova Futebol Clube e desde menina, dedica sua vida a acompanhar o time do coração. Aos 58 anos de idade, sendo que 40 destes dedicados ao Vila Nova, Brechó é o símbolo da torcida colorada e não perde um jogo do Tigrão.
Créditos das Fotos
Pedro Ludovico Teixeira – Loja Maçônica Luz no Horizonte
Attilio Corrêa Lima – Jornal Hora Extra
Iris Rezende – Assembleia Legislativa do Estado de Goiás
Nion Albernaz – Câmara dos Deputados
Célia Câmara – Bernadete Alves
Neusa Moraes – Curta Mais
João Malandro – Sagres
Nega Brechó – O Popular
Mauricinho Hippie – Curta Mais
Créditos da imagem de capa: Loja Maçônica Luz no Horizonte
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