Dia dos Povos Indígenas: conheça as etnias existentes em Goiás
O Dia dos Povos Indígenas, celebrado no Brasil em 19 de abril, foi criado pelo presidente Getúlio Vargas em 1943, então com o título de “Dia do Índio”.
Para comemorar a data, o Curta Mais vai apresentar 4 etnias de Goiás.
A história dos povos indígenas brasileiros é marcado por muitas batalhas e muitas mortes. Quando os colonizadores chegaram ao Brasil, havia cerca de 5 milhões de índios aqui, divididos em mais de 1.500 povos e mais de 1.000 línguas distintas.
Em decorrência da violência que foi realizado o processo civilizador, houve uma drástica redução desses povos. E de acordo com o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizado em 2010, temos na atualidade, 817 mil pessoas que se declaram ou se consideram indígenas. Esses povos estão organizados em 270 etnias, com 180 línguas e cerca de 81 dessas línguas correm o risco de desaparecer.
Essa visão de que o índio precisa ser “educado” e o desprezo pelos saberes ancestrais do povo indígena, culminou na ideia de que o índio não possui nenhum tipo de educação, pensamento que ainda é recorrente no Brasil.
Mas num estado em que o nome tem origem na denominação da tribo indígena “guaiás” que se tornou Goiás, nada melhor que conhecer a história desses povos, não é mesmo?
A população indígena em Goiás ultrapassa 10 mil habitantes. Considera-se ainda que a maioria da população considerada parda, possui ancestrais indígenas.
Preparamos, essa lista para você conhecer 4 etnias indígenas que habitaram e ainda habitam o estado goiano. Confira!
Povo Avá-Canoeiro
Os Avá-Canoeiro autodenominam-se Ãwa, palavra que, “como em outras línguas tupi-guarani, significa gente, pessoa, ser humano, homem adulto”. A etnia se localizou durante a história na região das margens do Rio Araguaia, entre os estados de Goiás, Tocantins e Pará.
Até a década de 1960, o grupo era conhecido como “Canoeiro” na literatura, em razão da grande habilidade na utilização de canoas nos primórdios do contato com os colonizadores.
Na região do Araguaia, os Avá-Canoeiro são mais conhecidos regionalmente como “Cara Preta” e a língua avá-canoeiro pertence à família tupi-guarani, do grande tronco linguístico tupi.
A documentação histórica sobre a colonização da antiga Província de Goiás é farta em registros sobre a presença dos Avá-Canoeiro na região dos formadores do Rio Tocantins, conhecido como Rio Maranhão em seu alto curso, onde o grupo foi encontrado originalmente pelos primeiros colonizadores em meados do século 18.
O ódio dos fazendeiros do cerrado goiano com o povo Avá Canoeiro sempre foi enorme, que chegaram até a fazer expedições de caça a eles. O povo é muito conhecido for sua força e resistência.
Os Avá são vistos como “Guardiões do Cerrado” por especialistas do assunto, afirmativa justificada por dois fatores, o jurídico e o cultural. Um povo que muito sofreu e no cenário atual vive mais escondido em seu próprio território.
Esta etnia tem uma área preservada em território goiano entre os municípios de Minaçu e Colinas do Sul.
Povo Javaé
Os Javaé, assim como os Karajá, são um dos poucos povos indígenas da antiga Capitania de Goiás que sobreviveram às capturas e grandes mortandades promovidas pelos bandeirantes, à política repressora dos aldeamentos, às epidemias trazidas pelos colonizadores em épocas diferentes e à invasão crescente do seu território.
Nos anos 60, depois de um longo período de dúvidas, a lingüística reconheceu o pertencimento da língua Karajá ao tronco lingüístico Macro-Jê, embora ainda não tenha sido classificada em família. Atualmente habitam a Ilha do Bananal no Rio Tocantins e em outras 12 aldeias ao longo do Rio Javaés.
Povo Karajá
Os Karajás são habitantes seculares das margens do rio Araguaia e suas aldeias desenham uma ocupação territorial entre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Pará.
Hábeis canoneiros, manejam com maestria os recursos alimentares do cerrado e da floresta tropical de transição, composto por frutos do cerrado, produtos das roças de coivara e pela rica ictiofauna do rio Araguaia e de pequenos lagos.
Devido ao contato permanente com a sociedade brasileira, os Karajás falam o português e convivem com o mundo dos não-índios.
Os Karajás se destacam pela sua arte cerâmica, em especial pelo modo de fazer as bonecas (ritxòò/ ritxkòkò), atributo exclusivamente das mulheres.
Esse saber tradicional está sendo objeto de um processo com vistas ao seu registro como patrimônio imaterial brasileiro.
Devido a grande exploração da atividade agropecuária no estado de Goiás, existe apenas uma área preservada do povo Karajá, que fica no município de Aruanã(três áreas descontinuas).
Povo Tapuio
Bem como os Avá e os Javaés, os Tapuio são conhecidos como mestres de sabedoria e força por (re)existirem historicamente contra diversas investidas de violência física, social, cultural e epistêmica.
As informações históricas referentes aos povos indígenas existentes na região Goiás/Tocantins, na época da colonização, estão baseadas apenas em relatórios de viajantes, depoimentos dos próprios índios e documentos oficiais do governo.
Depois de décadas de extermínio, em 2018, no território goiano existem apenas uma terra do povo Tapuio: no município de Rubiataba e Nova América (duas áreas descontínuas).
Quer receber nossas dicas e notícias em primeira mão? É só entrar em um dos grupos do Curta Mais. Basta clicar AQUI e escolher.
Foto de Capa: Banco de Imagens
Créditos das Fotos
Povo Avá Canoeiro. Foto: André Toral, 1982
Povo Javaé. Foto: Patrícia de Mendonça
Povo Karajá – Boneca Ritxokó. Foto: Reprodução/Museu Nacional
Povo Tapuio. Foto: Reprodução/Instituto Socio Ambiental (ISA)
Com informações do Instituto Socio Ambiental (ISA)