La Niña: O Resfriamento das Águas e Seus Efeitos no Clima

O El Niño que assolou o mundo com o calorão insuportável ano passado, finalmente está indo embora e quem está chegando é o La Niña, um fenômeno natural que consiste no resfriamento das águas do Oceano Pacífico. O La Niña ocorre quando os ventos sopram com intensidade dos trópicos para o Equador, deslocando a camada de água quente para o oeste. 

O fenômeno climático está prestes a surgir, com 71% de chance de acontecer entre setembro e novembro deste ano. O La Niña pode permanecer até o início de 2025, de acordo com análises do National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM). No mês de agosto, o La Niña ficou em estado neutro, com as temperaturas da superfície do mar do Pacífico próximas da média.

Efeitos do La Niña no Brasil 

Os efeitos do La Niña serão mais fortes nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde deverá ocorrer um aumento de chuvas, principalmente na Amazônia (graças a Deus) e no litoral nordestino. No sul do país a tendência é que as chuvas diminuam, na região central, pode acontecer efeitos variados. Quando o La Niña estiver mais forte os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, podem ter o mesmo efeito do Sul, e Minas Gerais pode chover muito, se assemelhando ao Norte e Nordeste. Há também a expectativa de massas de ar frio mais fortes e tardios, podendo influenciar as temperaturas de algumas regiões. 


Quando os efeitos começarão a ser sentidos?

É importante entender que o fenômeno começando em outubro, seus efeitos só serão sentidos em dezembro, que é quando as chuvas estarão mais fortes no Brasil. Os impactos do La Niña podem estar disfarçados, já que o verão brasileiro costuma ser um período chuvoso. O verão é uma estação com maior ocorrência de radiação solar e calor, e acalma os efeitos do resfriamento, possibilitando a entrada de ar mais frio no Sudeste e Centro-Oeste, o que não deve acontecer este ano, devido ao fenômeno começar em dezembro.

 

Resfriamento no Oceano Atlântico: Algo preocupante

A tendência de resfriamento do Atlântico, é algo que deve ser observado com cuidado, em especial na parte norte, que pode trazer consequências negativas para o Brasil. O resfriamento das águas nessa região pode deslocar a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) para o norte, podendo prejudicar o volume de chuvas nas regiões norte e nordeste do país, que sofrem com secas extensas. Mesmo com o La Niña mais fraco, a ligação entre os dois conjuntos climáticos é um ponto importante que precisa ser monitorado nos próximos meses.


O fenômeno La Niña no aquecimento global

Mesmo com o potencial de resfriamento que o La Niña pode trazer, infelizmente a tendência global é de aquecimento, impulsionada pelo aumento dos gases do efeito estufa na atmosfera. A Secretária-Geral da OMM, Celeste Paulo, afirma que, mesmo que o La Niña aconteça, as temperaturas globais continuarão subindo e batendo recordes. Desde o ano passado, o planeta tem vivenciado temperaturas extremamente altas, tanto na terra quanto nos oceanos, e o fenômeno La Niña não é suficiente para eliminar a tendência do aquecimento. A junção do La Niña com o resfriamento do Atlântico, pode mudar as referências de chuvas e temperaturas no Brasil, isso precisa ter atenção especial.

La Niña

imagem: reprodução/internet

Inverno começa hoje e deve sofrer influência do fenômeno La Niña

Período mais frio do ano, o inverno começa hoje (21) às 6h14 no Hemisfério Sul. A expectativa do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é de três meses com chuvas acima da média nas regiões Norte e Nordeste, devido ao fenômeno La Niña. A estação termina em 22 de setembro, às 22h04 (horário de Brasília). 

Oposto ao El Niño, o fenômeno La Niña se caracteriza principalmente pelo registro de temperaturas abaixo da média na superfície da parte do Oceano Pacífico que fica próxima à Linha do Equador, o que afeta o clima na América do Sul. No Brasil, entre os efeitos mais comuns está o aumento da precipitação e da vazão dos rios no Norte e a redução das chuvas na Região Sul.

Além de mais chuvas, o Inmet prevê que a Região Norte terá temperaturas mais elevadas. As exceções são o sul do Pará e de Tocantins, onde o clima mais quente deve ser acompanhado de chuvas abaixo da média, o que aumenta as chances de incêndios florestais no sul da Amazônia.   

Na região Centro-Oeste, massas de ar seco e quente também devem favorecer incêndios florestais principalmente nos meses de agosto e setembro. O inverno deve intensificar o período seco, e a tendência é de diminuição da umidade relativa do ar nos próximos meses, com valores diários que podem ficar abaixo de 30%, e picos mínimos abaixo de 20%.

Tempo seco

O tempo mais seco que a média deve marcar o inverno na Região Sul, além de temperaturas próximas e abaixo da média com a chegada de massas de ar polar, principalmente entre julho e agosto. O oeste desses três estados, porém, pode ter chuvas acima da média, e o norte do Paraná deve ter um inverno mais quente que o de costume.

No Nordeste, as chuvas acima da média devem incidir sobre o litoral, enquanto no oeste da Bahia e no sul do Piauí e do Maranhão as precipitações poderão ser próximas da média. O La Niña também deve forçar as temperaturas a um patamar próximo ou acima da média em grande parte da região.

O Sudeste pode ter chuvas ligeiramente abaixo da média, mas a passagem de frentes frias deve continuar a causar chuvas no litoral. Sobre a temperatura, a previsão é que permaneça acima da média, mas massas de ar polar podem determinar a formação de geadas em regiões de altitudes elevadas.

*Agência Brasil 

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil