HIV/Aids: novo medicamento prevê 100% de eficácia na prevenção do vírus

Um novo marco foi alcançado na luta incansável contra o HIV! A farmacêutica Gilead Sciences anunciou que o lenacapavir, um novo medicamento injetável administrado apenas duas vezes ao ano, conseguiu prevenir 100% das infecções pelo HIV durante a fase 3 de um dos testes clínicos.

Os resultados, anteriormente divulgados, foram agora publicados na revista científica The New England Journal of Medicine e apresentados na 25ª Conferência Internacional de Aids em Munique, Alemanha.

O lenacapavir, comercializado como Sunlenca, já possui aprovação das agências reguladoras para o tratamento de casos de HIV multirresistentes. Contudo, o novo estudo avaliou sua eficácia como uma profilaxia pré-exposição (PrEP), destinada a indivíduos em maior risco de contrair o HIV. A PrEP atualmente disponível, administrada via comprimidos diários, tem alta eficácia superior a 90% e é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil desde 2017.

Os desafios com a adesão diária aos comprimidos incentivaram o desenvolvimento de versões de longa duração da PrEP. Até recentemente, o cabotegravir, da GSK, aplicado a cada dois meses, era a opção mais avançada. Agora, o lenacapavir se destaca por permitir um intervalo de seis meses entre as doses.

Apesar de ser uma injeção para prevenir o HIV, o lenacapavir não é uma vacina, pois não induz o sistema imunológico a produzir defesas próprias contra o vírus. Trata-se de um antiviral que bloqueia os caminhos que o HIV utiliza para se replicar, necessitando de constante circulação no organismo.

A alta eficácia e a conveniência das poucas doses anuais levaram Andrew Hill, pesquisador da Universidade de Liverpool, a comparar o lenacapavir a uma vacina. Ele afirmou que o amplo acesso ao medicamento pode ajudar no controle da epidemia de HIV. A UNAIDS também celebrou os resultados, destacando que a inovação pode acelerar os esforços para erradicar a AIDS como uma ameaça à saúde pública até 2030.

A UNAIDS pediu ainda que a patente do lenacapavir seja liberada para produção genérica, visando ampliar o acesso em países de média e baixa renda. Isso reduziria o custo anual do tratamento, atualmente acima de US$ 40 mil por pessoa, para cerca de US$ 40.

Os novos dados sobre o lenacapavir trazem esperança para um avanço significativo na prevenção do HIV, aproximando-se das metas globais de reduzir novas infecções anuais para menos de 370 mil até o próximo ano, uma tarefa urgente, dado que 1,3 milhão de novas infecções foram registradas em 2023.

 

 

*Com informações Correio Braziliense