Tradicional Cinema de Goiânia passa por reforma e é fechado temporariamente

Para garantir uma experiência cinematográfica ainda mais rica para o público, o icônico Cine Cultura, localizado no Centro Cultural Marietta Telles Machado, na Praça Cívica, em Goiânia, fechou as portas temporariamente para receber uma ampla revitalização. A iniciativa, realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), promete modernizar um dos principais espaços de exibição de filmes alternativos do Centro-Oeste.

Os trabalhos têm como objetivo principal preservar o estilo art déco original do cinema, aliando-o a tecnologias de ponta para garantir maior acessibilidade ao público cativo da sala. O cronograma da intervenção prevê a retirada de mobiliário e equipamentos entre os dias 1º e 4 de agosto; as obras começam no dia 5 de agosto, com previsão de término em dezembro de 2024.

A sala de exibição receberá novas poltronas para maior conforto e modernização do ambiente. A projeção será digital, o que garantirá uma qualidade de imagem superior. O Cine Cultura também terá melhor acessibilidade, com a instalação de rampas e outros recursos que garantem a inclusão de todos os públicos.

Os serviços de reparo respeitarão as características originais do Cine Cultura, mantendo sua identidade e valor histórico. A expectativa é que a nova fase do cinema traga uma programação ainda mais diversificada, com filmes nacionais e internacionais, além de mostras e eventos especiais.

A secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes, ressalta a iniciativa como um marco histórico para a cultura goiana. “Esta iniciativa demonstra o compromisso do Governo de Goiás em valorizar a cultura e oferecer aos goianos um espaço de qualidade para apreciar o cinema.

Com 35 anos de história, o Cine Cultura é um ponto de referência para cinéfilos e amantes da cultura. Um espaço que se tornará ainda mais moderno e acessível, garantindo muitas emoções e descobertas para o público”, destaca.

Investimento

A revitalização do Cine Cultura conta com investimento de R$ 1,1 milhão. O projeto foi contemplado na Lei Federal Paulo Gustavo – Lei complementar nº 195, de 8 de julho de 2022, regulamentada através do Decreto nº 11.525, de 11 de maio de 2023, para captar recursos destinados a garantir ações emergenciais direcionadas ao restauro, manutenção e adaptação de salas de cinema.

As obras incluem a restauração de alvenarias, pisos, lajes e esquadrias, reparos na estrutura; troca de carpete, forro, poltronas e sistema de iluminação; revisão das instalações elétricas e hidrossanitárias; instalação de painéis acústicos, sonorização e sistema de som 7.1 digital surround, instalação de projetor DCP (Digital Cinema Package) com tecnologia 4K, tela Flat (widescreen), e a implantação de um novo sistema de ar condicionado. O hall do cinema também será revitalizado e a sala ganhará um palco para seminários.

 

 

Veja também:

Primeiro cinema de Goiânia era charmoso e ficava em Campinas

 

Prédio é um verdadeira jóia preciosa na avenida Goiás e um marco da inovação modernista em Goiânia

Ao andar pela icônica Avenida Goiás, em Goiânia,  mais precisamente na frente da Praça do Bandeirante, é impossível não se sentir envolvido pela grandiosidade histórica que irradia do prédio do antigo Banco do Estado de Goiás (BEG), uma edificação que encapsula um período crucial do desenvolvimento de Goiânia.

Iniciando sua construção na década de 60, o prédio do antigo Banco do Estado de Goiás (BEG) testemunha um período fervilhante da história política e cultural de Goiânia. Localizado na icônica Avenida Goiás, em frente à Praça do Bandeirante, ele é um marco da arquitetura modernista que começava a se consolidar na capital de Goiás naquela época.

A construção do edifício, iniciada em 1961 e concluída em 1964, ocorreu durante o governo de Mauro Borges, um momento de crescimento e desenvolvimento sem precedentes para Goiás. Foi um período de inovações estruturais, marcado pelo surgimento de novos órgãos administrativos, impulsionados significativamente com a inauguração do prédio sede do BEG.

A arquitetura do prédio, idealizada pelos talentosos Eurico Calixto de Godoi e Elder Rocha Lima, não só incorporava o espírito inovador da época, mas também trazia uma lufada de modernidade europeia para Goiânia, sendo o primeiro prédio da cidade a ter ar-condicionado central, conforme destacou o poeta e cronista Luiz de Aquino, nossa fonte para desvelar os detalhes dessa história rica e multifacetada.

Segundo o historiador,  o prédio quebrou paradigmas em sua época, elevando-se como a referência da modernidade em Goiânia. Um marco indiscutível, ele era um espetáculo de vidros estilo Ray-Ban, um material importado diretamente da Holanda ou Suécia,. “Foi uma obra cara, mas muito badalada, muito festejada,” destaca Aquino.

0b5acce27808b552b994b65ada70dcc1.jpg

Esta grande figura cultural, que é também membro da Academia Goiana de Letras, lança luz sobre uma Goiânia que se ergueu valentemente, um território rico em histórias que se escondem por trás dos grandes prédios e figuras políticas da época. Aquino, que em 1994 publicou “Nossa Gente, Nossa História”, nos proporciona uma viagem no tempo para reviver a época dourada da capital.

Infelizmente, o progresso que a cidade estava vivenciando encontrou um obstáculo em 1964, com a ocorrência do golpe militar que travou o crescimento dinâmico da região. Contudo, o prédio BEG permaneceu, e ainda permanece, como um testemunho sólido da visão progressista e do espírito inovador daquele tempo.

Ao revisitar a Praça do Bandeirante e o prédio que já foi conhecido como Edifício Estadobanco e mais tarde como Edifício Banco do Estado de Goiás, somos transportados para uma época de grandeza e sonhos, uma época em que Goiânia estava pronta para abraçar o futuro.

Hoje, o prédio não é apenas um patrimônio arquitetônico, mas também uma representação vívida de uma era de ouro, um símbolo do que Goiânia foi e ainda aspira a ser. A sua presença continua a inspirar, demonstrando que a cidade tem raízes profundas na inovação e na busca constante por crescimento e desenvolvimento.

Agora, ao comemorar o seu 59° aniversário, o edifício se mantém não apenas como um testemunho da história viva de Goiânia, mas como uma verdadeira obra de arte arquitetônica, um marco que encanta e inspira a todos que têm a sorte de conhecê-lo. Uma verdadeira jóia de Goiânia, que guarda em suas estruturas as memórias e aspirações de uma cidade vibrante e cheia de vida.

Com o passar dos anos, o Prédio Sede da BEG evolui, mas sua essência permanece intacta, um verdadeiro monumento à determinação e ao espírito de inovação de Goiânia. Uma visita ao prédio não é apenas um passeio pela história, mas uma jornada ao coração da cultura goianiense.

Um Legado Perene

338fd25466bb6475126abc01426620c4.jpg

O antigo prédio do BEG é mais que um monumento; é uma janela para um período dinâmico e progressista da história de Goiânia. Representa uma época de crescimento, modernização e de uma visão futurista.

Ao revisitar essa construção icônica, percebemos que a herança de Mauro Borges persiste, não apenas na estrutura física da cidade, mas na estrutura administrativa que ainda hoje sustenta Goiás. Uma verdadeira viagem no tempo que nos permite apreciar a grandiosidade de um período que, mesmo após tantos anos, continua a reverberar com energia e inovação.

Ao olhar para o prédio do antigo BEG, estamos não apenas recordando um marco histórico, mas também reconhecendo a vibrante trajetória de Goiânia, uma cidade que soube, e ainda sabe, se reinventar.

 

Texto desenvolvido por Fernanda Cappellesso e Julia Macedo