Cidade da região norte de Goiás com imenso Lago Azul se destaca na preservação de onças

A Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável Legado Verdes do Cerrado, localizada em Niquelândia, norte do Estado, pertencente à Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), divulgou um balanço impressionante dos registros de espécies da fauna e flora encontradas em seu território. Resultado de investimentos em pesquisas científicas e do modelo de negócios que combina o uso do solo com a conservação, a reserva já catalogou mais de 1.600 espécies, entre fauna e flora.

Entre os destaques está a descoberta de uma nova espécie de planta com propriedades que podem ser usadas no desenvolvimento de medicamentos para tratamento de câncer e AIDS.

Dos registros feitos até o momento, 1.500 espécies são da flora, enquanto 90 são animais e 80 são microalgas. As plantas catalogadas representam cerca de 12% da flora do bioma Cerrado, o que demonstra a importância da reserva para a preservação da diversidade vegetal.

Um dos destaques é a descoberta da Erythroxylum niquelandense, uma nova espécie de planta com potenciais aplicações no tratamento de doenças como câncer e AIDS. Essa descoberta foi publicada em um artigo científico assinado pelo professor Marcos José da Silva, da Universidade Federal de Goiás, e pela pesquisadora Maria Iracema Bezerra Loiola, da Universidade Federal do Ceará.

Um dos projetos que contribuíram para a catalogação das espécies vegetais na reserva foi o “Biodiversidade, endemismo e conservação no Legado Verdes do Cerrado”, coordenado por Marcos José da Silva. Esse projeto catalogou 851 espécies vegetais, e as iniciativas internas de pesquisa, juntamente com os parceiros, complementaram os registros, totalizando as 1.500 espécies catalogadas até o momento. Essas pesquisas são realizadas no Centro de Biodiversidade do Legado, que também produz espécies nativas para reflorestamento e paisagismo, uma iniciativa pioneira no país.

Fauna

Além da diversidade da flora, a reserva também abriga mais de 80 espécies da fauna. Dentre os animais catalogados, destacam-se as onças-pintadas e pardas, que foram registradas por meio de câmeras de monitoramento de fauna, além de outros métodos de registro, como avistamento direto. As onças-pardas, em particular, foram registradas em diferentes pontos da reserva, o que permitiu observar várias atividades desses animais. Outras espécies de destaque incluem a jaguatirica, a anta e várias espécies de aves, como o logo-guará.

A parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) também resultou no registro de 25 espécies de anuros (sapos, rãs e pererecas), sendo sete exclusivas do Cerrado, e 40 espécies de peixes, incluindo duas registradas pela primeira vez no estado de Goiás. Recentemente, a reserva instalou 20 armadilhas fotográficas em diferentes pontos do território, visando ampliar o conhecimento e a catalogação de novas espécies.

O Legado Verdes do Cerrado é uma área de 32 mil hectares, sendo aproximadamente 80% composta por cerrado nativo. Dividida em dois núcleos, a reserva realiza pesquisas científicas, ações de educação ambiental e atividades econômicas sustentáveis, como a produção de plantas e o reflorestamento.

O objetivo é combinar o desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente. Com esses esforços, a reserva busca não apenas a conservação do Cerrado, mas também contribui para a ciência e mostra o potencial da biodiversidade desse bioma.

Sobre Niquelândia

Com 9.843,247 km² em área, Niquelândia é o maior município goiano em território. A cidade, que fica a 300 km de Goiânia, capital do estado, tem cerca de 46 mil habitantes, de acordo com dados do IBGE em 2022.

A cidade possui uma das maiores reservas de níquel do mundo. As minas são exploradas por duas grandes mineradoras: Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) e a Anglo American, do Grupo Anglo American. A economia do município é voltada para a mineração. Niquelândia se destaca não apenas por ser a maior cidade goiana em extensão, mas também por ser o maior produtor de níquel do estado e um dos maiores do mundo.

Além do níquel mais 120 minérios explorados na cidade. Entre eles podemos destacar o ouro, o cobre, o cobalto, a mica, o ferro, o manganês, o cristal, o amianto, o diamante, o quartzo, o calcário, o mármore, até o urânio e outros minerais radioativos.

A região também tem forte produção de pecuária com destaque para a produção do gado leiteiro e de corte, suinocultura, piscicultura, avicultura e apicultura. Além disso, a região também tem destaque para o turismo em torno do Lago Serra da Mesa.

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Novas espécies de cogumelos são descobertos no Parque Estadual Terra Ronca em Goiás

O parque Estadual Terra Ronca é um exemplo de como Goiás tem lugares impressionantes e de natureza intocável para conhecer. São milhares de quilômetros de mata virgem, muitas cavernas belíssimas, aventuras e riquezas da história do estado.

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Além da beleza, o local que conta com cavernas de tamanhos impressionantes, algumas com mais de 60 milhões de anos, serve para cientistas e pesquisadores estudarem e descobrirem novas espécies da fauna e da flora.

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(Foto: Faquini)

Foi com essa proposta que a equipe do Laboratório de Micologia Básica, Aplicada e Divulgação Científica (FungiLab) do Campus Central da Universidade Estadual de Goiás (UEG), em Anápolis, descobriu recentemente duas novas espécies de fungos no cerrado. A primeira é um cogumelo e a outra, um bolor. As descobertas são parte da pesquisa de doutorado dos estudantes do Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Cerrado (Renac|UEG) Lucas Leonardo da Silva e Antônio Sérgio Ferreira de Sá, orientados pela professora doutora Solange Xavier dos Santos.

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Batizado como Furtadomyces sumptuosus, o cogumelo foi encontrado em uma área de mata da Floresta Nacional de Silvânia, uma unidade de conservação na região Centro-Sul do estado de Goiás, que abriga diferentes fisionomias vegetacionais típicas do cerrado. Segundo os pesquisadores, o nome foi dado devido às características do cogumelo, que é robusto, suntuoso, bem diferente do que se conhece como um cogumelo tradicional.

Já o bolor foi encontrado em uma das cavernas do Parque Estadual Terra Ronca, localizado no município de São Domingos, no Nordeste do estado. O nome científico da espécie, Preussia bezerrensis, foi dado em homenagem à caverna onde ele foi encontrado, que é conhecida como Lapa do Bezerra. “A caverna é santuário natural, de rara beleza e muito difícil acesso e, por isso, a natureza lá se mantém quase intacta”, explica a professora Solange Xavier.

novos

A professora conta que o reconhecimento e a validação dessas espécies como novas para a ciência só foram possíveis depois de estudos bastante minuciosos que incluem a comparação com todas as outras espécies parecidas, para então constatar que de fato nunca ninguém as encontraram antes. “Para isso são levadas em consideração não apenas a aparência física, mas também outras características, incluindo a análise microscópica de suas estruturas e, também, o seu material genético, seu DNA. Isso permite ainda verificar o grau de parentesco com outras espécies de fungos já conhecidos”, salienta.

Os resultados dessas descobertas foram publicados em 2022 nas revistas científicas internacionais Mycological Progress, volume 21, e Persoonia – Molecular Phylogeny and Evolution of Fungi, volume 49.

A professora Solange Xavier explica que os próximos passos da pesquisa do FungiLab são focados na prospecção dessas novas espécies para investigação das substâncias que produzem e que possam ter aplicação em diversas áreas, inclusive moléculas desconhecidas. “Esses fungos agora estão sendo domesticados, ou seja, cultivados em meio de cultura no laboratório para que possam ser estudados quanto ao seu potencial biotecnológico”, ressalta.

Os pesquisadores

Após a conclusão do doutorado, Lucas Leonardo da Silva candidatou-se a uma bolsa de pós-doutorado no mesmo laboratório. Sua pesquisa é focada no estudo dos fungos conhecidos como orelhas-de-pau do cerrado, que quase sempre crescem sobre madeira, são grandes e facilmente visíveis.

Já Antônio Sérgio Ferreira de Sá está estudando os fungos que ocorrem em cavernas do cerrado. O pesquisador explica que entre esses fungos de ambientes cavernícolas, alguns oferecem risco para a saúde, como é o caso de algumas espécies que vivem associadas a fezes de morcegos, que podem causar séria infecção pulmonar se forem inaladas pelas pessoas que adentram essas cavernas. Esse foi, inclusive, um dos objetivos do estudo do Antônio Sérgio: verificar a ocorrência desses fungos nas cavernas do parque e, com isso, o risco de visitação turística nessas áreas.

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Fotos: Arquivo FungiLab| UEG