Bolsonaro diz que pode reeditar decreto que abriu caminho para privatizar o SUS
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que a norma não pretendia “privatizar o SUS (Sistema Único de Saúde)” e defendeu que a parceria com a iniciativa privada era uma forma de garantir melhor atendimento à população. A afirmação foi feita na quarta-feira depois que o presidente revogou o decreto que colocava UBS (unidades básicas de saúde) no escopo de interesse do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos),
“Lamentavelmente o pessoal da esquerda critica, a imprensa critica, então eu revoguei o decreto, sem problemas nenhum. Eu tenho um bom atendimento médico, né? Agora o povo tem que ter também. Como se pode conseguir? Agindo dessa maneira, não tem outra maneira”, disse Bolsonaro a um grupo de apoiadores, quando chegava no Palácio da Alvorada.
“Gostaríamos de oferecer [as UBS] à iniciativa privada; e qualquer atendimento ali pela iniciativa privada seria ressarcido pela União. O pessoal falou que era para privatizar, eu revoguei o decreto”, complementou, indicando que pode reeditar caso haja menos resistência no futuro, afirmou o presidente.
“Enquanto isso não acontecer vai ter mais de 4,000 unidades [de saúde] abandonadas, jogadas no lixo, sem atender uma pessoa sequer”.
Bolsonaro revogou o decreto na tarde de quarta após intensa oposição de parlamentares e entidades ligadas à área de saúde.
Publicado na terça-feira (27), o decreto colocava a atenção primária —porta de entrada do SUS— na mira do programa de concessões e privatizações do governo, e foi recebido com críticas de especialistas e entidades de saúde que disseram temer a privatização de um pilar do sistema.
Foto: Divulgação/Agência Brasil