Bolsonaro diz que pode reeditar decreto que abriu caminho para privatizar o SUS

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que a norma não pretendia “privatizar o SUS (Sistema Único de Saúde)” e defendeu que a parceria com a iniciativa privada era uma forma de garantir melhor atendimento à população. A afirmação foi feita na quarta-feira depois que o presidente revogou o decreto que colocava UBS (unidades básicas de saúde) no escopo de interesse do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos),

“Lamentavelmente o pessoal da esquerda critica, a imprensa critica, então eu revoguei o decreto, sem problemas nenhum. Eu tenho um bom atendimento médico, né? Agora o povo tem que ter também. Como se pode conseguir? Agindo dessa maneira, não tem outra maneira”, disse Bolsonaro a um grupo de apoiadores, quando chegava no Palácio da Alvorada.

“Gostaríamos de oferecer [as UBS] à iniciativa privada; e qualquer atendimento ali pela iniciativa privada seria ressarcido pela União. O pessoal falou que era para privatizar, eu revoguei o decreto”, complementou, indicando que pode reeditar caso haja menos resistência no futuro, afirmou o presidente.

“Enquanto isso não acontecer vai ter mais de 4,000 unidades [de saúde] abandonadas, jogadas no lixo, sem atender uma pessoa sequer”.

Bolsonaro revogou o decreto na tarde de quarta após intensa oposição de parlamentares e entidades ligadas à área de saúde.

Publicado na terça-feira (27), o decreto colocava a atenção primária —porta de entrada do SUS— na mira do programa de concessões e privatizações do governo, e foi recebido com críticas de especialistas e entidades de saúde que disseram temer a privatização de um pilar do sistema.

Foto: Divulgação/Agência Brasil

Decreto assinado por Bolsonaro inclui SUS em plano de privatizações do governo

O governo federal publicou no Diário Oficial da União nesta terça-feira (27) um decreto, assinado pelo presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, que autoriza a equipe econômica a preparar um modelo de privatizações para unidades básicas do Sistema Único de Saúde (SUS).

O decreto coloca as unidades básicas de saúde, na mira do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Presidência da República, um programa de concessões e privatizações do governo. Na prática, o decreto que abre caminho para a privatização do SUS prevê estudos “de parcerias com a iniciativa privada para a construção, a modernização e a operação de unidades básicas de saúde”.

Atualmente, o Brasil tem 44 mil unidades básicas de saúde. Segundo o portal IG, não há uma estimativa de quantas nem quais podem ser incluídas no plano de concessões. Após a publicação do decreto, o Conselho Nacional de Saúde criticou a decisão do governo e, por meio de nota. O Conselho chamou a medida de arbitrária e disse que ela tem como objetivo privatizar as unidades básicas de saúde brasileiras e, diretamente, enfraquecer o SUS.

“Nós, do Conselho Nacional de Saúde, não aceitaremos a arbitrariedade do presidente da República, que no dia 26 editou um decreto publicado no dia 27, com a intenção de privatizar as unidades básicas de saúde em todo o Brasil. Nossa Câmara Técnica de Atenção Básica vai fazer uma avaliação mais aprofundada e tomar as medidas cabíveis em um momento em que precisamos fortalecer o SUS, que tem salvado vidas. Estamos nos posicionando perante toda a sociedade brasileira como sempre nos posicionamos contra qualquer tipo de privatização, de retirada de direitos e de fragilização do SUS. Continuaremos defendendo a vida, defendendo o SUS, defendendo a democracia”, diz a nota assinada pelo presidente do CNS, Fernando Pigatto.

 

Foto: Divulgação/Ministério da Saúde

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