Anvisa autoriza Goiás a importar vacina Sputnik V contra o Covid-19

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autorizou nesta última terça-feira, 15, o estado de Goiás a importar a vacina contra o Covid-19, Sputnik V. O governador Ronaldo Caiado, anunciou a novidade nas redes sociais e comemorou: “Ótima notícia: a Anvisa deu aval para Goiás importar excepcionalmente a vacina Sputnik V. Vamos adquirir 142 mil doses para 71 mil goianos (1% da população)”, disse.

 

No entanto, a Anvisa estabeleceu algumas regras a todos os estados que irão adquirir a vacina russa, como, a importação deve ocorrer de forma controlada, ou seja, o número de doses adquiridas deve ser o equivalente a 1% da população do estado. Além disso, ficou definido que a vacina será usada apenas em indivíduos adultos saudáveis e que todos os lotes dos imunizantes importados só poderão ser destinados ao uso, após a liberação pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).

 

Confira abaixo a declaração do governador no twitter: 

 

Foto: Divulgação/ Reuters

Anvisa não vai importar vacina contra Covid-19 russa Sputnik V

Os cinco diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) rejeitaram, por unanimidade, a importação e o uso da vacina russa Sputnik V pelo Brasil. A decisão foi tomada na noite desta segunda-feira, 26. 

Os diretores do órgão se reuniram, de forma extraordinária, para avaliar os pedidos de nove estados para a aquisição do imunizante produzido pelo Instituto Gamaleya, da Rússia. 

O diretor da Anvisa, Alex Machado Campos, que é o relator do pedido, considerou que a vacina pode trazer riscos à saúde. Além disso, foram apontadas falhas e pendências na documentação apresentada pelo fabricante. Ele se baseou em pareceres técnicos de três gerências da Anvisa, que fizeram uma apresentação no início da reunião. 

 

“Para os pleitos ora em deliberação, o relatório técnico da avaliação da autoridade sanitária ainda não foi apresentado, os aspectos lacunosos não foram supridos, conforme as apresentações técnicas. Portanto, diante de todo o exposto, verifica-se que os pleitos em análise não atendem, neste momento, às disposições da Lei 14.124 e da Resolução da Diretoria Colegiada 476, de 2021, razão pela qual eu voto pela não autorização dos pedidos de importação e distribuição da vacina Sputnik V solicitados pelos estados que já relacionamos”, afirmou o diretor-relator. O voto do relator foi seguido pelos outros relatores da agência.

 

A deliberação foi marcada dentro do prazo estipulado pela Lei n º 14.124/21, e de acordo com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, que determinou a análise da questão dentro do prazo de 30 dias. Caso não houvesse essa análise por parte da Anvisa, a vacina poderia ser importada. 

 

Os estados que tiveram seus pedidos avaliados pela Anvisa foram: Bahia, Acre, Rio Grande do Norte, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Ceará, Sergipe e Pernambuco. Além desses, também estão com pedidos pendentes de avaliação, ainda dentro do prazo, os estados de Rondônia, Sergipe, Tocantins, Amapá e Pará, e os municípios de Niterói (RJ) e Maricá (RJ). Ao todo, esses pedidos somam 66 milhões de doses, que poderiam vacinar cerca de 33 milhões de pessoas, por meio de duas doses.      

 

Antes da votação dos diretores, gerentes de três departamentos da Anvisa apresentaram seus pareceres técnicos contra a compra da Sputnik V. Os relatórios foram incorporados ao voto do diretor-relator, Alex Machado Campos.

 

Vírus replicante  

Em sua apresentação, o gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, argumentou que os lotes analisados mostram a presença de adenovírus com capacidade de reprodução no composto da vacina, o que traz riscos à saúde. A tecnologia utilizada na fabricação da Sputnik V é a do adenovírus vetor. Por meio dessa técnica, o código genético do Sars-Cov-2, que é o vírus da covid-19, é inserido no adenovírus e este, ao ser administrado em seres humanos por meio da vacina, estimula as células do organismo a produzir uma resposta imune. 

 

O adenovírus é um vírus que possui uma capacidade natural de replicação no corpo humano, mas quando utilizado como imunizante, essa capacidade de reprodução deve estar neutralizada, o que não teria ocorrido no caso dos lotes da Sputnik avaliados pela Anvisa.    

 

“Um dos pontos críticos, cruciais, foi a presença de adenovírus replicante na vacina. Isso significa que o vírus, que deve ser utilizado apenas para carregar o material genético do coronavírus para as células humanas e promover a resposta imune, ele mesmo se replica. Isso é uma não conformidade grave”, disse Mendes. “Esse adenovírus replicante foi detectado em todos os lotes apresentados da vacina Sputnik”, 

 

Esse procedimento, explicou o gerente-geral, está em desacordo com o desenvolvimento de qualquer vacina de vetor viral, de acordo com os parâmetros de autoridades regulatórias dos Estados Unidos e da União Europeia. Ele alertou que, uma vez no organismo humano, o adenovírus replicante poderia causar viroses e se acumular em tecidos específicos do corpo, como nos rins. 

 

Documentação 

Em outra avaliação, dessa vez sobre as empresas que fabricam a vacina, a Gerência Geral de Inspeção e Fiscalização da Anvisa informou que não foi apresentado o relatório técnico de aprovação do imunizante russo para verificar o controle de qualidade na fabricação. 

 

Por causa disso, a Anvisa analisou documentos próprios e de outras autoridades regulatórias internacionais e solicitou a realização de uma inspeção presencial em duas das empresas que fabricam a vacina na Rússia, a Generium e a UfaVITA. A inspeção no Instituto Gamaleya, que é o desenvolvedor da vacina, foi negada pelo governo russo. Essa inspeção foi realizada ao longo da semana passada por três técnicos enviados pela agência. Na visita, de acordo com a gerente de inspeção, Ana Carolina Merino, foram constadas não conformidades na fabricação da vacina, que impactam, entre outras, na garantia de esterilidade do produto. 

 

“Neste momento, o risco inerente à fabricação não é possível de ser superado, tanto para o insumo fabricado pela Generium quanto pelos produtos acabados fabricados pela Generium e pela UfaVITA, então a nossa gerência não recomenda a importação da vacina”, afirmou. 

 

Em outro parecer, a gerente-geral de Monitoramento de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária da Anvisa, Suzie Marie Gomes, afirmou haver falta de informações conclusivas sobre eventos adversos de curto, médio e longo prazos decorrentes do uso da vacina, o que prejudica a avaliação do produto. “Eu chamo a atenção também para que a ausência de dados também é informação. A ausência de comprovação é considerada uma evidência, e uma evidência forte, sobretudo quando temos uma estimativa de população exposta ao risco que beira os 15 milhões de cidadãos”, afirmou.

 

Com Agência Brasil 

Foto: Reuters 

Governo Trump pressionou Brasil a rejeitar doses da vacina Sputnik V

Foi divulgado pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos do governo dos Estados Unidos um relatório no qual revela que o Brasil sofreu uma pressão do governo Trump para que não fosse efetuado a compra da vacina Sputnik V, produzida pela Rússia.

O documento aponta que os Estados Unidos aproveitaram as relações diplomáticas com países da América para dificultar as negociações de compra da vacina com a Rússia.

A informação se espalhou na internet hoje, quando a conta oficial da Sputnik, compartilhou a informação e o documento que comprova a informação:

“O Departamento de Saúde dos EUA confirmou publicamente que pressionou o Brasil contra a vacina Sputinik V. Nós acreditamos que os países devam trabalhar juntos para salvar vidas. Esforços para sabotar as vacinas são antiéticos e custam vidas.”

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O Ministério da Saúde assinou nesta sexta-feira (12) um contrato para adquirir 10 milhões de doses da vacina Sputnik V.

Foto capa: Reprodução Estadão


Sputnik V: estudo aponta eficácia de 91,6% da vacina russa contra a Covid-19

A vacina Stupnik V, desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Gamaleya, na Rússia, apresentou 91,6% de eficácia contra a Covid-19, segundo estudos preliminares publicados na revista científica “The Lancet” nesta terça-feira (2). Em casos moderados e graves da doença, o imunizante apresentou 100% de eficiência. 

Os resultados são baseados em uma análise de dados com 19.866 participantes, maiores de 18 anos, onde parte do grupo recebeu a vacina e outra parte o placebo. Além disso, o imunizante também apresentou resultados positivos quanto aos idosos: em uma subanálise com adultos de mais de 60 anos, a eficácia ficou na taxa de 91,8%. 

Vacina Sputnik V | Reprodução: Poder360

Entendendo a taxa 

A eficácia representa a capacidade da vacina em impedir uma infecção com sintomas da Covid-19, ou seja, a pessoa vacinada tem 91,6% menos chances de se contaminar quando comparada àqueles que não se vacinaram. Aplicada em duas doses, com o intervalo de 21 dias entre elas, a Sputnik V também não apresentou nenhum efeito colateral associado à aplicação, apenas eventos adversos leves. 

A vacina é a quarta a ter resultados publicados em uma revista, o que significa que os dados foram revisados e validados por outros cientistas, dando valor científico a seu uso. Ainda em andamento, o estudo pretende envolver 40 mil participantes para publicar informações mais conclusivas. 

Assim como todos os desenvolvedores de vacinas da Covid-19 até agora, os pesquisadores envolvidos no estudo mediram somente os casos sintomáticos para calcular a eficácia da vacina. Nesse sentido, são necessários estudos para determinar a eficácia da vacina em impedir a transmissão da doença. 

Recebimento de caixas com vacinas Sputnik V, em Buenos Aires (Argentina) | Reprodução: Agustin Marcarian/Reuters 

Importação para o Brasil

A Sputnik V ainda não está sendo testada em território nacional, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está analisando um pedido para que ensaios da fase 3 sejam realizados no Brasil. Essa aprovação é fundamental, pois a agência determinou que somente vacinas testadas em solo brasileiro podem receber autorização de uso emergencial. 

Na última semana, a Anvisa se reuniu com a farmacêutica União Química para discutir a respeito da vacina no país. A empresa apresentou um acordo de transferência de tecnologia da Sputnik V e poderá fabricá-la no Brasil.

A farmacêutica afirmou que a Rússia está pronta para entregar 10 milhões de doses no primeiro semestre assim que o uso emergencial for aprovado. Na segunda-feira (01), a União Química enviou uma manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) em que diz ter a capacidade de entregar 150 milhões de doses da Sputnik V até o final de 2021.

Sede da União Química | Reprodução: ICTQ

Análise e compra

O presidente Jair Bolsonaro disse, na última semana, que comprará a vacina desenvolvida pela Rússia quando houve aprovação da Anvisa. No entanto, a agência afirmou que os dados publicados a respeito deste imunizante são diferentes daqueles submetidos pela União Química. 

Para que o pedido seja analisado, é necessário que a farmacêutica dê acesso aos dados completos gerados nos estudos clínicos da vacina. Em comunicado, a Anvisa ressaltou que há dados pendentes, e é necessário o fornecimento de relatórios de estudos clínicos da vacina que incluam dados sobre a fase 3, demonstrando ao menos 50% da eficácia. 

No Brasil, a campanha de imunização está ocorrendo atualmente com a vacina CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan e a vacina da Oxford.