Conheça os brasilienses que vão cruzar as Américas sob quatro rodas

Cadeirantes são exemplo de que deficiência não é limitação. Jornada de 50 mil km começa no último dia de festival

Redação Curta Mais
Por Redação Curta Mais
As portas do Capital Moto Week, maior festival de rock e motos da América Latina, estão abertas aos mais diversos públicos. As avenidas da Cidade da Moto foram adaptadas para pessoas com deficiência e, quando o assunto é inclusão, o festival não deixa por menos. Entre os 320 mil m² do complexo, está um casal prestes a fazer história: os brasilienses ‎Sthéfanie e John serão os primeiros cadeirantes a cruzarem as Américas de carro. A jornada começará em 28 de julho, dia seguinte ao encerramento do CMW 2024, e envolve todo o litoral brasileiro até chegar ao Ushuaia, na Argentina. De lá, o casal seguirá para o Alaska, nos EUA.
A expectativa é passar de cinco a 10 anos na estrada. A ideia veio da necessidade de explorar outras cidades e ´sair da bolha´. O casal pretende contribuir com projetos de acessibilidade por cada canto em que passarem. “Assim como no Capital Moto Week, todos os lugares deveriam ter acessibilidade. Estamos aqui para mostrar que seja qual for a necessidade, a pessoa com deficiência pode desbravar o mundo. Seja a pé, sob duas, três ou quatro rodas”, declara John Ferraz.
Para encarar a aventura, o casal conta que vendeu a casa e todos os móveis para comprar e adaptar um veículo (SW4) para acomodá-los durante a viagem. Da geladeira ao vaso sanitário, os cadeirantes pensaram em todos os detalhes para executar o plano de rodar 50 mil quilômetros somente na ida do percurso. “A expectativa está bem alta. Seremos o primeiro casal de cadeirantes a viajar de carro pelo mundo. É adrenalina misturada com emoção”, revela Sthéfanie Louise.
Eles, que frequentam o Capital Moto Week há oito anos, já estão com as malas na SW4 e devidamente instalados na área de motorhome do festival. “A organização está de parabéns. Frequentamos o festival desde 2017 e, a cada edição, percebemos mais atenção e cuidado com os PCDs”, acrescenta o casal. Assim como Sthéfanie e Jon, outras 20 mil pessoas estão hospedadas na Cidade da Moto. Toda a jornada dos  brasilienses poderá ser acompanhada pelo perfil @rodinhapelomundo.
Além das barreiras físicas
O Capital Moto Week também abre espaço para a neurodiversidade. De passagem pelo festival, Amanda Hadami, de 37 anos, descobriu o transtorno do espectro autista (TEA) aos 19. Casada, e mãe de dois filhos, Wilian Darvin (10) e Hernando Gmail (6), tem o mesmo diagnóstico. “Sempre venho ao Capital Moto Week e, aqui, diferente de outros festivais, não me deparo com filas enormes e profissionais sem capacitação. Por aqui, encontrei fila exclusiva para PCD, trabalhadores carinhosos e com uma atenção que jamais vi”, afirmou Amanda.
Amanda comenta as dificuldades do diagnóstico. Segundo ela, o maior desafio é ser um transtorno invisível para outras pessoas. “É fundamental que festivais como o CMW tenham profissionais capacitados para lidar com neurodivergências e divulguem isso”, finalizou Amanda. No Capital Moto Week, todas as pessoas com deficiência têm direito à entrada e estacionamento gratuitos. Para ter acesso ao credenciamento, o público PCD precisa apresentar documento comprobatório de identificação da deficiência ou laudo médico.
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