Máscaras caem em Bridgerton: Amores e segredos na dança das sombras da alta sociedade

Nova temporada de "Bridgerton" na Netflix retrata a resistência de Penelope Featherington às rígidas normas sociais da era regencial.

Fernanda Cappellesso
Por Fernanda Cappellesso
Nicola Coughlan interpreta Penelope Featherington em "Bridgerton", destacando a luta feminina contra as pressões sociais da era regencial.
Nicola Coughlan interpreta Penelope Featherington em "Bridgerton", destacando a luta feminina contra as pressões sociais da era regencial.

Na terceira temporada de “Bridgerton”, a série aprofunda as complexidades enfrentadas por Penelope Featherington, destacando a pressão extrema de conformidade aos padrões estéticos e às expectativas sociais de casamento na Londres regencial. A narrativa de Penelope é uma exploração dos desafios sociais que as mulheres enfrentavam, onde o casamento era frequentemente visto não apenas como um pacto amoroso, mas como uma necessidade econômica vital para a sobrevivência e o status social das mulheres.

O período regencial, com suas rígidas normas sociais, oferecia poucas saídas para mulheres que não se encaixavam no ideal de “esposa perfeita”. As mulheres eram frequentemente julgadas e valorizadas principalmente por suas capacidades de casar bem e gerir um lar, com expectativas que giravam em torno da piedade, pureza e submissão. A série ilustra como Penelope, apesar de seu intelecto e vivacidade, luta contra a marginalização social e familiar devido à sua aparência e personalidade não convencionais.

Além de iluminar as restrições impostas às mulheres, “Bridgerton” também explora a resistência de Penelope a essas normas. Ao retratar sua jornada por aceitação e amor-próprio, a série reflete sobre como as pressões para se adequar a padrões estéticos e comportamentais não são apenas históricas, mas continuam ressoando nas lutas femininas modernas. Essa temporada, assim, não só serve como entretenimento, mas também como uma crítica social que incita reflexões sobre as expectativas de gênero e classe.

Essa abordagem de “Bridgerton” amplia significativamente a experiência do espectador ao oferecer um contexto histórico robusto que dialoga com questões contemporâneas de igualdade e representação feminina, destacando a relevância contínua de suas temáticas em nossa sociedade atual.

Uma crítica da terceira temporada de “Bridgerton”

Na recente temporada de “Bridgerton”, lançada após dois anos de espera e precedida pelo sucesso da minissérie derivada “Rainha Charlotte”, a série retoma suas tramas com foco renovado nos romances históricos complexos e personagens profundamente construídos. Essa temporada inicia-se diferenciando-se da anterior, movendo rapidamente Anthony (Jonathan Bailey) e Kate (Simone Ashley) para o fundo do cenário e trazendo Colin (Luke Newton) e Penelope (Nicola Coughlan) para o centro da narrativa, destacando-os como o casal favorito dos fãs e dos leitores da série literária de Julia Quinn.

Enquanto os núcleos familiares de Bridgerton e Featherington continuam explorando dinâmicas já estabelecidas, um arco surpreendente emerge com Will Mondrich (Martins Imhangbe) e sua família. A revelação de uma herança transforma Will em um barão, elevando o status de sua família à nobreza e introduzindo novos conflitos e adaptações à alta sociedade londrina.

Além disso, a trama das irmãs Featherington, Prudence (Bessie Carter) e Phillipa (Harriet Cains), agora casadas, é renovada com desafios em torno da produção de um herdeiro, destacando-se com uma abordagem cômica que se encaixa melhor nas personagens em sua nova fase de vida.

Francesca Bridgerton (Hannah Dodd) ganha destaque como debutante, enquanto Eloise (Claudia Jessie) continua seu desenvolvimento, explorando a visão de Francesca sobre o casamento não como um ideal romântico, mas como uma rota para independência pessoal. Este enfoque não apenas enriquece o perfil de Francesca mas também serve de contraponto à narrativa principal de Penelope.

Penelope, já amada pelo público, enfrenta o desafio de manter sua simpatia enquanto assume um papel de protagonista. Nicola Coughlan brilha nesse ajuste, trazendo profundidade à personagem com sua atuação versátil que transita entre o drama e a comédia, enquanto lida com diversas situações. A equipe de cabelo e maquiagem é elogiada pelo “glow up” de Penelope, refletindo sua nova fase.

No entanto, Colin, agora mais um coadjuvante na própria história de amor, enfrenta críticas pela falta de desenvolvimento na transição de sua personagem, que tenta, sem sucesso, adaptar-se ao novo papel que o roteiro lhe impõe. Este aspecto destaca uma desconexão entre a evolução do personagem e a execução pelo ator, Luke Newton, que não parece confortável com as novas exigências de seu papel.

Os primeiros episódios da temporada capturam essência de “Bridgerton” com seus elementos de drama familiar, fofoca e romance, entrelaçados com tramas bem desenvolvidas e personagens que capturam a imaginação do público. Resta esperar que a segunda metade da temporada permita um melhor desenvolvimento de Colin, ou que a série aceite seu papel como um conjunto de subtramas interconectadas, onde Penelope pode verdadeiramente brilhar.

 

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